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Vítimas da guerra em Serra Leoa comemoram sentença de ex-presidente liberiano

15:25 | 30/05/2012

FREETOWN, 30 Mai 2012 (AFP) - Vítimas da guerra civil e o governo de Serra Leoa comemoraram nesta quarta-feira, 30, a condenação a 50 anos de prisão ditada contra o ex-presidente da Libéria Charles Taylor por seu apoio aos rebeldes leoneses que espalharam o terror em seu país.

"A notícia alegra o governo e a nação. É um passo adiante, porque foi feita Justiça", disse o vice-ministro da Informação leonês, Sheku Tarawali, manifestando o seu desejo de que as vítimas se sintam aliviadas com isso, "apesar de a magnitude da sentença não ser proporcional às atrocidades cometidas".

"Enfim, foi feita Justiça, e Taylor pagou o preço do sofrimento e da dor que nos causou", disse Al-Hadji Jusu Jarka, cujos braços foram amputados por rebeldes da Frente Revolucionária Unida (RUF). "Espero que seus atos o atormentem enquanto ele apodrece na prisão."

Um silêncio pairava na sede do Tribunal Especial para Serra Leoa, em Freetown, onde centenas de pessoas reuniram-se diante de telões para ouvir a sentença de Taylor.

"Como defensores dos direitos humanos, ficamos felizes com a sentença de 50 anos de prisão contra Taylor por ter ajudado os rebeldes em troca de diamantes", disse o ativista dos direitos humanos Charles Mambu.

O porta-voz rebelde durante a guerra, Eldred Collins, lidera atualmente o Partido da Frente Unida Revolucionária (RUFP), herdeiro do RUF, e considera que deveria o líder rebelde Foday Sankoh deveria ter sido julgado. Sankoh morreu na prisão em 2003.

"Continuamos achando que Taylor não foi julgado com justiça e não merecia essa sentença. Foram o falecido Foday Sankoh e outros leoneses que combateram nessa guerra", criticou Collins.

Na região de Kailahun, onde chegaram os rebeldes vindos da Libéria em 1991, o sentimento era de alívio, "porque a saga de Taylor ficou para trás", comentou o líder da região, Cyril Gando. "Durante dois anos, 1999 e 2000, os rebeldes mataram muita gente, incluindo meus filhos, que foram decapitados porque se negaram a entrar para o grupo rebelde".

Na cidade de Kenema (leste), o líder Soriba Morlai não escondia a felicidade: "Apoiamos totalmente a sentença."

A decisão da Justiça, no entanto, terá pouco impacto no cotidiano da população. "O que importa Taylor? O que importa é que o preço dos alimentos básicos continua aumentando. Taylor teve o que merecia, mas este assunto não tem a ver comigo", queixou-se a comerciante Ina Smith.

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