Gonzaguinhas de Messejana e José Walter apresentam movimentação tranquila

No último fim de semana, unidade de Messejana foi desativada, no mesmo período em que o Gonzaguinha do José Walter iniciou as atividades

O último fim de semana foi de mudanças na rede de saúde de Fortaleza. No sábado, 2, o hospital Gonzaguinha de Messejana encerrou os atendimentos de emergência. A transferência de pacientes para as demais unidades de saúde aconteceu até o domingo, 3. Ainda no sábado, o Gonzaguinha do José Walter passou a atender a população por meio da emergência obstétrica. Na manhã desta segunda-feira, 4, a movimentação nos dois hospitais era tranquila.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Na unidade de Messejana, duas pessoas procuraram atendimento pela manhã e foram surpreendidas com o fechamento do hospital, que passará por reforma e dever retomar as atividades somente no primeiro semestre de 2024. As duas mulheres que foram ao local concordaram que o hospital precisa de melhorias, mas lamentaram o fechamento da unidade.

De acordo com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), não seria possível manter o funcionamento do hospital durante a reforma, pois além de isso atrasar os trabalhos, representaria um risco aos pacientes.

"Eu tinha ouvido o boato de que iria fechar, mas achei que era só conversa. Sou paciente de mastologia aqui, preciso fazer uma mamografia, mas agora preciso procurar outro hospital", explica Zilda Lima, 45. Moradora da Messejana, ela conta que sempre foi bem atendida e lamenta a distância das outras unidades ofertadas pela Prefeitura.

No muro onde está localizado o antigo portão de acesso ao hospital, uma placa informa sobre a transferência do atendimento para o Gonzaguinha do José Walter e da Barra do Ceará, ou ainda para o hospital Nossa Senhora da Conceição, no Conjunto Ceará.

O comunicado ainda oferece dois números de telefone para quem, porventura, precise de mais informações, mas nenhum estava funcionando na manhã desta segunda-feira. "Liguei a manhã inteira, e ninguém me atendeu. Moro aqui perto e sempre venho pedalando. Tenho um filho autista, deixo ele sozinho, porque sempre foi rápido aqui, mas e agora?", questiona Zilda.

Já Ana Maria, 51, aposentada por possuir uma má formação em seus pés que dificulta a locomoção, diz se sentir desamparada.

"Eu também moro aqui perto. No mês passado, me falaram que ia fechar e que eu deveria ir para o José Walter. Não tenho como pegar um ônibus sozinha daqui até lá, eu nem sei como usa", reclama.

Em outro ponto da cidade, no Gonzaguinha da José Walter, a movimentação também era tranquila. As pacientes que saíam da unidade informaram que não houve nenhum problema durante o atendimento.

"Estou com muita dor de cólica. Fizeram o exame de toque, mas eles falaram que é normal durante essa fase da gravidez", conta Amanda da Silva, 23, que está grávida de nove meses.

A jovem era atendida no Gonzaguinha da Messejana e disse que não teve problemas para chegar à nova unidade. "Já tinham me dito que, se eu sentisse alguma coisa, tinha que ir pro hospital novo. Aqui é muito bom, a estrutura está ótima.”

Já Vitória Souza, 25, grávida de seis meses, também aprovou a nova unidade. "Fui atendida na emergência. Estou com suspeita de chikungunya, o atendimento foi rápido. Já fiz um exame de sangue, estou só esperando o resultado."

Apesar do bom atendimento relatado pelos pacientes, O POVO constatou um problema na rampa de acesso ao hospital. Devido às chuvas na manhã desta segunda-feira, 4, o piso ficou escorregadio. Pelo menos três pessoas escorregaram, e, segundo relatos, outras duas chegaram a cair desde que a unidade iniciou os atendimentos.

O POVO questionou a Prefeitura de Fortaleza sobre o problema na rampa no Gonzaguinha do José Walter, bem como sobre a quantidade de pacientes e funcionários transferidos. Por meio de nota, a Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf) justificou que o piso utilizado na rampa de acesso ao hospital é constituído de porcelanato antiderrapante e atende todas as especificações técnicas do projeto. Contudo, diante do relato dos pacientes, por prevenção, a pasta diz ter acionado a construtora da obra para que seja criada uma solução técnica imediata que aumente a aderência da superfície.

Em relação aos telefones disponibilizados para atendimento ao público na placa informativa fixada em frente ao Gonzaguinha da Messejana, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma que os contatos estão ativos e funcionam normalmente de segunda a sexta-feira, mas admite que o serviço pode operar de forma congestionada durante alguns períodos do dia devido à grande quantidade de ligações. 

Sobre as  transferências, a pasta afirma que os pacientes atendidos na unidade hospitalar estão sendo contatados para a remarcação de seus procedimentos ou serviços. A Secretaria ainda ressalta que os novos pacientes em busca de exames podem procurar uma das 116 Unidades de Atenção Primária à Saúde – UAPS, onde serão orientadas sobre a demanda laboratorial ou de imagem. 

Confira a nota na íntegra:

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) informa que os telefones para contato que constam na placa de sinalização do Hospital Distrital Gonzaga Mota de Messejana (Gonzaguinha de Messejana) são da ouvidoria da SMS. O grande fluxo de ligações pode ocasionar congestionamento nas linhas em alguns momentos durante o dia, porém, os contatos estão ativos e funcionam de segunda a sexta, de 08 às 17h.

Os pacientes que realizavam acompanhamento médico na unidade hospitalar estão sendo contatados para a realização do remanejamento do seu procedimento ou serviço. Já os novos pacientes que estão em busca de exames podem buscar uma das 116 Unidades de Atenção Primária à Saúde – UAPS onde serão orientadas sobre a demanda laboratorial ou de imagem.

Já em relação às gestantes, na consulta do pré-natal, que também ocorre nos 116 postos de saúde da Capital, os profissionais estratificam o risco gestacional, que pode ser: risco habitual, intermediário ou de alto risco. Após isso, a gestante é vinculada à maternidade de referência, ou seja, durante o pré-natal, a gestante já saberá onde será seu parto. A vinculação previne complicações e promove a saúde da mãe e do bebê durante a gestação.

Além disso, em caso de necessidade de emergência obstétrica as gestantes de risco habitual de Fortaleza poderão buscar as demais unidades da linha materno-infantil da Capital, que conta com as seguintes maternidades da rede própria: Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), Hospital Distrital Gonzaga Mota Barra do Ceará (Gonzaguinha Barra Do Ceará) e Hospital Distrital Gonzaga Mota José Walter (Gonzaguinha José Walter).

Em relação ao Hospital Distrital Gonzaga Mota José Walter (Gonzaguinha José Walter), a Secretaria Municipal da Infraestrutura (Seinf) informa que o piso utilizado na rampa de acesso ao hospital atende as especificações técnicas exigidas em projeto, com o uso de porcelanato antiderrapante. Mesmo assim, por precaução, a Seinf já acionou a construtora da obra e determinou solução técnica imediata para aumentar a aderência da superfície.

Fechamento do Gonzaguinha afeta comerciantes

O fechamento da unidade do bairro Messejana não afetará a vida apenas de pacientes e funcionários. Há quem tire o sustento da família da antiga movimentação do local. Edleuza Henrique, 47, trabalha vendendo comida em frente ao hospital há oito anos.

"Estou baixando as portas hoje. Já não tem pra quem vender. Tinha muito cliente aí dentro. Vendia entre 15 e 18 almoços por dia. Só vendi quatro coxinhas hoje", relata. Edleuza conta que, inicialmente, conseguia fazer até R$ 600 por dia. Ela relata que chegava a vender cem salgados em um dia. Além do financeiro, ela diz que sentirá falta das amizades que cultivou.

"Fiz muitos amigos aí, eu chorei muito quando me falaram que ia fechar. Quinta passada veio uma tropa pra se despedir de mim, sexta também. É muito triste". Ela conta que já possui novos planos e irá continuar as vendas em outro ponto da Messejana.

Emanuel Vicente, 55, possui o mesmo trabalho de Edleuza. Ele conta que ainda não sabe o que fará diante do fechamento do hospital, pois passou os últimos 22 anos vendendo comida no local.

"Eu ainda não pensei no que fazer. Depois dessa pandemia ainda estou sem um norte, sem saber por onde começar outra coisa. Já passei muita fase boa aqui. Vou esperar mais uma semana e decidir", finaliza.

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Gonzaguinha da Messejana Gonzaguinha do José Walter Hospitais em Fortaleza

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar