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Aumento de casos de covid-19 coloca França em alerta

00:01 | Set. 28, 2020
Autor DW
Tipo Notícia
Número de novas infecções no país continua a crescer rapidamente. Governo voltou a introduzir regras rígidas de distanciamento, um cenário que tem causado revolta entre donos de restaurantes.Jean Castex é altruísta. "A situação atual exige medidas impopulares", disse o primeiro-ministro da França na noite de quinta-feira (24/09) no canal de TV France 2. Não, ele não se importa em soar impopular. Castex está no cargo desde julho e sabe que assumiu em um "momento difícil" da história da França. "Meu papel é explicar, explicar, explicar o que estamos fazendo", diz ele. No entanto, muitas pessoas não conseguem entender as declarações do governo. Na França, os casos de covid-19 têm aumentado há semanas. Na quinta-feira, o país registrou mais de 16 mil novos casos em um dia – o nível mais alto desde o início da pandemia. A região em torno da cidade portuária de Marselha, no sul do país, está sendo particularmente afetada. As autoridades de lá registraram recentemente 281 casos por 100 mil habitantes, quase seis vezes mais que a taxa de advertência de 50 casos. Diante desse cenário, o governo francês decretou que todos os bares, restaurantes e academias de ginástica da cidade devem fechar indefinidamente. É uma decisão que enfureceu muitos em Marselha. Centenas de donos de restaurantes organizaram um protesto nesta sexta-feira. Alguns disseram ao jornal francês Le Monde que se sentiram "injustamente punidos". Eles argumentam que já sofreram economicamente o suficiente durante o lockdown – que durou várias semanas no início da pandemia – e que aderiram a todas as medidas de higiene solicitadas. Agora, eles encaram a ordem de fechamento "como uma tapa na cara". Michèle Rubirola, a prefeita de Marselha, compartilha desse ultraje. Ela escreveu no Twitter que ficou "surpresa e irritada" com a decisão, e disse que o governo federal nem sequer a informou previamente. França quer evitar um segundo lockdown O cenário é preocupante na França. De acordo com a Universidade Johns Hopkins, o país é um dos mais gravemente afetados pela pandemia no mundo, com mais de 530 mil casos. A covid-19 já deixou quase 32 mil mortos. E com a aproximação do inverno, muitos temem que a segunda onda possa ser ainda mais perigosa. O mapa da França está no momento sombreado por diferentes tons de vermelho. Zonas vermelhas são aquelas em que o vírus está "se espalhando ativamente". Regras diferentes se aplicam dependendo do nível de alerta. Atualmente, o governo federal quer evitar um segundo lockdown em nível nacional e manter a economia funcionando o quanto for possível. Desde o início da crise, muitos especialistas apontam que a ampliação da capacidade testagem é a melhor forma de conter a pandemia. Essa opinião também foi compartilhada pela epidemiologista Vittoria Colizza, do instituto de pesquisas Inserm, em entrevista à DW em agosto, quando a capital francesa introduziu restrições mais rígidas por causa do aumento no número de infecções. O país, que tem uma população de 67 milhões, vem testando 1,2 milhão de pessoas por semana. É muito mais do que a capacidade que estava disponível na primavera. Com essa capacidade mais ampla, cientistas apontam que é difícil comparar os números de infecção em março e abril com os deste outono. O problema no momento é que as pessoas potencialmente infectadas estão tendo que esperar muito tempo pelos resultados dos seus testes. O ministro da Saúde, Olivier Véran, admitiu em entrevista coletiva na semana passada que havia "problemas organizacionais". Mas alguns pesquisadores estão pedindo para que mais pessoas sejam testadas, até mesmo – ou especialmente – aquelas que não apresentarem nenhum sintoma. O objetivo: isolar infectados com o coronavírus o mais rapidamente possível para que não transmitam a doença inadvertidamente. A epidemiologista Catherine Hill, do Instituto Gustave Roussy de Paris, tem uma visão particularmente crítica em relação às ações das autoridades. "A maioria só descobre que testou positivo quando não é mais contagiosa", diz. Para que mais pessoas sejam testadas, ela sugere a realização de testes em grupo. Ou seja, examinar vários exames de uma vez. É uma ideia que nem todos os pesquisadores consideram eficiente e que o Conselho de Saúde Pública da França rejeitou em um comunicado em 11 de setembro, julgando que ela era insegura. O governo francês está ciente das críticas. No canal France 2, o primeiro-ministro demonstrou entender que os franceses estão "preocupados". Mas, na sua opinião, a França está fazendo tudo para "proteger seus cidadãos tanto quanto possível". Autor: Marina Strauss

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