Grécia inaugura primeiro acampamento 'fechado' para migrantes

As entradas do campo são protegidas com arame farpado, câmeras de vigilância, scanners de raio-X, além de portões magnéticos na entrada.

O governo grego inaugurou neste sábado, na ilha de Samos, perto da costa da Turquia, o primeiro acampamento de migrantes "fechado e com acesso controlado", modalidade que preocupa as associações de defesa dos direitos humanos.

"De Samos, enviamos uma mensagem a todas as ilhas: as imagens (dos acampamentos precários) de Moria (em Lesbos) ou de Vathy já pertencem ao passado", declarou o ministro grego das Migrações, Notis Mitarachi, neste sábado durante a cerimônia de inauguração das novas instalações, ainda vazias.

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Em um terreno de mais de 12.000 m², fechado por uma dupla cerca de arame farpado, mais de 300 requerentes de asilo serão transferidos para este centro a partir de segunda-feira, vindos dos arredores de Vathy, onde estiveram amontoados até agora. As entradas do campo são protegidas com arame farpado, câmeras de vigilância, scanners de raio-X, além de portões magnéticos na entrada.

Distribuídos por diversos "bairros", os migrantes terão acesso a áreas de esportes, jogos, e a um espaço compartilhado com fogões. Os dormitórios incluem cinco camas e um armário, com banheiro compartilhado.

"O novo centro de acesso fechado e controlado irá devolver a dignidade àqueles que buscam proteção internacional, e também as condições necessárias de proteção e detenção para os migrantes ilegais que devem ser repatriados", acrescentou o ministro.

A nova instalação, criticada por muitas ONGs, custou 43 milhões de euros, de acordo com o Ministério de Migrações. "A palavra 'fechado' é ouvida com frequência", comentou Mireille Girard, representante na Grécia do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (Acnur). "Isso preocupa os refugiados. Conversamos sobre isso com autoridades, e elas nos disseram que serão acampamentos abertos, o que é muito importante", disse à AFP após a inauguração.

Para Mireille, "Vathy era o pior acampamento de todo o país, e é bom encerrar esse capítulo. É importante que as pessoas na nova estrutura possam se movimentar livremente dentro e fora da mesma, para restabelecer um senso de normalidade em sua chegada."

No acampamento, um centro de detenção foi criado para todos os migrantes que tiveram o direito de asilo negado e precisam ser encaminhados para a Turquia.

A União Europeia (UE) disse que investirá 276 milhões de euros (326 milhões de dólares) para a construção desses polêmicos campos nas cinco ilhas gregas do Mar Egeu: Leros, Lesbos, Cos, Samos e Chios. A maioria dos refugiados e migrantes vem da Turquia.

O centro de Samos servirá como um projeto "piloto" para futuros centros a serem construídos em outras ilhas, como Leros, onde um acampamento está programado para abrir em cinco meses.

Em Lesbos, onde o campo de Moria, o maior para migrantes da Europa, foi destruído por um incêndio no ano passado, também construirá um centro desse tipo, mas as obras ainda não começaram.

Diversas ONGs expressaram preocupação com o fato de que as novas estruturas serão construídas em locais isolados, restringirão os movimentos de seus residentes.

Uma dúzia deles, incluindo a Anistia Internacional, criticou a Grécia por continuar "suas políticas prejudiciais baseadas na prevenção (deslocamento) e na contenção de refugiados e requerentes de asilo".

Cerca de 45 ONGs e associações exigiram que a UE e o Executivo grego abandonassem seu objetivo de restringir os movimentos dos residentes do centro.

De acordo com um relatório das ONGs, esses centros "impedirão a identificação e proteção eficazes de pessoas vulneráveis, bem como limitarão o acesso a serviços e assistência aos solicitantes de asilo".

A Grécia foi a principal porta de entrada para os migrantes durante a crise dos refugiados de 2015. Após a vitória do Talibã no Afeganistão, as autoridades europeias temem uma nova onda de migrantes.


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