Abandono de gatos no Parque do Cocó segue sem solução definitiva

O abandono de animais é considerado crime ambiental. No Cocó, a presença de felinos representa um risco ao ecossistema existente no local

O abandono de gatos no Parque Estadual do Cocó e no Parque Adahil Barreto é um problema que se arrasta há anos em Fortaleza. Mesmo com a colaboração de voluntários e ações pontuais de resgate e castração, o problema segue sem uma solução definitiva.

A presença dos gatos em uma Unidade de Conservação é prejudicial de diferentes formas, já que, além do crime de abandono, também fere o ecossistema existente no Cocó. Os felinos representam um risco à fauna local, já que são capazes de matar répteis, pequenos roedores e até filhotes de soins. Esses e outros problemas foram abordados na coluna do jornalista Demitri Túlio, no último dia 18.

Em ambos os parques, não é difícil localizar os animais, já que a maioria se concentra no mesmo ponto há anos. No Parque do Cocó, o bando está próximo à entrada da avenida Engenheiro Santana Júnior, 3333. Já no Adahil Barreto, os gatos estão nos arredores de um gatil construído próximo à entrada principal do Parque.

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Para o biólogo Enio Sombra, que integra o Conselho Gestor do Parque do Cocó, o problema é grave. Para o especialista, é preciso que políticas públicas sejam implementadas para que o problema seja abordado de forma completa, e não apenas com medidas paliativas.

"Com ações isoladas, não teremos um resultado prático. Claro que não há como capturar todos os gatos, e muito menos matá-los, é preciso política pública". Questionado sobre qual seria o melhor modo de tratar o problema, Sombra aponta que é necessário o compromisso de trabalho contínuo.

"Tem que acompanhar todo o processo: captura, castração e adoção. É preciso ir até o final para saber se todo o processo foi adequado. Sei que tudo isso envolve um custo, captura, transporte e o procedimento cirúrgico. Mas hoje fica uma questão, se castra o animal, vai devolver para onde?", questiona.

O problema relatado por Enio faz parte da realidade da ONG Deixa Viver. Segundo a fundadora e presidente Gabriela Moreira, o processo de achar um lar para os gatos nem sempre é rápido. A ativista reconhece que os felinos afetam o equilíbrio dos parques e também cobra uma atuação mais incisiva do poder público, apontando caminhos para uma solução.

"Não adianta fazer abrigo, é pegar a sujeira e empurrar pra baixo do tapete. Esses espaços rapidamente estariam lotados. É preciso educar as pessoas, coibir o abandono com punição, além de castração em massa", opina.

Atualmente, os gatos que vivem nesses locais são castrados de forma esporádica, sem um plano concreto de destinação final dos animais. De acordo com a coordenadora de Proteção e Defesa Animal Thais Câmara, da Secretaria do Meio Ambiente (Sema), a captura dos animais é feita "sempre que possível". Os animais são encaminhados à castração e, junto com a Unidade de Vigilância de Zoonoses, vacinados contra a raiva, além de receberem atendimento clínico, quando necessário.

Alimentação e abrigo

FORTALEZA-CE, BRASIL, 23-03-2023: fATOS ABANDONADOS NO paRQUE DO cOCÓ E pARQUE aDAHIL bARRETO. (fOTO: SAMUEL sETUBAL)
FORTALEZA-CE, BRASIL, 23-03-2023: fATOS ABANDONADOS NO paRQUE DO cOCÓ E pARQUE aDAHIL bARRETO. (fOTO: SAMUEL sETUBAL) (Foto: Samuel Setubal)

 

 

Um dos principais pontos de discussão é sobre a alimentação dos felinos, já que a oferta de comida se torna um atrativo para a permanência dos animais. Para evitar que os gatos sofram ainda mais com o abandono ou que a comida seja oferecida de forma desordenada, ilhas de alimentação foram criadas em comum acordo com a gestão e as protetoras dos animais.

"Na área do Adahil Barreto, são três pessoas responsáveis pela alimentação, todas reconhecidas pela administração do parque. Qualquer outra pessoa que for pega alimentando os animais será abordada pelos gestores e educadores e, se preciso, pela força policial", afirma Thais Câmara.

Sobre o gatil, Câmara explica que a estrutura foi construída quando o Parque ainda era de responsabilidade da Prefeitura de Fortaleza e que a ação combate o problema de forma paliativa. "Não é a melhor solução, porém, não existem abrigos públicos, nem um local com estrutura que possa receber os animais no momento".

A coordenadora de Proteção e Defesa Animal destaca, ainda, que a gestão tem se empenhado para fazer parcerias, principalmente com a Secretaria de Saúde e a Coordenadoria de Proteção Animal do município, para realizar a vacinação, vermifugação e castração dos animais, assim como ampliar o policiamento e monitoramento ambiental, além de melhorar a fiscalização e punição para aqueles que cometem o crime de abandono.

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Gatos abandonados Parque do Cocó Parque Adahil Barreto

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