Fortaleza chega ao oitavo ano consecutivo de redução de mortes no trânsito

Redução de velocidade das vias e ampliação do espaço para ciclistas são ações vistas como exemplos para o restante do país

Com 157 óbitos em 2022, o trânsito de Fortaleza registrou mais um ano de redução no número de sinistros com resultado morte. O número está em queda desde 2014, quando 377 pessoas perderam a vida por acidentes nas ruas da Capital. Em oito anos, a redução é de 58,3%, de acordo com o levantamento da Autarquia Municipal de Trânsito (AMC).

Na avaliação de especialistas de gestão de trânsito, ações como a ampliação da malha cicloviária e a redução de velocidade em algumas vias da Cidade possuem grande relevância nos resultados obtidos no último ano. Para o professor Mário Azevedo, do departamento de Engenharia de Transportes da Universidade Federal do Ceará (UFC), a ampliação do espaço para ciclistas é uma forma de inseri-los na cultura de um trânsito mais pacífico.

"O ciclista passa a ter seu espaço reconhecido, a tendência é que o estranhamento dos motoristas diminua com o tempo. A bicicleta passa a ser notada como parte daquele ambiente", avalia.

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O coordenador da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária no Brasil, Dante Rosado, classifica a redução de velocidade como o principal fator para a queda do número de mortes.

"Fortaleza passou por essa transformação em 2021, várias avenidas passaram por essa redução. A Cidade está fazendo o dever de casa e se tornou uma cidade mentora para o restante do País", destaca Rosado. A Iniciativa Bloomberg trabalha em países de média/baixa renda, em busca de desenvolver políticas públicas de segurança de trânsito.

A Bloomberg foi parceira da gestão municipal de Fortaleza de forma direta entre os anos de 2015 e 2020, e hoje atua em outras quatro cidades do Brasil: Recife, Salvador, Campinas e São Paulo. Os bons resultados da capital cearense a tornaram um polo de troca de conhecimento.

"Fortaleza é uma referência nacional, sempre levamos pessoas de outras cidades para que possam entender o que vem sendo feito de forma contínua para reduzir o número de mortes no trânsito", aponta Dante.

A queda do número de mortes entre 2021 e 2022, de 184 para 157, foi a segunda maior dos últimos oito anos, em termos percentuais. A redução de 14,6% entre os últimos dois anos perde apenas para a registrada entre 2014 e 2015, quando o número de mortes caiu de 377 para 316, o que representa uma diminuição de 16,1%.

Para o superintendente da AMC, Antônio Ferreira, Fortaleza está no caminho certo para oferecer um trânsito cada vez mais seguro. "Nenhuma morte é aceitável. Devemos seguir projetando vias com foco na segurança viária, além de requalificar os espaços já existentes para maior segurança das pessoas".

Entre os anos de 2012 e 2022, a malha cicloviária de Fortaleza aumentou 503%. Hoje, já são mais de 400 km disponíveis de forma exclusiva para os ciclistas, há dez anos a cidade possuía cerca de 70 km. De acordo com a AMC, até 2021, 50 vias da capital passaram por redução na velocidade máxima permitida.

Motociclistas são os que mais morrem no trânsito

 

Das 157 mortes registradas no trânsito de Fortaleza em 2022, 75 vitimaram ocupantes de motos. Com 49% dos óbitos, os motociclistas são os que mais morrem no trânsito da Capital, seguido por pedestres (42%), ciclistas (5%) e ocupantes de automóvel (4%).

A vulnerabilidade dos motociclistas é um dos fatores que preocupam os especialistas de trânsito. Dante Rosado avalia que é preciso oferecer outras alternativas de transporte para esse público.

"É um problema amplo de mobilidade urbana, onde as pessoas estão optando pela moto quando o transporte público não atende a necessidade delas, por conta do preço ou do tempo de deslocamento. Não é um problema só de Fortaleza".

Políticas de redução de velocidade e fiscalização são vistas como inibidoras do mau uso das motos, entretanto, não têm sido suficiente. A disseminação dos serviços de entrega por moto também é visto como um agravante.

"Os serviços de entrega fizeram com que os motociclistas trabalhassem com a pressão do tempo. A necessidade de serem rápidos, para uma boa avaliação, os torna mais vulneráveis", aponta o professor Mário Azevedo.

Por fim, Antônio Ferreira, superintendente da AMC, afirma que possui planos para que o grupo seja alcançado de forma mais efetiva pelas políticas de trânsito seguro. Ele afirma estar em contato com o sindicato das autoescolas em prol dos motociclistas.

"Busco uma parceria entre a nossa Gerência de Educação e as autoescolas. A retirada da habilitação acaba não contemplando todas as situações de trânsito. Podemos ampliar as técnicas aplicadas e melhorar a questão dos itens de segurança", pontua.

Série histórica de vítmas fatais no trânsito de Fortaleza:

2013: 358 mortes
2014: 377 mortes
2015: 316 mortes
2016: 281 mortes
2017: 256 mortes
2018: 226 mortes
2019: 198 mortes
2020: 193 mortes
2021: 184 mortes
2022: 157 mortes

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Trânsito em Fortaleza Trânsito na Capital Redução de mortes

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