Desabamento de triplex leva à interdição de outros 18 imóveis no Mondubim

Somente em março, a Defesa Civil já registra 151 ocorrências de risco de desabamento e 12 casos de desabamentos em Fortaleza

Após o desabamento de um triplex, no bairro Novo Mondubim, em Fortaleza, outros 18 imóveis foram considerados de risco e interditados pela Defesa Civil. O caso foi registrado no início da manhã do último domingo, 17.

No momento do incidente, apenas uma família estava no local. Conforme o Corpo de Bombeiros, não houve vítimas e todos foram retirados em segurança do imóvel.

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Desde o dia 1° de janeiro de 2024 até o dia 17 de março, a Defesa Civil (DC) de Fortaleza aponta o registro de 482 imóveis e edificações com riscos de desabamento, bem como 81 desabamentos. Somente em março, do dia 1 até 17, a DC recebeu 174 ocorrências. A maioria foi de risco de desabamento (151); na sequência, os desabamentos (12) e os incêndios (6).

Um dia após o desabamento no bairro, curiosos que passam pela edificação e moradores dos arredores ainda se espantam ao ver o que restou do prédio. O imóvel localizado na rua Sete funcionava como ponto comercial, no andar térreo, e residencial, nos superiores. O desabamento ocorreu por volta das 6h de domingo.

Triplex desaba: "família estava gritando por socorro no andar de cima"

Morando em frente ao triplex, Cleuba Pereira, 51, foi uma das primeiras moradoras que ouviu o momento do desabamento e se espantou ao ver o imóvel no chão. “Tinha acabado de cair uma chuva forte, mas ainda estava chovendo. Quando abrimos o portão, vimos o estrago e a família estava gritando por socorro no andar de cima”, conta a vizinha.

O triplex caído e os imóveis interditados se localizam em uma esquina. Enquanto a fachada está disposta na rua Sete, os outros 18 imóveis estão localizados na rua 6. Os fundos das edificações, no entanto, são geminados. Portanto, com a queda do triplex, a estrutura dos outros imóveis residenciais e comerciais ficou comprometida.

“A família — que era a esposa, o marido, o filho adolescente e um cachorro — morava nos imóveis do outro lado. Com a queda do triplex, como a escada que dá acesso aos prédios caiu e uma parede que conecta as casas também desabou, eles não tinham como descer”, detalha Cleuba.

A moradora explica que seu irmão e alguns outros moradores logo se prontificaram em ajudar a família a descer. Contudo, os diversos fios elétricos na frente dos empreendimentos tornaram difícil a ação.

“Um outro morador conseguiu uma maquininha para testar se havia energia passando e se era seguro. Quando viram que dava pra passar, com uma escada, primeiro retiraram o menino, depois a mulher e por último o marido e o cachorrinho”, disse Neuba.

Equipes da Defesa Civil (DC) de Fortaleza e do Corpo de Bombeiros (CBM-CE) estiveram no local para auxiliar nos processos de resgate. Conforme a DC, a família que morava no local foi encaminhada para o abrigo solidário. Na ocasião, os agentes entregaram cestas básicas, mantas e redes.

Além do triplex, os oito apartamentos e dez pontos comerciais que são vizinhos ao imóvel caído também foram interditados pela Defesa Civil para garantir a segurança da população.

Triplex desaba: moradores já previam incidente

Também residindo em frente ao imóvel que desabou, Angela Fernandes, que há três anos mora no local, conta que o incidente já era previsto por quem conhecia o triplex. “Muitos moradores, do triplex e dos imóveis vizinhos, tinham medo de um desabamento, e a maioria já havia saído justamente por causa disso. Foi até por isso que não houve uma tragédia, porque só havia uma família lá”, aponta a moradora.

Segundo a vizinha, o conjunto de edificações deve ter em torno de 30 anos. “Já tinha muitas rachaduras nos apartamentos, não tinha manutenção. Nós já escutávamos alguns estalos. Agora essa parte que não caiu ficou mais perigosa. Se der uma chuva forte igual deu [na madrugada] de sábado para domingo, pode ser que caia o resto”, teme Angela Fernandes.

Em Fortaleza, entre as 7 horas do último sábado, 16, e as 7 horas do domingo, 17, foi registrado um acumulado de 77mm. Os dados são da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme).

Triplex desaba: Defesa Civil orienta cuidados

Os 18 empreendimentos e o prédio desabado pertencem a um único proprietário. Segundo a Defesa Civil, o locador deve ser notificado e orientado a resolver a situação do prédio, com brevidade, eliminando os riscos identificados.

“Como eles vão lidar com essas estruturas remanescentes é uma questão muito mais particular. A Defesa Civil fará o acompanhamento, mas exigirá que haja uma equipe de engenharia avaliando o local, no quesito se vão recuperar ou se vão demolir", esclarece o Agente da DC de Fortaleza, Saulo Aquino. "Até mesmo para preservar os demais ambientes que foram interditados e evitar riscos a outras pessoas.”

No local, moradores ainda relataram à equipe do O POVO que pessoas chegaram a adentrar a área interditada para recolher materiais, possivelmente para reciclagem. Aquino ressalta os riscos de não acatar a sinalização de perigo.

“Parte das estruturas remanescentes do colapso ainda persiste em pé e existe a possibilidade de queda delas, que ficaram fragilizadas após o colapso. Pedimos para que os moradores e os vizinhos evitem qualquer tipo de acesso a esses ambientes interditados. Uma vez que as interdições são justamente para preservar a segurança deles”, enfatiza.

Além disso, o agente da Defesa Civil pontua a possibilidade de os próprios moradores do prédio tentarem entrar nas áreas interditadas preocupados, por exemplo, com bens materiais e documentos.

“A gente pede para que, nesse primeiro momento, aguardem as avaliações da equipe de engenharia a ser contratada pelos proprietários. Os riscos ainda persistem e os moradores devem, primeiro, preservar a sua segurança”, conclui Saulo Aquino.

Em caso de qualquer risco, a Defesa Civil de Fortaleza deve ser acionada via Ciops, através do fone 190. Os agentes trabalham em regime de plantão, 24h, para atender as demandas da população.

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