Praça da Sé: feira de roupas tem fluxo mediano na manhã de domingo

Área na região central de Fortaleza concentra comércio em ruas e galpões; feirantes e Prefeitura têm acordo para uso da região durante noite e madrugada

A região entre a avenida Pessoa Anta e a Catedral Metropolitana de Fortaleza, no Centro da Capital, é conhecida pelo comércio de roupas. Nos galpões, no Mercado Central, e mesmo no meio da rua, feirantes exibem os produtos em mesas e manequins.

Chamada coletivamente de "feira da madrugada", a região se divide em determinados espaços. Há públicos relativamente distintos em cada área, algo que se reflete na estrutura dos locais — apesar de as diferenças serem tênues.

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Na avenida mais próxima à praia fica a maior parte dos galpões. Aqui também são localizadas diversas garagens de ônibus: os coletivos vêm do interior do Estado, com lojistas e vendedores porta-a-porta que compram (ou recebem por consignação) roupas em grandes quantidades.

Os "sacoleiros", como são popularmente conhecidos, frequentam os locais com ênfase na venda por atacado. São boxes maiores, com espaço para estocar as roupas, e a dinâmica é de comércio entre empreendedores, com menor fluxo de consumidores finais.

A região ao redor da Catedral, por sua vez, traz um grande número de feirantes nas ruas. O comércio ambulante do local tradicionalmente se concentrava na praça Caio Prado (mais conhecida como Pracá da Sé), em frente à igreja, sendo motivo de conflito entre vendedores e Estado desde a década de 1990.

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Entre 2017 e 2018 a área esteve fechada para reformas, mas o objetivo do restauro não foi abrigar os lojistas. No segundo semestre de 2021, outra interdição: metade da praça está coberta, até hoje, por tapumes, cujos cartazes avisam ser uma obra do Metrô de Fortaleza.

Sem condições de pagar por boxes nos galpões privados, e com vagas insuficientes nos centros de comércio geridos pelo poder público, os feirantes seguiram ocupando a avenida Alberto Nepomuceno: com três faixas para veículos, a via por vezes era completamente tomada pelas barracas.

Esta organização seguia até a rua José Avelino, paralela à Pessoa Anta, que chegava a ser interditada pelos vendedores. A ocupação gerou novo conflito em 2021, que levou à morte de um ambulante durante batida da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) na região. Após o caso, Prefeitura e feirantes entraram em acordo para uso do local: atualmente, é obrigatório que ao menos uma faixa esteja liberada para veículos, e, de segunda-feira a sábado, o funcionamento só é permitido até às 7 horas.

O horário incomum origina o nome popular da região: os vendedores começam a montagem das barracas no fim da noite. As vendas ocorrem durante a madrugada — tanto para os sacoleiros quanto para o público em geral.

Isto explica por que, quando a reportagem chegou ao local na manhã deste domingo, 4, o movimento era, no máximo, mediano. Por volta das 7 horas, algo que seria consideravelmente cedo para a maioria dos estabelecimentos comerciais, a feira de roupas na avenida Alberto Nepomuceno já estava próxima do fim.

A movimentação de "encerramento" era mais notável em frente à Catedral, onde o fluxo é menos intenso: como, a esta altura, a avenida tem apenas duas faixas em cada sentido, mesmo durante o horário regular há menor quantidade de clientes. Esta parte é também um "corredor" entre os galpões de atacado e a feira da José Avelino, perto da praia, e os centros comerciais com foco em varejo, que ficam por trás da Catedral. Estes últimos, no entanto, estavam fechados neste domingo, reduzindo ainda mais o número de compradores.

Na opinião de alguns vendedores, no entanto, a movimentação segue dentro da média. É o caso de Erislândia Albuquerque, que vende vestidos — na feira, os produtos de cada ambulante não atendem apenas às convenções de gênero, mas são divididos também por tipo de peça. É comum, por exemplo, quem comercialize apenas bermudas, somente conjuntos de cropped e short, exclusivamente vestidos, ou outras especializações.

Erislândia destaca que, entre os que compram para revenda, o fluxo segue normal. "Eles vêm em busca de mercadoria para o Carnaval, que é para ter o 'chama'", pontua ela. "Mas também vêm pegar mercadoria de sempre: blusinhas, vestidos, as peças básicas que os clientes compram no cotidiano".

Alguns metros abaixo, Elvis García tem uma visão diferente sobre o tema. "Um dia bem, outro dia não vende", começa o ambulante, que comercializa peças diversas, feitas sempre de algodão cru. "O movimento caiu muito. Antigamente era bem melhor. Dia das Mães era bom... Dia dos Pais nem existe mais", afirma. Para o pré-Carnaval, segundo ele, o fluxo também tem sido fraco.

O ponto de Elvis, em frente ao Mercado Central, tem maior circulação de turistas. Nesta parte, meio caminho entre a Catedral e os galpões, a ênfase é na venda em pequenas quantidades, com a maior parte das barracas sendo de varejistas.

Ainda que o horário permitido aos domingos seja mais extenso, por volta de 8h30min, quando a reportagem saiu do local, a maioria dos feirantes em frente à igreja já havia indo embora. Entre os que permaneciam, muitos já guardavam os produtos, indicando que a Feira da Madrugada, de fato, se encerra nas primeiras horas da manhã.

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