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Ancara exige presença turca em julgamento de neonazistas

14:44 | 31/03/2013
Julgamento na Alemanha de cinco extremistas da NSU ocupa o foco da política internacional. Após recusa do tribunal em reconsiderar seus rígidos critérios de credenciamento, ministro turco do Exterior intervém em pessoa. Trata-se de um evento jurídico espetacular, de proporções internacionais: há quem se refira a um "processo do século". No banco dos réus estão a presumível terrorista neonazista Beate Zschäpe e mais quatro possíveis cúmplices e apoiadores do grupo Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU, na sigla em alemão). No entanto, apenas 50 jornalistas de todo o mundo terão lugar na sala do tribunal em Munique. E chama em especial atenção a ausência total de profissionais da mídia turca, embora oito das dez vítimas fatais do grupo fossem naturais da Turquia. Buroracia acima da lógica Nos últimos dias, os critérios de credenciamento do Tribunal Superior Regional (TSR) de Munique têm sido fonte de indignação e de profundo descontentamento, não só em Ancara como entre políticos alemães. Os responsáveis pela decisão se recusam tanto a transferir o julgamento para dependências maiores como a transmiti-la por vídeo para uma outra sala. E até mesmo a solidariedade profissional esbarrou na rigidez das autoridades. Alguns jornalistas alemães com lugares já assegurados no tribunal se dispuseram a cedê-los aos colegas turcos. O presidente do TSR, Karl Huber, concordou, em princípio, com essa saída para o impasse, mas insiste que se respeite a longa lista de espera existente. Ou seja: os profissionais da Turquia só podem acompanhar o julgamento se estiverem no topo dessa lista ou se os demais colegas também cederem em seu favor. Ancara entra em ação O escândalo jurídico-midiático ganhou tamanhas proporções que o próprio governo de Ancara entrou em cena. Segundo divulgou neste domingo (31/03) o Ministério alemão das Relações Exteriores, o chefe da diplomacia turca Ahmet Davutoglu interveio junto a seu homólogo Guido Westerwelle. Davutoglu enfatizou por telefone "a expectativa do governo turco" de que representantes tanto da mídia nacional quanto do Estado possam participar como observadores do processo no Tribunal Superior Regional sediado na capital bávara. Westerwelle disse compreender o desejo do colega de pasta, porém invocou o princípio da autonomia do poder judiciário. Ambos os ministros concordaram quanto à importância de um processo transparente e em conformidade com o Estado de direito. Tal seria "uma contribuição significativa para recuperar a confiança perdida da Turquia e dos cidadãos de origem turca que vivem na Alemanha", afirmou o Ministério do Exterior em Berlim. Mídia internacional também ficou de fora O TSR de Munique afirma ter distribuído os 50 assentos disponíveis para a imprensa seguindo a ordem em que os profissionais se cadastraram, em seguida à divulgação das datas do julgamento. Em consequência, a maioria dos veículos internacionais ficou de fora, até mesmo "grandes" como a BBC ou o New York Times. O embaixador da Turquia em Berlim, Hüseyin Avni Karslioglu, tampouco conseguiu um lugar na sala do tribunal. Mesmo assim, pretende estar em Munique para a abertura do processo, em 17 de abril. A organização de extrema direita NSU, desmascarada em novembro de 2011, é considerada responsável por uma série de assassinatos em várias partes da Alemanha. Além dos oito imigrantes turcos, suas outras vítimas foram um pequeno empresário de origem grega e uma policial. AV/dpa/afp/rtr

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