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Trump ameaça romper laços com a China por pandemia e descarta falar com Xi Jinping

Pressionado pelos recordes de casos de coronavírus e mortes decorrentes da doença, presidente norte-americano reforça retórica que aponta governo chinês como bode expiatório
18:43 | Mai. 14, 2020
Autor AFP
Tipo Notícia

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, endureceu nesta quinta-feira sua retórica contra a China, dizendo que não vai falar com seu colega Xi Jinping e ameaçou cortar laços bilaterais devido à maneira como Beijing lidou com a pandemia da Covid-19.

A tensão entre as maiores potências do mundo disparou por causa da pandemia de coronavírus, que Trump chamou de "praga chinesa" — fala considerada racista. "Tenho uma relação muito boa, mas agora não quero falar com ele (Xi Jingping)", disse Trump à rede Fox Business, assegurando que está "muito decepcionado" com a gestão da crise por parte do governo chinês.

Questionado se os Estados Unidos poderiam adotar medidas de retaliação, Trump não deu mais detalhes, mas alertou em tom ameaçador: "Há muitas coisas que poderíamos fazer. Poderíamos fazer coisas. Poderíamos cortar todas as relações".

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"Se fizesse isso, o que poderia acontecer?", questionou Trump. "Economizaria 500 bilhões, se cortasse todas as relações", completou.

A tensão entre Estados Unidos e China aumentou nas últimas semanas, devido às trocas de acusações sobre a origem da pandemia de coronavírus, que já causou mais de 300 mil mortes no mundo — e tem o país norte-americano como principal afetado.

Trump afirmou que Beijing ocultou a verdadeira escala do surto, deflagrado no final de 2019 na cidade de Wuhan, centro da China, o que permitiu sua propagação.

O governo chinês nega essa acusação e insiste em que transmitiu todas as informações disponíveis à Organização Mundial da Saúde (OMS) o mais rápido possível.

Trump insistiu nas acusações durante entrevista com a Fox. "Tudo veio da China, e eles deveriam ter impedido", alegou.

"É muito triste o que aconteceu no mundo e em nosso país com todas essas mortes", acrescentou.

O secretário de Estado Mike Pompeo também acusou Beijing nesta quinta-feira. "Enquanto os Estados Unidos e nossos aliados e parceiros estão coordenando uma resposta coletiva e transparente para salvar vidas, a República Popular da China continua a silenciar cientistas, jornalistas e cidadãos e disseminar a desinformação, o que exacerba os perigos dessa crise de saúde", afirmou Pompeo.

Acordo comercial entre EUA e China

A disputa entre os Estados Unidos e a China pela pandemia levanta dúvidas sobre o acordo comercial parcial alcançado em janeiro que estabeleceu uma trégua em sua guerra tarifária.

No início da semana, Trump descartou a renegociação do acordo depois que a imprensa indicou que a China queria reabrir as negociações.

Na sexta-feira, o principal negociador da China, Liu He, falou ao telefone com seus colegas americanos e disse que os dois lados concordaram em implementar a primeira fase do acordo.

No entanto, a guerra retórica é travada aos poucos. Autoridades dos EUA tensionaram ainda mais a troca de acusações ao afirmarem que hackers chineses estão tentando obter dados sobre tratamentos e vacinas contra coronavírus. Eles também alertaram que essa tentativa envolve grupos e pessoas relacionadas ao governo chinês.

O FBI e a agência federal de segurança cibernética disseram que os esforços da China representam uma "ameaça significativa" à resposta dos Estados Unidos ao COVID-19, quando dezenas de empresas, institutos e governos ao redor do mundo estão correndo para desenvolver uma vacina.

Pequim nega as acusações e considera que tentam travar uma guerra suja em um momento em que foi desmentida a insinuação de que o coronavírus teria surgido em um laboratório de Wuhan.

Questionado pela Fox Business sobre os motivos dessa acusação, Trump foi menos categórico do que em outras épocas e até pareceu atenuar.

"Temos muita informação e isso não é bom. Mas, o pior de tudo, se veio de um laboratório ou de um morcego, é que veio da China e eles devem contê-lo", disse.


 

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