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Irã e grandes potências continuarão negociações nucleares na quarta

A delegação dos países que fazem parte do grupo 5%2b1 e do Irã se encontraram nesta terça-feira durante três horas, para discutir sobre o assunto

15:34 | 26/02/2013

ALMATY, Cazaquistão, 26 Fev 2013 (AFP) - As grandes potências e o Irã terminaram nesta terça-feira, 26, a primeira rodada de negociações sobre o programa nuclear iraniano em Almaty, no Cazaquistão.

As conversas devem prosseguir nesta quarta-feira, segundo uma fonte iraniana ligada à negociações.

"Nós tivemos uma reunião produtiva hoje, vamos nos reencontrar amanhã", confirmou uma fonte ocidental à AFP.

A delegação dos países que fazem parte do grupo 5%2b1 (os cinco membros do Conselho de Segurança da ONU - Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e China - e a Alemanha) e do Irã se encontraram nesta terça-feira durante três horas.

"Nós esperamos que os iranianos venham amanhã mostrando flexibilidade e vontade de compromisso. Eles estão com tudo nas mãos", declarou Michael Mann, porta-voz de Catherine Ashton, responsável pela diplomacia europeia, encarregada dos contatos do grupo 5%2b1 com Teerã.

O chefe da delegação russa, Serguei Riabkov, também chamou de "úteis" as negociações com o Irã.

O grupo de países ocidentais fez uma nova proposta ao Irã relativa ao programa nuclear.

Eles pedem "a diminuição de certas sanções ao comércio de ouro, que dizem respeito à indústria petroquímica e certas sanções bancárias", em troca de algumas concessões de Teerã, explicou uma fonte do grupo 5%2b1 antes do início das negociações em Almaty, no sudoeste do Cazaquistão.

Esta oferta renova, contudo, o pedido feito ao Irã no início de 2012 por ocasião do encontro em Bagdá. "Foi pedido que o enriquecimento de urânio a 20% fosse interrompido, também o fechamento da usina de Fordo (localizada em uma montanha de difícil acesso) e o envio do estoque de urânio enriquecido a 20% para outros países", explicou a mesma fonte.

Por sua vez, Teerã também anunciou que irá fazer uma nova oferta às grandes potências, mas insistiu no fato de que não cederá ao fechamento da usina de Fordo e o envio para outros países do estoque de urânio enriquecido a 20%.

Tais posições não inspiram otimismo para as negociações de Almaty.

"Nós preparamos nossa proposta com versões diferentes. Em função da oferta que nos será feita pelo grupo 5%2b1 nós levaremos a eles uma ou outra destas versões. Elas terão o mesmo peso", declarou uma fonte próxima aos negociadores iranianos.

"Está fora de questão fechar a usina de Fordo ou enviar nosso estoque de urânio a 20% para fora", ressaltou a mesma fonte.

"Mas podemos vislumbrar a interrupção do enriquecimento a 20% caso haja a suspensão de todas as sanções internacionais, especialmente as do Conselho de Segurança" da ONU, reafirmou.

Pouco depois do início das negociações, o porta-voz de Catherine Ashton, concedeu uma coletiva de imprensa dizendo que "ninguém pretende deixar Almaty com um acordo no bolso", insistindo no fato de que se trata de um "processo de negociações".

"Mas não estamos interessados em discutir por discutir. Estamos aqui para fazermos progressos", acrescentou.

O secretário de Estado americano, John Kerry, em visita a Berlim, disse nesta terça-feira esperar que as grandes potências e o Irã encontrem uma "solução diplomática".

Desde segunda-feira as grandes potências anunciaram que iam fazer em Teerã uma "boa oferta" visando superar as divergências após quase oito meses de interrupção nas negociações.

Mann disse que a nova proposta deve colocar um fim às "inquietações internacionais sobre o caráter exclusivamente pacífico do programa nuclear iraniano, mas respondia ao mesmo tempo às ideias avançadas de Teerã".

O conselho de segurança da ONU adotou seis resoluções, quatro delas com sanções.
Os Estados Unidos e os países da União Europeia também adotaram em 2012 uma série de sanções contra os setores energéticos e bancário do Irã baixando em 40% suas receitas petrolíferas e impedindo todas as transações bancárias com o exterior.

Nesta terça-feira, o presidente da comissão de Defesa e das Relações Exteriores do parlamento israelense, Avigdor Lieberman, julgou insuficientes as sanções internacionais, pedindo por "medidas mais concretas", sem dar maiores detalhes.

O último 'round' das negociações aconteceu em julho de 2012 em Moscou, enquanto Teerã tinha apresentado suas próprias proposições pedindo o reconhecimento do seu direito ao enriquecimento de urânio.

O Irã insiste no fato de que o enriquecimento a 20% é utilizado para produzir combustível para o reator em Teerã, que produz radio-isótopos utilizados contra o câncer, enquanto os países ocidentais e Israel o acusam de fabricar uma bomba atômica sob o pretexto de um programa nuclear pacífico.

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