Após dois anos sem Carnaval, ensaio aberto do Maracatu Solar abre alas para o pré

Com o tema "Solar com Oxumarê para continuar mudando a maré", antigas e novas gerações se misturam em ritmo de celebração pela mudança de ciclos. Agremiação vislumbra novo momento para a cultura, tanto a nível estadual quanto nacional

Foi dada a largada para o Pré-Carnaval 2023 e o som dos batuques e tambores já deu o tom da festa: o maracatu. O estacionamento do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (ADUFC), no bairro Benfica, foi tomado pela folia no primeiro ensaio aberto do grupo Maracatu Solar na noite desse sábado, 14.

Após dois anos sem Carnaval em virtude da pandemia de Covid-19, este ano a agremiação homenageia o Orixá do movimento e da mudança de ciclos, Oxumarê, com o tema “Solar com Oxumarê para continuar mudando a maré”.

A temática inspira todo o repertório da festa, desde música, até coreografia e fantasias. Além disso, durante o ciclo também acontecem debates, rodas de conversa, oficinas e outras atividades como o ensaio aberto, que contou, ainda, com venda de comidas e bebidas.

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Antigas e novas gerações se misturam em ritmo de celebração da cultura popular para abrir alas a um ciclo carnavalesco de alegria e paz. Gabriel Carneiro, 26, está há apenas um mês no grupo e diz que se sentiu abraçado pelo coletivo desde o primeiro momento.

O jovem conta que foi atraído pela batida do agbê, também conhecido como xequerê, e logo buscou informações sobre o instrumento. Depois de comprar a cabaça, as linhas e as contas, fez o seu próprio e se diz animado para acompanhar o maracatu pelas ruas da Capital.

O jovem Gabriel Carneiro foi atraído pela batida do agbê, também conhecido como xequerê, e logo buscou informações sobre o instrumento
O jovem Gabriel Carneiro foi atraído pela batida do agbê, também conhecido como xequerê, e logo buscou informações sobre o instrumento (Foto: Karyne Lane)

As amigas Leonnah Ramonnah, 38, e Girlene Daniel, 37, de Tabuleiro do Norte, participaram do ensaio pela primeira vez e foram contagiadas pelo compasso das batucadas. A dupla está de férias em Fortaleza e relatou que já pôde sentir uma prévia do carnaval.

“Eu fiquei encantada, eu adoro. Minha mãe é mãe de santa, então para mim eu estou em casa, me senti em casa. Quando entrei aqui me apaixonei. Já sonho na minha comunidade fazer também”, disse Leonnah, que é de Olho d’Água da Bica.

“Eu amei também. Vivo muito lá porque moro praticamente com ela, conheço um pouco por causa dela, mas fiquei toda arrepiada com a energia. Já deu para sentir como será o carnaval, uma prévia”, completou Girlene.

As amigas Leonnah Ramonnah e Girlene Daniel, de Tabuleiro do Norte, participaram do ensaio pela primeira vez e foram contagiadas pelo compasso das batucadas
As amigas Leonnah Ramonnah e Girlene Daniel, de Tabuleiro do Norte, participaram do ensaio pela primeira vez e foram contagiadas pelo compasso das batucadas (Foto: Karyne Lane)

Os festejos também simbolizam o novo momento no cenário político, que sinaliza para a retomada da cultura em toda sua capilaridade. É o que destaca o multiartista Pingo de Fortaleza, um dos fundadores da agremiação: “A gente está, felizmente, passando de um ciclo político complexo para outro momento de mais esperança. Somos um coletivo que pratica muito as ações sociais e políticas, e estivemos muito presentes nesse momento de transformação”.

Na avaliação de Pingo, o contexto de retomada do Ministério da Cultura, por exemplo, aponta para uma perspectiva de esperança, principalmente para quem está na ponta.

“Há uma expectativa de consolidação de uma política cultural com a instalação do sistema nacional de cultura, porque a grande força da cultura vai se dar com estabelecimento do sistema, que é o que vai propiciar o apoio à ponta, aos artistas dos municípios, às pessoas que fomentam a produção artística”, afirma.

Antigas e novas gerações se misturam em ritmo de celebração da cultura popular para abrir alas a um ciclo carnavalesco de alegria e paz
Antigas e novas gerações se misturam em ritmo de celebração da cultura popular para abrir alas a um ciclo carnavalesco de alegria e paz (Foto: Karyne Lane)

“Temos uma ministra que consideramos bem escolhida para esse papel, já temos uma deliberação de uma verba significativa, dois editais em vista, e no Ceará consideramos que já temos uma política, mas esperamos que aumentem os recursos para o fomento, porque os equipamentos são importantes e necessários, mas se não tiver dinheiro para fomento os artistas ficam sem produzir”, pontua.

Pingo ressalta que “a cultura trabalhou muito, se colocou, os artistas em geral, e agora está numa perspectiva muito positiva de que os resultados comecem a acontecer o mais brevemente possível”.

“Vamos estar apoiando mas ao mesmo tempo também cobrando recursos para editais substanciais onde mais artistas sejam contemplados, mais eventos de circulação nos equipamentos e na rua. Estamos esperançosos e felizes com a vitória que tivemos nos campos nacional e estadual na perspectiva da cultura, da consolidação”, finaliza.

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