Cratera no Antônio Bezerra completa dois meses e ganha companhia de dois buracos

Local foi aterrado mas ainda acumula água, enquanto outras crateras também se abriram na mesma localidade

Moradores do bairro Antônio Bezerra, em Fortaleza, reclamam da demora da obra na rua Doutor Manuel Soares, que segue a cerca de dois meses. No local, o registro da primeira cratera que se abriu na rua é do dia 26 de fevereiro.

Após esta, algumas semanas depois, outras duas crateras também se abriram. O POVO foi até o local para conversar com os moradores.

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As crateras surgiram na rua apesar de uma obra de reparo na rede de esgoto ter sido realizada entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024, após uma vistoria da Ambiental Ceará constatar que havia um vazamento subterrâneo.

Dois meses se passaram e, segundo o morador José Antônio Viana Rocha, a cratera foi apenas aterrada com areia, mas a água continua a ficar empossada devido às chuvas.

Ele conta que quando a obra começou e cavaram para trocar a tubulação da rede de esgoto, a pracinha ao lado de sua casa veio abaixo. Isso, devido a problemas no solo ocasionados por uma fuga de esgoto embaixo de sua residência, que o morador diz ainda não saber se foi consertada.

José Antônio argumenta que nesta região os alagamentos são comuns durante o período de chuvas e os esgotos transbordam e causam transtornos à população. 

Já outra moradora do local, Michelle de Freitas, afirma que os transtornos causados pelas obras e pelos buracos na rua já duram pelo menos cinco meses.

Ela informa que a demora no término da obra está prejudicando os moradores que precisam de transporte coletivo, já que estão precisando andar mais e até mesmo na lama para conseguirem pegar o ônibus. “A mãe tem problema no joelho, ela tem que dar essa volta todinha”, ressalta.

Com a abertura das crateras e a interdição da rua os moradores não estão podendo mais pegar o ônibus da linha Antônio Bezerra/Terminal - 216 na parada que fica na mesma rua, precisando dar a volta por outro logradouro.

Sobre a quantidade de crateras que se abriram nos últimos meses a Michele ironiza dizendo que, “é só abrindo, daqui a pouco a gente tá tudo dentro do buraco”.

Quando a equipe do O POVO visitou o local no mês de março, o prazo dado pela Cagece e pela Ambiental Ceará foi de 30 dias. Prazo que como relataram os moradores não foi cumprido.

Falta de informação

Os moradores também reclamam da falta de informação e comunicação direta entre a Ambiental Ceará e a Cagece com a comunidade.

"Eles não dizem nada para gente, eles não informam, eu já pedi pra conversar com engenheiro de lá e eles não falam nada, é sempre assim uma omissão”, segundo o relato do morador.

O morador lembra da dificuldade em conseguir um laudo para poder sair da sua casa que seria interditada. Segundo ele, a Ambiental Ceará se recusava a dar um laudo sobre a situação da estrutura do imovel.

Após a insistência dele, a empresa contratou um engenheiro que emitiu o laudo. O medo, relata, era se retirar do imovel sem garantias para compra de outra casa pela Ambiental Ceará, em caso de desabamento e interdição total.

José que não está com a sua casa interditada, conta que toda sua rotina é no bairro, sua família, filha e esposa também, e devido a isso são necessários vários deslocamentos durante o dia entre o hotel onde está hospedado e a sua casa, já que ele é responsável por um projeto social em um endereço diretamente afetado pelo problema.

Primeiro reparo

Segundo José Antônio uma vistoria da Ambiental Ceará foi realizada no local em novembro de 2023, onde foi constatado uma fuga de esgoto subterrânea e a formação de uma cratera por debaixo do solo.

De acordo com ele, as empresas utilizaram um aparelho com câmera para verificar o estado da rede de esgoto. E após essa constatação, a empresa realizou uma primeira obra de reparo A obra foi feita entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano.

Durante este primeiro reparo os moradores foram retirados de suas residências e alocados em hotéis na capital. Com estadia e gastos pagos pela companhia. A obra foi finalizada em janeiro, porém um mês depois a cratera se abriu causando o transtorno.

Novas Crateras

Mesmo com o andamento das obras, outras duas crateras se abriram na rua Dr. Manoel Soares. Uma das crateras com cerca de oito metros de profundidade, fica ao lado de uma parada de Ônibus, resultando na interdição do local, prejudicando quem precisa pegar o ônibus da linha Antônio Bezerra/Terminal - 216.

Nesta cratera também há uma barreira de contenção feita pelos operários da obra a fim de evitar que água da chuva entre na rua e aumente o tamanho do buraco.

As novas crateras ainda não foram aterradas e continuam abertas, sendo que uma delas está cheia de água o que pode ocasionar a proliferação de insetos como muriçocas, logo em um período do ano onde a incidência de casos de dengue tende a aumentar substancialmente.

Projeto Social Okupação

No principal endereço afetado, está o de um projeto social no Bairro, o projeto da Biblioteca Comunitária Okupação, que promove cursos e aulas de músicas para crianças e adolescentes da comunidade.

Segundo José Antônio, idealizador do projeto, as atividades desenvolvidas estão sendo improvisadas e acontecendo no meio de uma rua vizinha ou acontecendo em locais improvisados em endereços cedidos por moradores.

Antônio diz que não pode para as atividades com as crianças apesar das dificuldades, pois recebe verbas da Secretaria de Cultura do Estado, e que precisa prestar contas por isso. Apesar de contar com apoio espaços cedidos por de alguns moradores, José Antônio diz que os locais são pequenos, sendo utilizados apenas em último caso.

“Era para a Cagece ter alugado um outro espaço pra gente, eu disse pra eles que não posso parar a programação porque eu tenho contrato” explica o morador.

O que diz a Cagece

Em nota enviada ao O POVO a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), diz que através da Ambiental Ceará, está realizando a substituição emergencial de 132 metros da tubulação da rede de esgoto, por uma tubulação mais resistente com 1,2 metros de diâmetro, sendo a conclusão prevista para 15 de maio, junto com os reparos necessários no entorno da obra.

A companhia diz que a chuva prejudica o andamento e a finalização da obras. Além disso, cita que suas equipes sociais atuaram junto ao projeto social ocupação e que “durante a execução da obra alinharam a mudança da Biblioteca Okupação para espaços provisórios, localizados na rua Salgado Filho, nos números 1120 e 961, no bairro Antônio Bezerra”.

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