Protestos em Cuba: entenda as manifestações no país caribenho

Protestos acontecem diariamente em diversas cidades de Cuba desde o domingo, 11; entenda o que reivindicam as manifestações e motivos da mobilização no país do Caribe

Várias cidades de Cuba têm tido protestos desde o último domingo, 11 de julho. Na internet, imagens dos atos mostram cenas como carros sendo virados, a polícia agindo contra manifestantes e gritos de palavras de ordem.

Sob governo do Partido Comunista desde 1959, Cuba é um local que polariza opiniões: enquanto à direita do espectro político considera-se o regime socialista como principal culpado pelos problemas da ilha, vozes de esquerda pontuam o embargo econômico imposto ao país pelos Estados Unidos como causa das dificuldades.

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Nos últimos anos, Cuba tem visto uma série de aberturas no regime, como a ampliação do acesso à internet e permissão para o funcionamento de pequenas empresas. As medidas, porém, não foram o suficiente para impedir o descontentamento de parte da população do país, em protestos que até o momento têm ao menos uma pessoa morta e diversos feridos, além de prisões.

O POVO listou algumas dúvidas sobre as manifestações em Cuba. Confira abaixo.

Protestos em Cuba: por que estão acontecendo as manifestações?

Com a pandemia de Covid-19, a situação econômica em Cuba se agravou. Com forte dependência do turismo internacional, o país sofreu seguidos revezes devido às restrições internacionais de viagens.

Parte da população tem mostrado também descontentamento com o governo do presidente Miguel Díaz-Canel. Sucessor dos irmãos Raul (2008-2018) e Fidel (1976-2008) Castro, Díaz-Canel é visto como um mau gestor por uma parcela do povo cubano, entendimento que piorou na crise gerada pela pandemia.

Em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) de Cuba teve redução de 11%. Para aplacar a crise, o governo definiu uma série de reformas econômicas, como o relaxamento no controle de moedas estrangeiras e o fim dos subsídios estatais nas empresas controladas pelo governo.

As medidas ampliaram a situação de escassez na ilha, com dificuldades de acesso a alimentos e remédios para parte da população. Junto ao embargo dos EUA, que limita a oferta de produtos no país, os cubanos se viram em dificuldade para acessar itens básicos, mesmo com os aumentos, determinados pelo governo, de até 500% em salários e pensões - cerca de 85% dos cidadãos de Cuba são funcionários públicos.

Protestos em Cuba: as manifestações são contra o comunismo?

Não necessariamente. Embora haja inúmeros dissidentes do regime cubano e críticos à direita, há em Cuba também vertentes de oposição à esquerda ao Partido Comunista.

Em vídeos dos protestos disponíveis em redes sociais, uma palavra de ordem comum entre os manifestantes é "liberdade". Apesar do apoio registrado, pela internet, por grupos de direita, há registro de participantes anarquistas e comunistas nos atos.

No domingo, 11, quatro estudantes foram detidos em uma manifestação. Todos pertencem a organizações de esquerda que fazem oposição ao Partido Comunista.

O próprio presidente Miguel Díz-Canel reconheceu parte das demandas dos protestos como legítimas. Ele alertou, no entanto, para "infiltrados a mando dos Estados Unidos" nos atos. Após convocação do presidente, defensores do governo também realizaram manifestações.

Protestos em Cuba: houve mortes nas manifestações? E prisões?

Até o momento, a única contagem oficial de mortos nos protestos em Cuba é da Agência Cubana de Notícias, ligada ao governo. A agência confirmou uma morte em Guinera, bairro da periferia de Havana.

Segundo a ONG Human Rights Watch, que acompanha violações de direitos humanos no mundo inteiro, houve cerca de 150 prisões em Cuba desde o começo dos protestos. O governo, porém, não divulgou o número de pessoas presas.

Protestos em Cuba: houve corte da internet no país?

A principal forma de acesso à internet em Cuba são planos de telefonia móvel da Cubacel, serviço de celular da operadora estatal Etecsa. Relatos em redes sociais dizem que os sinais de celular estão sendo cortados em diversas regiões do país. Na versão oficial do governo, as falhas de acesso se devem a quedas de energia na ilha.

Porém, de acordo com a organização Netblocks, que monitora restrições de internet em diversos países, houve bloqueio intencional da conexão em Cuba. Segundo relatório publicado na segunda-feira, 12, várias plataformas específicas, como Instagram, Facebook, WhatsApp e Telegram tiveram o acesso diminuído quase totalmente. Algumas, como Twitter e Youtube, tiveram redução de acesso em menor grau.

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