MP realiza blitz para alertar sobre exploração e abuso sexual de crianças e adolescentes

A ação teve início no meio da tarde deste sábado, 25, em um dos principais cartões-postais da capital cearense, a orla da Beira-Mar. No local foram distribuídos panfletos

Os dados são alarmantes. Para se ter uma ideia, todos os dias, cerca de 320 crianças e adolescentes sofrem exploração sexual no Brasil. Desse espantoso número, a cada 100 casos, apenas sete são denunciados. É o que aponta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Se os números citados assustaram, saiba que 71,6% dos estupros de vulnerável ocorrem na casa das vítimas. E mais de 80% dos abusadores são familiares e conhecidos, segundo informações de 2023 do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.

Para alertar sobre o grave problema e sensibilizar a população na prevenção da violência, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) realizou a partir do meio da tarde deste sábado, 25, a blitz educativa “MP do Ceará no Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes”. A ação aconteceu ao lado do espigão da avenida Rui Barbosa, localizado em um dos principais cartões postais da capital cearense, a Beira-Mar.

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“Esse movimento é muito importante porque busca chamar a atenção para esse assunto que tem que ser conversado. Percebemos que há um silêncio muito grande. Muitas das vezes, esse mesmo silêncio acontece porque as vítimas não se enxergam como vítimas. Há um silêncio também pelo medo e a vergonha. É necessário falar que, quem tem que ter medo e vergonha, é o abusador”, destaca Joseana França, promotora de justiça e coordenadora do Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (Nuavv).

Segundo ela, as sequelas emocionais para quem é vítima de violência sexual são imensas.

“É uma sequela que é física agora no momento, mas pode ser emocional por uma vida inteira. Então a vítima precisa ser acolhida e cuidada para que a violência não repercuta ao longo do tempo. Essa violência pode acabar com uma pessoa. É preciso percebê-la. Quando ela não verbaliza, o corpo fala. Os sinais precisam ser entendidos", afirma.

"Temos que capacitar a rede de proteção e fazer campanhas desse tipo para estimular as pessoas a falarem. Cuidar da nossa infância e da juventude é uma obrigação de todos. A violência sexual não é algo distante”, pontua a promotora. Automotilação e suicídio são algumas dessas consequências. Os casos são inúmeros entre os que são atendidos pelo Nuavv.

Presente à blitz, a psicóloga Yane Machado considera fundamentais ações como a que foi realizada pelo MP. “A defesa da criança e a prevenção do abuso sexual ou qualquer outro tipo de violência é um dever da sociedade como um todo. Então precisamos estar atentos às crianças que nos rodeiam e a algum sinal ou indício de que elas estejam sendo vítimas de qualquer violação de direitos”.

Yane participou da ação acompanhada da mãe e dos filhos Leon e Caetano. Ela relata que trabalha a questão com as crianças desde que são recém-nascidos.

“Ao trocar uma fralda eu já explico para eles que ali é um lugar íntimo, que não pode ser tocado. Trabalho a prevenção de forma educativa. Para eles me parece ser muito claro tanto o que cada um pode com relação ao corpo deles, mas também com o corpo das outras pessoas. Temos um machismo estrutural. Enquanto mãe de dois meninos, eu me sinto no dever de trabalhar dentro de casa a prevenção com eles, que um dia serão homens”, alerta ela.

Quem também circulou pela blitz educativa do MP, enquanto apreciava a orla de Fortaleza, foi o casal de aposentados, a brasileira Maria José e o cubano Juan Gonzales. 

Ao O POVO, eles pontuaram que eventos como o realizado deveriam acontecer constantemente. “Tem muitos filhos que os pais deixam soltos. Se os pais não tomarem conta, o meio da rua também não tomará. Nossa crianças são o nosso futuro”, avalia Maria José. “O Estado é o representante da sociedade e é um dever dele intervir e se preocupar com esse problema”, acrescentou Gonzales.

Serviço

Núcleo de Atendimento às Vítimas de Violência (Nuavv)
Endereço: Av. Desembargador Moreira, 2930-A, 2º andar, Dionísio Torres – Fortaleza
Contato: (85) 3218-7630 / (85) 9.8563-4067
E-mail: [email protected]

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