Seminário em Fortaleza debate misoginia online e estratégias de enfrentamento

Seminário em Fortaleza debate misoginia online e estratégias de enfrentamento

Com a participação de ministras do Mercosul, o evento abordou nesta terça-feira, 9, os impactos da violência de gênero no ambiente digital
Atualizado às Autor Penélope Menezes Tipo Notícia

Enfrentar a lógica de um “engajamento tóxico” nas plataformas digitais é um dos pilares que impulsiona as discussões no final da tarde desta terça-feira, 9, durante o seminário “Misoginia Online: Caminhos para o Enfrentamento”. O debate, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza, contou com a presença de ministras do Mercosul.

O evento é promovido pela organização Olabi, em parceria com a Secretaria de Políticas Digitais da Presidência da República e apoio do Governo do Reino Unido e do Fundo Elas. A atuação ocorreu em paralelo à X Conferência dos Estados Partes do Mecanismo de Acompanhamento da Convenção de Belém do Pará (MESECVI) e da Reunião de Ministras e Altas Autoridades sobre Mulher do Mercosul.

“A internet ainda não é um lugar seguro para meninas e mulheres. Por isso, o enfrentamento não pode ser fragmentado. Não podemos continuar agindo caso a caso, responsabilizando apenas as vítimas ou confiando exclusivamente na autorregulação de plataformas, cujo lucro depende justamente da lógica do engajamento tóxico”, apontou a ministra das Mulheres do Brasil, Márcia Lopes, em participação no painel.

Para a secretária nacional de Enfrentamento à Violência contra Mulheres no Ministério das Mulheres, Estela Bezerra, as novas tecnologias da informação e as redes sociais têm promovido um fenômeno que não representa uma mudança de geração ou mesmo de século - é uma mudança de era, ligada ao fenômeno da revolução digital.

“Ela (a misoginia digital) cria um ecossistema próprio e não tem nenhuma regulação. Enquanto na vida real você tem a Lei Maria da Penha, tem a delegacia especializada da mulher, tem um atendimento às mulheres vítimas de violência na rede hospitalar, na realidade virtual temos uma pessoa que está sendo simbolicamente desconstruída”, afirma.

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Misoginia Online: ‘Um espelho do que somos socialmente, mas também uma lente de aumento’

A codiretora executiva do Olabi, Sil Bahia, também ressaltou pontos de enfrentamento em sua apresentação, intitulada “Diversidade by design: projetando algoritmos para a justiça de gênero”. O pronunciamento precedeu o painel “Violência de gênero como modelo de negócio: a plataformização da misoginia”.

“A gente precisa ter em mente que a Internet não criou o machismo, não criou o racismo ou a misoginia. Mas ela, assim como muitas outras tecnologias que usamos, amplifica essas violências”, pondera. “O que antes ficava restrito a espaços privados ou a pequenos círculos, hoje ganha escala e visibilidade muito maiores, aprofundando as consequências”.

Sil acrescenta que o ambiente digital atua como um “espelho do que somos socialmente”. Por outro lado, recebe mais uma função: a de se tornar uma lente de aumento.

“Quando as redes sociais, por exemplo, não protegem quem sofre ataques e priorizam o engajamento a qualquer custo, isso não é acaso, isso é design e é escolha, é intenção e, por consequência, é política também. E se esse problema está no desenho, as soluções também podem estar”, afirma.

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