Procissão de Corpus Christi partilha retratos da fé nas ruas de Fortaleza
A caminhada aconteceu no final da tarde desta quinta-feira, 19, com fiéis reunidos nas ruas da Capital ao lado do arcebispo dom Gregório Paixão
A missa é um prelúdio da procissão: no Santuário Arquidiocesano de Adoração (Paróquia São Benedito), os fiéis estendem as mãos — uns para rezar, outros para sinalizar que precisam de mais cadeiras — e participam do encerramento da 87ª Semana Eucarística nesta quinta-feira, 19.
A solenidade de Corpus Christi é celebrada pela Igreja Católica Apostólica Romana ao redor do mundo, mas é no Centro de Fortaleza que o mistério da eucaristia ganha contornos característicos. Um deles chega na figura do arcebispo metropolitano, dom Gregório Paixão.
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“A palavra de Jesus se realizou porque aqueles homens foram capazes de fazer exatamente o que Jesus disse: ‘Dai-lhes vós mesmos de comer’”, reflete o clérigo em sua homilia. “O pão de cada dia é capaz de chegar a todos. Se, ao invés de fabricar armas para matar os filhos dos outros, a gente preparasse o pão, então todo mundo teria o pão nessa vida”.
Os fiéis, que haviam preenchido quase todos os cantos da igreja, se amontoaram à frente com o encerramento da missa, aguardando a passagem do arcebispo para que a procissão começasse. Às 17h40min, os grupos já transbordavam pelas ruas adjacentes e, unidos pela fé, pareciam formar uma onda.
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Na ponta, Tarciane Melo, 33, segura a mão da filha. A dona de casa ressalta que costuma participar da caminhada, mas compartilha a experiência com as crianças pela primeira vez — “Eu falei, principalmente pra Clarinha (filha de Tarciane), da necessidade de viver a tradição da Igreja nesse dia tão importante, em que nós clamamos, adoramos o corpo de Cristo”.
O arcebispo segue à frente com o carro, mas a voz sai abafada para o público que não está próximo do automóvel. De qualquer forma, a onda viva de fiéis mantém a sua estrutura, com as faces concentradas e as preces que movimentam os lábios.
Procissão de Corpus Christi: fiéis ressaltam memória de Jesus Cristo
“É mais fácil dizer assim: ‘o que Cristo representa para mim?’”, relata o professor Mário Costa, 45, sobre a participação na caminhada. “É justamente aquele que nos salvou, deu a Sua vida por nós, quem dá sentido à nossa vida, nossa caminhada”.
Com emoção, o fiel acrescenta que cada ano a cerimônia de Corpus Christi recebe um significado especial e oferece um momento de discernimento, reafirmando o seu compromisso de viver a fé.
Procissão de Corpus Christi: veja fotos
O destino da movimentação é a Catedral Metropolitana de Fortaleza. É lá que a doméstica Maria do Socorro Costa, 59, descansa e aproveita para agradecer os milagres que a conectam a Jesus Cristo desde a infância.
Ela está sentada, mas os olhos disparam em torno da multidão que continua a entrar na Igreja. É como se, ao observá-los, estivesse maravilhada com o próprio caminho percorrido.
Maria do Socorro explica que, até os cinco anos, não conseguia andar. A avó, então, fez uma promessa em nome da neta, e a graça foi alcançada.
Os mesmos olhos que percorriam a multidão minutos atrás agora estão fixos na repórter. Um último comentário sai: “Deus é muito misericordioso, o amor dele é muito grande. Não só por mim, mas para você. Ele te ama também”.
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