Chacina do Curió: um dos réus não vai responder perguntas da acusação
No terceiro dia do quinto julgamento da chacina, que ocorreu em 2015, o réu Marcílio Costa de Andrade afirmou que só responderá as perguntas da defesa
11:43 | Set. 24, 2025
O réu Marcílio Costa de Andrade, julgado nesta quarta-feira, 24, por participação na execução de pessoas durante a chacina do Curió, em 2015, não vai responder perguntas da acusação, apenas da defesa.
O Ministério Público do Estado (MPCE) fez um requerimento para o registro das perguntas. O juízo, porém, deliberou que o silêncio parcial do réu seja permitido.
Em depoimento, ele negou qualquer atribuição em relação à chacina. Disse ainda que as acusações do MPCE não são aprofundadas. Afirmou que não tem mensagens dele para qualquer policial no processo, tanto condenado quando absolvido, sobre convocação para os crimes.
Marcílio alegou que no dia do crime estava em seu apartamento e que soube da morte do policial Valtemberg Chaves Serpa - latrocínio que teria desencadeado a ação de vingança por parte dos policiais - por meio do WhatsApp da Companhia dele por volta das 22h30min.
Sua conduta, conforme depoimento, teria sido ficar em casa.
“Não há nada que me ligue aos fatos. Eu sou inocente”, disse.
Chacina do Curió aconteceu após morte de policial
Conforme a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), os réus estavam de folga, à paisana, e foram para os locais do crime após convocação de outros PMs para vingar a morte de um colega de farda, o policial Valtemberg Chaves Serpa, morto durante um latrocínio horas antes.
Ainda segundo a denúncia do órgão, segundo laudos periciais e testemunhas, a arma do policial Marcílio teria sido utilizada em uma das mortes da chacina e o veículo particular de policial Luciano Breno passou pelos locais dos crimes naquela madrugada.
Nos dois primeiros dias do quinto julgamento, foram ouvidas vítimas sobreviventes, três testemunhas de acusação e quatro testemunhas de defesa.
Após o interrogatório dos réus, acontecerá o debate entre acusação e defesa, leitura dos quesitos, em seguida a votação do júri e a sentença dos réus.
A previsão é que o julgamento seja concluído nesta sexta-feira, 26.
Os réus julgados nesta etapa do júri estavam na mesma ação penal dos quatro PMs condenados a 275 anos e 11 meses de prisão — o primeiro julgamento da chacina.
Outros 23 policiais já foram julgados, sendo 20 totalmente absolvidos, um foi absolvido com uma das acusações desclassificada para ser julgada pela Justiça Militar, e dois condenados (apenas de 13 anos e 5 meses e 210 anos e 9 meses de prisão).