Ozempic: medicamento para diabetes está em falta na maioria das farmácias de Fortaleza

Canetas injetáveis vêm sendo compradas para fins de emagrecimento estético

Utilizado para tratamento de pacientes com diabetes tipo 2 e obesidade, o remédio Ozempic — nome comercial da substância ‘semaglutida’ — está em falta nas prateleiras de diversas redes de farmácias em Fortaleza. A medicação, que pode ser comprada sem receita médica, vem sendo adquirida para fins de emagrecimento estético, o que pode vir a causar danos à saúde e o esgotamento das unidades disponíveis para quem necessita.

Segundo a professora e coordenadora do Grupo de Prevenção ao Uso Indevido de Medicamentos, do curso de Farmácia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Mirian Parente Monteiro, o Ozempic é indicado como um adjuvante a uma dieta hipocalórica e exercício físico aumentado para controle de peso.

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“[O remédio é recomendado] para adultos com obesidade ou sobrepeso, na presença de pelo menos uma comorbidade relacionada ao peso — como disglicemia (pré-diabetes ou diabetes mellitus tipo 2), hipertensão, dislipidemia, apneia obstrutiva do sono ou doença cardiovascular”, afirma.

Ela destaca ainda que, por ser um medicamento que faz com que o indivíduo tenha uma rápida perda de peso, faz com que ele perca de forma brusca grandes quantidades de elastina e colágeno. A característica originou o que foi apelidado entre profissionais, de “Ozempic face”, em tradução, rosto de Ozempic, que se assemelha ao um rosto "caído", com aparência abatida.

O diretor do Departamento de Obesidade da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), Fábio Trujilho, detalha que, no Brasil, o medicamento conta com três diferentes dosagens são elas: 0,25 mg; 0,50 mg; 1 mg. O Ozempic consiste em canetas injetáveis de aplicação semanal.

Com relação ao emagrecimento, o especialista explica que a semaglutida é um agonista dos receptores de GLP-1 (peptídeo semelhante ao glucagon 1). Esses receptores estão presentes em áreas do cérebro envolvidas na regulação do apetite.

“Esse estímulo resulta na redução da ingestão de energia decorrente da indução da sensação de saciedade e redução da sensação de fome”, pontua Fábio.

Outros efeitos colaterais do Ozempic

A professora Mirian Parente alerta que as pesquisas acerca do uso da semaglutida são recentes, ou seja, há um desconhecimento quanto ao uso dessa substância a longo prazo.

“Isso acontece porque muitas pesquisas sobre o Ozempic se encontram em fase de desenvolvimento, fazendo-se necessário um tempo para a avaliação de riscos a longo prazo”, salienta.

É sabido, no entanto, que o medicamento — caso usado de forma indevida — pode causar efeitos colaterais gastrointestinais, que podem ocorrer com frequência, como náuseas, vômitos e diarréia. Além disso, pode ocorrer, pancreatite, colelitíase e danos renais.

Os efeitos adversos mais graves, segundo a bula da semaglutida (Ozempic) pela Food and Drug Administration (FDA), há um risco para tumores de célula C da tireoide, de acordo com um estudo observado em animais, mas não foi confirmado em humanos, por isso requer atenção do usuário do medicamento se há histórico familiar ou individual de tumores na tireóide. Além disso pode ocorrer, pancreatite, colelitíase e danos renais.

Aprovação da semaglutida no Brasil e escassez nas farmácias

O endocrinologista Fábio Trujilho pontua que o Ozempic tem sido aprovado para uso em vários países ao redor do mundo.

“No Brasil, no início deste ano, a Anvisa liberou o uso da semaglutida para a perda de peso, com nome de Wegovy e apresentação de 2,4 mg. O Ozempic, por sua vez, possui apresentação de 1,0 mg. Acredito que o Wegovy ainda não chegou no Brasil por conta de dificuldades em abastecimento, mas ela já foi aprovada para o tratamento da obesidade no país”, diz o diretor.

Ainda não se sabe quando o Wegovy chegará no mercado brasileiro, o medicamento segue na Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (Cmed) para definição de preços.

O POVO apurou que, em grande parte das redes farmacêuticas de Fortaleza, o Ozempic está em falta ou disponível em poucas unidades. Em ligação telefônica, uma atendente de uma das redes, que preferiu não se identificar, informou que, frequentemente, há grande busca pelo medicamento — o que faz com que ele se esgote rapidamente nas lojas.

“Na minha concepção, não há dúvidas que essa escassez do Ozempic nas farmácias tenha relação com o uso indevido do medicamento para outros fins. No entanto, é preciso cautela com a automedicação. É importante entender os riscos e sempre buscar pela orientação médica”, conclui Fábio.

 

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