Vicente Pinzon: 1º dia de "corredores seguros" é avaliado como positivo pela Guarda Municipal
Viaturas foram colocadas em áreas "identificadas com maior clima de insegurança". Rotina escolar havia afetada pela disputa entre facções na última semana
A Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) apontou como positiva a operação de segurança realizada nesta segunda-feira, 1º de setembro. O intuito da ação "corredores seguros" é se manter em locais considerados rotas para ida e volta de estudantes e professores no bairro Vicente Pinzon, em Fortaleza, onde ocorre uma "guerra" entre duas facções criminosas rivais.
Aproximadamente dez viaturas permaneceram em pontos estratégicos, como áreas "identificadas com maior clima de insegurança". A Guarda Municipal informou ainda que a operação terá continuidade até que a sensação de insegurança no local seja dissipada.
A comunidade escolar apresentou abertura nos horários regulares com o acompanhamento do retorno de professores e estudantes, dessa forma os responsáveis demonstram maior confiança ao levar os filhos às aulas.
A disputa entre facções causou medo entre estudantes e professores, o que causou uma evasão escolar. As aulas haviam sido readaptadas do presencial para o online.
"A instituição reforça que a ação está integrada a outras forças de segurança do Estado e que, de forma permanente, contará com o lançamento da Guarda Comunitária, modelo que garantirá maior proximidade com a população e presença constante nos territórios", informa.
O Sindicato União dos Trabalhadores em Educação de Fortaleza (Sindiute) apontou, diante de um levantamento próprio, que 16 escolas foram afetadas pela violência dos bairros da capital cearense. O sindicato informou que quatro escolas ficaram sem aulas e 12 operavam de forma precária, com turmas reduzidas e redução da frequência de alunos.
Professores relataram ocorrências com tiroteios durante o horário das aulas, com correria e interrupções. Em uma dessas situações um artefato explosivo foi arremessado nas proximidades de uma escola.
No dia 27 de agosto passado, a região registrou dois homicídios e três casos de pessoas feridas por lesão de arma de fogo. Houve registro de um corpo em decomposição encontrado e de uma casa incendiada de forma criminosa. Em um período de pouco mais de um mês a área havia contabilizado 12 mortes violentas.
Em entrevista ao O POVO, uma professora que pediu para não ser identificada relatou que, durante os tiroteios que estavam ocorrendo, havia ameaça de um ataque a um dos colégios, pois havia um estudante que seria alvo da facção. Ela relata que, em algumas situações a escola permanecia funcionando, mas os estudantes não frequentavam.
"A escola estava aberta para os alunos, mas eles só não apareceram", disse a professora sob anonimato.
Durante a entrevista, a profissional explicou que as mensagens do aparelho celular seriam apagadas por ela, por ter medo de ser parada por criminosos. É costumeiro que os criminosos briguem as pessoas a entregar o aparelho e desbloquear para que eles tenham acesso as conversas. "Tem um aluno que é envolvido e só de ele estar na escola nos sentimos ameaçados", descreve
A educadora descreve que há ainda dificuldade para utilizar transporte por aplicativo, pois há o acordo entre os motoristas profissionais, de não entrar na comunidade, em razão da guerra entre as facções. O risco de bala perdida aumenta com os confrontos territoriais.
Uma mãe de aluno, também com a identidade preservada, relatou que o filho não teve aula na quinta-feira e na sexta-feira, mas que nesta segunda-feira, 1º, recebeu o comunicado informando que as aulas aconteceriam normalmente, pois foi confirmado que haveria segurança.
Um pai de estudante, de identidade preservada, destacou que algumas escolas no Vicente Pinzon precisam de mais segurança, em razão da área ser uma espécie de ponto de conflito. Ele presenciou a atuação da Guarda Municipal, mas considerou o policiamento reduzido, pois havia uma viatura apenas.
Os agentes permaneciam dentro dos carros com o vidro fechado, forma de policiamento que também foi motivo de incômodo pelos moradores.
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