Estudantes cobram entrega de prédio em obras há 9 anos pelo Governo do Estado

Estudantes cobram entrega de prédio em obras há 9 anos pelo Governo do Estado

Alunos estão tendo aulas em anexo com superlotação, falhas estruturais e presença de ratos; novo prédio deve ser entregue já no início deste segundo semestre letivo

Estudantes da Escola Estadual de Ensino Médio (EEM) Almirante Tamandaré, bairro Jangurussu, em Fortaleza, se reuniram na manhã desta quinta-feira, 7, para cobrar a entrega do prédio principal da instituição, em obras há nove anos. A manifestação contou com apoio de alunos e professores da unidade de ensino, além de moradores da região.

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Toda essa história começa em 2016, quando o prédio principal da Almirante Tamandaré foi demolido para a construção de uma nova estrutura, nos padrões do Ministério da Educação (MEC). Devido a demolição, os professores e discentes da escola foram direcionados para um anexo vizinho, menor e que precisou passar por adaptações.

É exatamente este prédio que motiva a ânsia pela entrega da nova sede. Com salas em superlotação, faltas constantes de água e energia, e relatos até de ratos circulando no teto, o anexo é alvo de críticas pelos alunos, que veem melhores condições logo ao lado, mas ainda inutilizáveis.

“A nossa sala é tão pequena, e é tanta gente, 40 alunos, que a gente se senta em dupla. A gente não consegue fazer uma prova direito por causa disso. A gente precisa dela [nova sede], a gente passa por situações desumanas na escola. Era para a gente estudar integral e a gente não estuda, porque não tem espaço para todo mundo”, conta a discente Nayla de Sousa, 17, aluna do 3° ano da escola e presidente do Grêmio Estudantil, que também relata diversos problemas de infraestrutura.

“Na parte da tarde a gente não tem água nos banheiros. Os banheiros femininos até pouco tempo não tinham trincas, o banheiro masculino só tem um sanitário e esse sanitário não funciona. A gente só tem uma sala forrada. A gente não tem laboratório, a gente não tem auditório, a gente não tem aula de educação física porque não tem quadra…”, complementa.

Confira estrutura do anexo:

Segundo a estudante, a escola também tem enfrentado queda no número de alunos, devido às más condições do equipamento. A turma na qual ela iniciou o ensino médio possuía 45 alunos, caindo para pouco mais de 20 no segundo ano e em 2025, conta com 15 membros.

Elias Lino, professor da escola há 11 anos, o atraso na entrega do novo prédio e as falhas estruturais no anexo também geram prejuízos de aprendizado aos estudantes. De acordo com ele, algumas salas da escola são separadas apenas por tapumes ao invés de paredes, e acabam interferindo uma na aula da outra, devido ao barulho que facilmente passa pelas “barreiras”.

“Minha percepção é que isso impacta no desempenho acadêmico dos alunos. Desmotiva o aluno a vir à escola. Se puder usar uma metáfora, é como uma criança rica que compra um sorvete, toma na frente da criança pobre e diz ‘eu tenho mas não te dou’. Porque os alunos passam em frente a essa escola, que está completamente pronta, padrão MEC, olham isso e têm que ir para um anexo improvisado”, conclui.

O POVO esteve na Almirante Tamandaré nesta quinta e tentou entrar na escola para conversar com a direção e presenciar as situações relatadas por alunos. Entretanto, a equipe foi barrada logo na porta da unidade, sob alegações de que qualquer demanda deveria ser informada à Secretaria da Educação do Ceará (Seduc-Ce).

Obra deverá ser entregue já neste retorno às aulas, diz Seduc

Questionada sobre a entrega do novo prédio, a Seduc informou que a obra foi concluída no mês de junho e que aguarda alguns processos burocráticos para inaugurar o prédio. A previsão da pasta é de que isso ocorra já no início deste segundo semestre, porém, ainda sem data marcada.

Caso a nova previsão, apesar de impreciso, seja respeitada, a entrega ocorrerá pelo menos sete meses após o prazo mais recente dado pelo Governo do Estado, que era janeiro deste ano.

A estimativa foi anunciada após vistoria do governador Elmano de Freitas (PT), da secretária da educação Eliane Estrela e do superintendente de Obras Públicas, Valdeci Rebouças, em novembro de 2024.

Entre esses trâmites está a emissão do termo de entrega formal do prédio, que oficializa a conclusão da obra, por parte da Secretaria de Obras Públicas do Ceará (SOP-CE).

De acordo com a SOP-CE, os serviços complementares para a conclusão da construção da escola foram finalizados e o termo que oficializa a entrega do prédio da nova escola para a Seduc será emitido até esta sexta-feira, 8.

Confira imagens:

Além da emissão do termo, corre em paralelo um processo para a instalação do posto de segurança da escola. A medida é necessária para garantir a preservação da mobília do equipamento, que deve ser instalada assim que o posto estiver pronto.

Sobre os nove anos para a conclusão da obra, a Seduc afirmou que a obra “passou por sucessivas interrupções em sua construção ao longo dos últimos anos, em decorrência de descumprimentos contratuais por parte das empresas responsáveis”. O atual contrato, que conduziu as partes finais da obra, foi firmado em 2023.

“A Seduc reconhece a expectativa da comunidade escolar e reforça seu compromisso com a entrega da nova estrutura, que oferecerá melhores condições para o ensino e a aprendizagem dos estudantes da região. Enquanto isso, a Secretaria segue acompanhando a situação da unidade atual e, em diálogo com a gestão escolar, avalia medidas para mitigar os impactos até a efetiva inauguração do novo prédio”, disse a pasta, em nota.

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