Mulheres são 77% das notificações de entrada de violência no IJF em 2023

Comissão de Atenção e Proteção às Pessoas em Situação de Violência Interpessoal e Autoprovocada foi implantada e formalizada na unidade de saúde, nesta terça-feira, 30, para identificar e acolher vítimas desse perfil e demais público

As mulheres lideraram as notificações de entrada em situação de violência interpessoal no Instituto Doutor José Frota (IJF), em Fortaleza, no ano de 2023, com 77% dos registros. A informação foi divulgada, nesta terça-feira, 30, durante solenidade de posse dos membros da Comissão de Atenção e Proteção às Pessoas em Situação de Violência Interpessoal e Autoprovocada do hospital.

O cenário apontou para a predominância da entrada de mulheres entre 18 a 29 anos de idade residentes em Fortaleza, que foram vítimas de violência física, perfuração de arma de fogo e força física, ou seja, agressões. Os números foram registrados após as vítimas darem entrada no hospital e a equipe do serviço social da unidade notificar os casos à Secretaria Municipal da Saúde (SMS), que é responsável por informar os casos ao Ministério da Saúde (MS).

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Ao todo, no ano passado, foram 475 notificações de violência desse cenário, sendo 366 casos registrados em mulheres e 108 em homens. Na divisão do perfil, as notificações foram 318 do público feminino, 121 de idosos, 25 de pessoas com deficiência (PcD) e 11 do público LGBTQIAPN+. Os dados foram divulgados pelo Instituto e constam no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do MS.

Uma comissão composta por 18 profissionais, entre assistentes sociais, psicólogos, enfermeiros e médicos, foi formalizada, nesta terça, para dar início a um acompanhamento dos casos de violência que dão entrada no IJF. A equipe pretende realizar uma assistência, desde a entrada até a saída, aos pacientes vítimas de agressão e lesões graves acolhidos no hospital, que é gerido pela Prefeitura de Fortaleza.

De acordo com a assistente social do IJF Jane Lane Gadelha, serão construídos os atendimentos e encaminhamentos para evitar que os tipos de violência voltem a acontecer e minimizar os danos da violência. Entre os objetos de notificações, sendo casos suspeitos ou confirmados, estão as violências domésticas, sexual, autoprovocada, tráfico de pessoas, trabalho escravo, trabalho infantil, intervenção legal, tortura e violência homofóbicas.

“A comissão vai pensar nesses fluxos, desde a entrada, para que a gente possa identificar prontamente que ela foi vítima de violência e requerer um tratamento diferenciado e para um acompanhamento”, explica Jane.

A profissional ainda destaca que a comissão vai pensar na assistência após saída do hospital, para verificar se a vítima pode necessitar de encaminhamento para cuidar da saúde mental e pensar em estratégias na segurança da vítima através da parceria com demais órgãos públicos, como a Defensoria Pública do Ceará (DPCE) e Casa da Mulher Brasileira.

A coordenadora Especial de Políticas Públicas para Mulheres, da Secretaria Municipal dos Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SDHDS), Cristhina Brasil, reflete a importância da criação da comissão. “Nós podemos, junto com a comissão, trabalhar a intersetorialidade das políticas públicas de saúde voltadas ao atendimento às vítimas de violência [...] Haverá uma interligação essencial para planejar e executar ações, além de prevenir o feminicido”, disse.

Segundo o superintendente do IJF, Daniel Holanda, a Comissão vem para preencher uma lacuna assistencial na unidade, com as atividades sendo iniciadas de forma imediata. “A assistência vai desde a entrada, com uma busca ativa porque, muitas vezes, a violência é veleda. É feita uma abordagem multidisciplinar, em seguida é feita a notificação e os órgãos de controle são contactados para que as medidas, como protetivas, sejam tomadas”, explica.

Durante a solenidade da Comissão, alguns órgãos das esferas públicas municipal, estadual e federal, envolvidos com o socorro, a prevenção e a proteção da população estavam presentes no evento. A programação conta ainda com a palestra do professor César Barreira, sociólogo e coordenador sênior do Laboratório de Estudos da Violência da Universidade Federal do Ceará (LEV/UFC).

Uma comissão de assistência à violência que vai tratar, especificamente de crianças e adolescentes, está em andamento no IJF. Atualmente, a iniciativa está em trâmites administrativos e ainda não há previsão para a implementação do grupo na unidade de saúde do município.

Confira fotos da posse da Comissão

 

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