Gripe: atendimento de crianças em postos de saúde de Fortaleza cresce 22% em março

Postos de saúde de Fortaleza registraram aumento de 22% nos atendimentos de crianças com síndromes gripais entre fevereiro e março

No último mês, Fortaleza tem registrado variações climáticas intensas, com temperaturas diferentes e chuvas frequentes. Isso coincide com o aumento esperado de doenças sazonais, como resfriados e gastroenterites, comumente conhecidas como viroses. Dos 10 mil atendimentos de crianças e adolescentes de até 14 anos com sintomas gripais nos postos de saúde de Fortaleza, quase a metade foi apenas no mês de março. Com sistemas imunológicos ainda em desenvolvimento, as crianças estão entre os mais vulneráveis e os responsáveis devem estar atentos às formas de prevenção e tratamentos dos pequenos.

Somente entre janeiro e março de 2024, foram realizados 10 mil atendimentos em crianças por sintomas de síndrome gripal nos 118 postos de saúde do Município. A maior parte dos casos foi registrada no último mês de março, com 4.502 atendimentos. O número é 22% maior do que o registrado em fevereiro, quando 3.687 crianças e jovens foram atendidos.

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Segundo Luciana Passos, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC) e coordenadora das redes de atenção primária de Fortaleza, a sazonalidade influencia tanto no aumento dos casos de viroses quanto na incidência de crises alérgicas.

“Além dos sintomas alérgicos, como a rinite, estamos em uma época de disseminação de vírus. Temos vírus que são simples, como o rinovírus, que afetam apenas as vias aéreas, durando cerca de 24h a 72h na infância”, exemplifica a especialista.

A propagação de doenças durante o período chuvoso pode estar atrelada a comportamentos típicos da época, como passar mais tempo em ambientes fechados e mal ventilados. Há também a incidência de vírus mais complexos, como influenza e, até mesmo, Covid-19.

“Além dos sintomas nasais, eles provavelmente também vão causar febre, moleza no corpo e dores. Nesses casos, requer atenção médica, principalmente nas crianças menores de 2 anos”, aponta a médica.

Foi ao notar esses sintomas que a consultora de vendas Aniele Sousa, 32, decidiu levar sua filha Ella Lavínia, de 4 anos, ao Hospital da Criança de Fortaleza Dra. Lúcia de Fátima Ribeiro Guimarães Sá (HCF, também conhecido como Hospital da Criança), localizado no bairro Jóquei Clube.

Ela conta que desde o fim de semana havia notado sintomas na pequena, como nariz escorrendo e dores de cabeça, tratados com medicação. Entre a madrugada e manhã desta segunda-feira, 1°, contudo, Ella teria apresentado diarreia e febre.

Por se tratar de um caso considerado de menor gravidade, Ella Lavínia foi direcionada ao posto itinerante, que está localizado no pátio do HCF. “Decidi trazer ela logo para o Hospital, que seria mais especializado e também pela proximidade de casa”, relata a mãe, que se surpreendeu ter encontrado a unidade com baixo fluxo de pacientes, devido ao pós-feriado.

“O médico passou uma série de medicamentos para ela tomar em casa. Também, pelos próximos dias, ela vai ficar em casa, sem ir para a escola”, comentou Aniele Sousa.

“Como é uma transmissão oral, é muito fácil a disseminação. É importante que os responsáveis deixem a criança ter uma melhora do quadro clínico antes de retorná-la ao ambiente escolar, para evitar a propagação de surtos dessas doenças”, ainda comenta Luciana Passos.

A especialista ressalta a importância de vacinar as crianças contra os vírus da gripe, bem como contra a Covid-19. Atualmente, o Ceará realiza a campanha de vacinação contra a Influenza. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesa), a meta é vacinar cerca de 90% do público alvo até 31 de maio

Como prevenir viroses

  • Lave as mãos frequentemente com água e sabão
  • Evite tocar nos olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas
  • Evite aglomerações, especialmente em ambientes fechados
  • Use máscaras faciais em locais públicos com lotação de pessoas e certifique-se de que a máscara cubra o nariz e a boca
  • Consuma uma dieta equilibrada rica em frutas, vegetais e proteínas para fortalecer o sistema imunológico
  • Lave e cozinhe bem alimentos para evitar a contaminação por bactérias
  • Mantenha-se hidratado
  • Fique em casa se você estiver doente
  • Mantenha as vacinas atualizadas, especialmente aquelas recomendadas para prevenir viroses específicas, como influenza e rotavírus

Fonte: Luciana Passos (coordenadora das redes de atenção primária de Fortaleza) e Cirle Bueno coordenadora de enfermagem do Hospital Infantil Filantrópico Sopai.

Crianças com diarréia e vômito

Além das síndromes gripais, a época de chuvas também é propícia para o desenvolvimento de infecções gastrointestinais, como vômito e diarreia. Conforme Cirle Bueno, enfermeira e coordenadora de Enfermagem do Hospital Infantil Filantrópico Sopai, a incidência pode ser atribuída “à temporada de reprodução de insetos, como moscas”, afirma.

Somente no Sopai, unidade conveniada ao Sistema Único de Saúde (SUS), houve um total de 2.803 atendimentos para casos de síndromes gripais e doenças diarreicas em crianças e jovens durante o período de 1° de fevereiro a 15 de fevereiro.

No mês seguinte, no mesmo período (01/03 a 15/03), esse número aumentou para 4.361 atendimentos, representando um aumento de 55% em relação ao mês anterior.

Sintomas de vômito ou diarreia são considerados de maior gravidade. Portanto, é importante que a criança seja rapidamente direcionada para uma unidade de saúde. “Também não se deve deixar a criança desidratar. O soro oral, para quem tem vômito e diarreia, salva vidas. Cada vez que a criança tiver um desses episódios, é importante que seja oferecido soro oral”, esclarece a enfermeira.

Se a criança não aceitar a hidratação, é crucial que os responsáveis a levem ao hospital imediatamente. “Lá, ela receberá antieméticos, medicamentos contra vômitos, e será acompanhada de perto por um profissional de saúde”, concluiu Cirle Bueno, coordenadora de enfermagem do Sopai.

 

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