Com diversidade histórica, Biden tem metade do gabinete de não-brancos

Joe Biden tomou posse como presidente dos Estados Unidos nesta quarta, 20. Metade dos indicados para cargos de gabinete ou em nível de gabinete são pessoas não brancas

O gabinete de Joe Biden contará com uma diversidade histórica, não vista desde a posse de Barack Obama, que compôs seu gabinete com 48% de pessoas não-brancas em 2009. As escolhas de Biden para o gabinete, que somam 50% de não-brancos, incluem latinos, asiáticos e negros em posições estratégicas, a exemplo do jurista cubano Alejandro Mayorkas para o Departamento de Segurança Interna. É a primeira vez que um latino-americano ocupará a secretaria responsável pela implementação e gestão das políticas de imigração do País. Outro fato inédito no governo de Biden é a primeira vice-presidente negra nos Estados Unidos, a advogada e ex-senadora Kamala Harris.

O governo Jair Bolsonaro, por exemplo, possui 21 homens brancos e duas mulheres brancas nos cargos de gabinete. O único não-branco que foi indicado pelo presidente para ocupar o Ministério da Educação, Carlos Decotelli, nem chegou a tomar posse por causa de série de questionamentos em relação à titulação acadêmica informada no currículo. Bolsonaro conseguiu formar um gabinete mais branco e masculino do que Trump, que contava com 16% de pessoas não-brancas no seu gabinete.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Essa diversidade no gabinete de Biden é fruto de pressões populares e minorias. Em dezembro do ano passado, o agora presidente se reuniu com vários líderes negros dos direitos civis que pressionaram o presidente eleito a contratar pessoas negras para cargos de alto escalão no gabinete e não apenas para cargos de segundo escalão.

Biden escolheu cinco negros para seu gabinete, incluindo o novo secretário de Defesa Lloyd Austin, que será o primeiro negro a liderar o Pentágono, e a deputada de Ohio Marcia Fudge, que foi nomeada secretária do Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD). Outros indicados negros incluem o novo diretor-geral da Agência de Proteção Ambiental (EPA), Michael Regan, que será o primeiro negro a chefiar o departamento; Cecilia Rouse, próxima presidente do Conselho de Consultores Econômicos e a primeira pessoa negra a ocupar o cargo; e Linda Thomas-Greenfield, a embaixadora do país na ONU.

Foram indicadas duas asiáticas para cargos de nível de gabinete. Neera Tanden será a Diretora do Escritório de Gestão e Orçamento e Katherine Tai foi nomeada representante comercial dos Estados Unidos. Serão as primeiras mulheres asiático-americanas em seus papéis.

Além de Alejandro Mayorkas para Secretário de Segurança Interna, Biden ainda selecionou quatro latinos para seu gabinete e três são secretários de gabinete. Os indicados incluem Xavier Becerra, para Secretário de Saúde e Serviços Humanos; Miguel Cardona para Secretário de Educação, e Isabel Guzman, que será a Administradora de Pequenos Negócios. Becerra e Mayorkas serão os primeiros latinos a liderar seus departamentos. Com 18% da população, latinos são a maior minoria da população do País.

Já no gabinete do Bolsonaro existem quatro pessoas não-brancas que ocupam cargos a nível de gabinete: o delegado Rosalvo Franco, na Secretaria de Operações Policiais Integradas, do Ministério da Justiça; o Tenente-Brigadeiro Raul Botelho, no Estado Maior Conjunto das Forças Armadas; a economista Tatiana Alvarenga, na Secretaria Executiva do Ministério da Cidadania e Carlos Alberto Decotelli, no Fundo Nacional de Desenvolvimento à Educação.

As consequências de um gabinete homogêneo

Um estudo de 2019 pelo Pew Research Center descobriu que 56% dos americanos acreditam que Trump piorou as relações raciais nos Estados Unidos. O País experimentou uma avaliação do racismo no meio do ano passado, quando protestos em massa eclodiram após as mortes por policiais de George Floyd, Breonna Taylor e a própria dificuldade da população negra em acessar os locais de votação no sul, por exemplo. Assim como no Brasil, a epidemia de Covid-19 lançou uma luz sobre as disparidades de saúde já existentes, com uma maioria de pessoas negras mortas nos bairros de maioria negra lá. Aqui no Brasil, não foi diferente. As periferias brasileiras vêm sofrendo as consequências desta epidemia de forma muito mais intensa.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

posse joe biden presidente estados unidos donaldo trump jair bolsonaro

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar