Turista da Bahia denuncia ter sofrido racismo em loja de Fortaleza

Turista da Bahia denuncia ter sofrido racismo em loja de Fortaleza

Jovem alega que foi coagida por seguranças do estabelecimento e acusada de furto, mesmo sem provas. Caso é investigado pela polícia como calúnia

Natural da Bahia, a tatuadora Suiane Souza, 27, diz ter sofrido racismo em uma loja no centro de Fortaleza. A profissional negra alega que, na sexta-feira passada, 18, foi coagida por seguranças do estabelecimento e acusada de furto, mesmo sem provas. Caso é investigado pela polícia como calúnia. 

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Jovem está passando um período na capital cearense e resolveu realizar compras no centro da Cidade. Ela conta que entrou na Power LBX, local que trabalha com variedade de produtos, e chegou a olhar algumas prateleiras, mas não encontrou o que desejava e logo em seguida saiu do estabelecimento. 

De acordo com Suiane, poucos minutos depois de ter saído da loja três seguranças que atuam no local a alcançaram na rua. "Um dos seguranças me falou que eu sabia o que estava acontecendo, que era pra eu ficar calma, que não era pra gritar, pras pessoas ao redor não perceberem, e (disse) que já estava tudo gravado e que a gente ia ter que voltar pra loja", relata a tatuadora.

O POVO teve acesso a vídeos gravados pela jovem, onde ela aparece sendo guiada pelos homens. "Ele (segurança) foi me conduzindo, me pegando pela bolsa mesmo eu não me negando a ir com ele até a loja, porque eu estava certa da minha razão", conta.

De volta ao local, a jovem teve a bolsa revistada, onde nada da loja teria sido encontrado. Uma outra gravação feita por ela mostra o momento em que funcionários checaram as câmeras de segurança.

No vídeo é possível ouvir um dos seguranças afirmando que a imagem mostra Suiane colocando algo na bolsa, mas ela grava a tela do computador e rebate informando que "não dá para ver nada".

"Nas imagens da pra ver que não está acontecendo nada, que em momento algum eu sequer peguei na bolsa (...) Depois disso, ele (o segurança) chamou o gerente e o gerente chegou sorrindo pra mim, dizendo que talvez ele tivesse se confundido, que fosse outra pessoa nas gravações", conta.

"Eu fiquei lá dentro, com todas as pessoas observando o que estava acontecendo, passando por um vexame, por uma vergonha (...) Uma situação completamente descabida", diz ainda, frisando que teve sua imagem manchada pelos seguranças. 

Funcionários foram desligados da empresa 

O gerente da loja, Irlan Fidelis, encaminhou uma nota e um vídeo para O POVO, onde aparece fazendo um pedido de desculpas para Suiane. Gravação foi também publicada nas redes sociais da empresa. 

Na ocasião, ele informou que no dia do ocorrido ele e o proprietário estavam em viagem, acompanhando a inauguração de uma nova unidade da loja no Interior.

Ele informa que o gerente citado pela jovem na verdade se trata de um segurança, que "agiu por conta própria e de forma totalmente contrária aos princípios e diretrizes" da empresa. 

Irlan enfatizou que tomou todas as providências assim que soube do ocorrido, investigando os fatos, se retratando com a cliente e desligando os funcionários envolvidos na ação. 

"Sabemos da gravidade da situação e, mais do que isso, reconhecemos a dor e o constrangimento sofrido pela Suiane. Por isso, acreditamos ser de extrema importância que também possamos expor o nosso posicionamento e mostrar que a Power LXB não compactua com qualquer tipo de discriminação ou atitude desrespeitosa com seus clientes", completa.

O gerente ainda destacou que os funcionários vão responder judicialmente pela abordagem e falou que a empresa, assim como outros colaboradores, têm recebido ameaças nas redes sociais. 

"Estamos tomando providências reais, e todos os nossos colaboradores estão passando por treinamento obrigatório para que nunca mais ocorra essa fatalidade dentro da nossa empresa (...) Estamos aprendendo muito com essa dor e não vamos nos esconder dela, vamos agir com verdade, humildade e responsabilidade", destaca. 

Caso é investigado como calúnia

Suiane abriu um Boletim de Ocorrência (BO) contra a loja. Procurada pelo O POVO, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) informou que a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) investiga uma denúncia de calúnia, e que a Delegacia de Proteção ao Turista está responsável pelo caso.

Denúncias

A SSPDS reforça que a população pode contribuir com as investigações repassando informações, com sigilo e anonimato garantidos.

  • Disque-Denúncia: 181
  • WhatsApp da SSPDS: (85) 3101 0181
  • Delegacia de Proteção ao Turista: (85) 3101-7319
  • E-Denúncias: disquedenuncia181.sspds.ce.gov.br

Atualizada às 15h45min desta segunda-feira, 21

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