Irã x Israel: a guerra que ninguém quer

Apesar das rivalidades entre as grandes potências, essa é uma questão que une Rússia e China no mesmo lado dos Estados Unidos

Apesar do longo histórico de tensões e discursos acirrados entre israelenses e iranianos, um conflito direto entre os dois países não interessa a nenhuma grande potência. Mesmo após os ataques iranianos, o apelo internacional é de contenção, para que se evite uma escalada de hostilidades, em um dos poucos temas que Rússia e China parecem concordar com os Estados Unidos.

Ignorando os discursos de ódio proferidos pela extrema direita de Israel e pelas figuras religiosas do Irã, uma guerra regional, que poderia arrastar para guerra outras nações, não é de interesse das potências mundiais. Interesses econômicos, bélicos e eleitorais que seriam atingidos, botam as potências envolvidas do lado do apaziguamento dos ânimos. O objetivo é evitar uma escalada e botar ao fim no conflito em andamento em Gaza. 

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Cada potência tem motivos próprios para o desinteresse em um conflito de grande escala no Oriente Médio. Os Estados Unidos afirmam estarem completamente comprometidos com a defesa de Israel, mas desencorajam qualquer resposta israelense ao país dos aiatolás. Além de problemas econômicos que uma possível escalada do conflito poderia ocasionar na América pela instabilidade dos preços internacionais do petróleo, soma-se a esse contexto o ano eleitoral, e a disputa que o presidente americano Joe Biden deve enfrentar em novembro para permanecer na Casa Branca.

Potências europeias também têm motivações econômicas para rechaçar qualquer apoio a um novo conflito no Oriente Médio. Onde, assim como os Estados Unidos, também poderiam ser arrastados para guerra, enquanto precisam socorrer a Ucrânia a resistir ao avanço russo.

Já a China, que enfrenta problemas econômicos e uma desaceleração constante do crescimento, compra 90% das exportações iranianas de petróleo, e também não está disposta a arriscar ver os Estados Unidos se envolverem novamente em uma região onde a influência chinesa é crescente. Uma guerra na região poderia aproximar Israel e Arábia Saudita, que têm o Irã como inimigo comum.

A Rússia por sua vez depende de Teerã para manter ataques com drones e mísseis na guerra que mantém contra a Ucrânia. Uma conflito que envolvesse o Irã, poderia drenar esses recursos de uma guerra já custosa para Moscou. Outras potências emergentes também atuam nos bastidores para evitar a deflagração do conflito. O ministério das relações exteriores da Índia pediu o apaziguamento imediato da tensão, enquanto o Brasil também disse observar a situação com grande preocupação, pedindo contenção máxima a ambas as partes.

Talvez não por convicção, mas por interesses, essa deve continuar sendo uma guerra que ninguém quer.

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