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Após tragédia na CAN, Camarões investiga para evitar novo incidente

13:38 | Jan. 25, 2022
Autor AFP
Tipo Notícia

Um dia após a avalanche humana que causou oito mortes na entrada do grande estádio de Yaoundé, antes de um jogo da seleção local na Copa Africana de Nações (CAN), Camarões e a Confederação Africana de Futebol (CAF) estão investigando o que aconteceu e eles querem evitar um novo drama no restante da competição.

No momento, o jogo das quartas de final marcado para domingo naquele estádio de Olembé, onde ocorreu a tragédia, foi transferido nesta terça-feira para o segundo estádio de Yaoundé, o Ahmadou Ahidjo.

"É preciso criar uma comissão para investigar imediatamente o que aconteceu e descobrir o que deveria ter sido feito e o que não foi feito, e quem não fez, quem não cumpriu com suas obrigações. Queremos o relatório até sexta-feira", disse em entrevista coletiva, o presidente da CAF, Patrice Motsepe.

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Segunda-feira deveria ter sido feriado em Camarões. A seleção local enfrentava Comores no estádio Olembé, pelas oitavas de final, mas uma avalanche em um dos portões de entrada levou dezenas de torcedores ao chão, antes que outros os pisoteassem ao passar por cima deles, segundo depoimentos colhidos pela AFP e que falaram de como as forças de segurança e os funcionários de saúde foram "superados pelos acontecimentos".

André Omgbwa Eballe, diretor do hospital distrital de Olembé, havia assistido ao jogo e aguardava no portão sul. Quando soube do ocorrido, dirigiu-se rapidamente ao seu hospital para poder receber as dezenas de feridos.

"Foi um fluxo incrível, nunca havia visto tanta gente na frente daquele estádio", disse o médico ao microfone da AFPTV.

"Quando a polícia abriu as cercas, alguns caíram em cima de outros e outros os atropelaram", disse.

"Vi a coragem dos camaroneses, foi realmente inspirador, vi pessoas reanimando outras, fazendo boca a boca. Se não fosse isso teríamos mais mortes", afirmou o médico.

Como na maioria dos jogos da seleção anfitriã da Copa Africana, milhares de torcedores se reuniram em frente ao complexo do Olembé, alguns com ingressos e outros não, mas esperando entrar, disseram o professor Eballe e outras testemunhas.

O estádio para 60.000 espectadores e construído para esta CAN está limitado a uma capacidade máxima de 60% devido à pandemia, que subiu para 80% quando Camarões joga. Para entrar, os torcedores devem apresentar certificado de vacinação e teste negativo para covid-19.

O sistema de segurança é composto por três filtros de controle: um para passaportes sanitários, outros para revistas e um terceiro, com portões de 2,50 metros de altura, para verificação das entradas.

"Os agentes nos pedíam para fazer fila, mas houve pessoas indisciplinadas que pediram para empurrar", disse o jovem André Djoko à AFP em frente ao hospital de Olembé.

A tragédia causou oito mortes, incluindo uma criança e duas mulheres, e 38 feridos, sete deles graves, segundo o ministro da Comunicação, René Emmanuel Sadi.

O presidente camaronês, Paul Biya, encomendou uma investigação sobre o que aconteceu para "lançar luz sobre este trágico incidente", acrescentou o ministro. Seu governo pediu aos camaroneses "mais uma vez" que ajam com "responsabilidade, disciplina e civilidade para o sucesso total desta grande festa esportiva".

A CAF organizou uma reunião de crise com o Comitê de Organização local (CoCan) nesta terça-feira.

"Junto com a CAF e o governo, vamos encontrar as medidas ideais para melhorar as coisas e garantir que tudo corra bem, mas a perfeição não pode ser garantida. Nenhum país pode", disse à AFP o porta-voz da CoCan Abel Mbengue, se referindo a "dramas semelhantes na Europa, na França, na Espanha, na Inglaterra...".

O drama gerou uma grande comoção no mundo do futebol. "É simplesmente terrível. Estou muito chocado que se possa morrer participando de uma festa", disse à AFP o ex-goleiro de Camarões Joseph-Antoine Bell.

Patrice Beaumelle, técnico da Costa do Marfim, manifestou solidariedade às vítimas.

"Minhas condolências às famílias e meu desejo de uma rápida recuperação a todos os feridos. Não tenho muito mais a dizer, continuamos focados na competição, mas como seres humanos isso não nos deixa insensíveis", disse ele em um coletiva de imprensa.

Camarões sedia a Copa Africana das Nações, a principal competição do futebol africano, de 9 de janeiro a 6 de fevereiro, em cinco cidades diferentes.

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