"Estrondo forte": testemunhas relatam momento da queda da estátua de Iracema

Não havia pessoas no entorno do monumento quando a estrutura caiu; obra será restaurada, anunciou a Secretaria de Cultura de Fortaleza

Símbolo turístico da orla de Fortaleza, a estátua de Iracema Guardiã desabou do pedestal onde estava fixada, na tarde desta terça-feira, 3, no calçadão da Beira-Mar. Segundo testemunhas ouvidas pelo O POVO, o monumento teria tombado após uma forte ventania. Não havia pessoas ao redor da estrutura no momento do incidente. O local foi isolado pela Guarda Civil Municipal enquanto técnicos da Secretaria de Cultura de Fortaleza (Secultfor) fizeram a remoção do material.

Um permissionário dono de um trailer que fica a menos de 100 metros do monumento descreveu o momento do tombo. “Aconteceu por volta de 13h40min. Houve um estrondo muito forte e quando olhei para trás, a estátua estava no chão. De imediato, os guardas municipais que ficam no posto ao lado da estátua foram ao local e isolaram a área. Graças a Deus, não tinha ninguém perto [da estátua], até porque esse é um horário de muito sol e geralmente as pessoas não frequentam”, contou o vendedor, que pediu para não ser identificado.

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Segundo ele, a estrutura da estátua já havia balançado dias atrás, durante momentos de fortes ventos. “Quando não estou trabalhando, eu costumo andar por aqui de manhã cedo com meu cachorro e já vi a estátua balançar algumas vezes nesses últimos dias. O vento nessa época do ano é muito forte. Do mesmo jeito que um coqueiro balança, uma estátua que está fixada com ferros também vai sofrer impactos”, afirmou.

Segundo a Secultfor, a obra foi levada para "um local de armazenamento adequado" e em breve será submetida a processo de restauro. O prefeito José Sarto visitou o monumento minutos após a queda e disse ter ficado “estarrecido” pelo “triste episódio”. Pelas redes sociais, o gestor informou ter determinado medidas imediatas para averiguar o que teria causado o tombo. “Pedi um laudo técnico e solicitei imagens do videomonitoramento para a Guarda Municipal”, detalhou.

De acordo com o morador de um condomínio localizado em frente à estátua, a estrutura do monumento era alvo de vandalismo frequentemente. “Na madrugada, é muito comum que os vândalos venham para essa área para depredar o espaço público. Ontem mesmo eu soube, por intermédio dos porteiros, que tinha uma turma de pessoas bebendo embaixo da estátua e que alguns subiram nela e até balançaram”, disse o morador, que pediu sigilo de sua identidade.

“Aqui, a fiscalização da Prefeitura praticamente não existe. Não tem nenhuma ação efetiva para combater essa depredação e conservar o espaço”, criticou.

O POVO tentou contato com a assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Segurança Cidadã (Sesec), via ligações telefônicas e por aplicativo de mensagem, para saber quais providências são adotadas para manter a conservação do patrimônio público, mas não obteve sucesso. O questionamento, então, foi enviado para o endereço eletrônico da pasta. A resposta será acrescentada a esta matéria tão logo haja retorno.

Frequentadora assídua do calçadão da Beira-Mar, a empresária Vanessa Iana, 35, fez questão de ir ao local ao saber da queda da estátua de Iracema Guardiã. “Hoje vim mais pela curiosidade mesmo. Ficou bem mais triste o ambiente”, lamentou, enquanto fazia fotos do pedestal com o celular. Para ela, além de recuperar o monumento, a Prefeitura deveria realizar intervenções na estrutura do entorno da estátua, que apresenta sinais de deterioração.

“Já que estão terminando as obras da Beira-Mar, podiam finalmente começar a ajeitar aqui esse espaço também. E o problema não é só a questão das pichações, está precisando conservar o espaço, de uma forma geral, consertar os banquinhos, os ladrilhos, o calçamento da escada. É um lugar tão bonito, que muita gente vem tirar fotos, mas está bastante abandonado”, criticou.

A aposentada Maria Fátima Veras, 68, também frequentadora do local, lamenta ações de depredação que, segundo ela, teriam ocorrido há algumas semanas. “Tem poucos dias que roubaram até os fios e as lâmpadas que ficam ao lado da estátua. Já levaram também muitas dessas pedras de granito colocadas na base. Todo monumento tem que ter alguém para tomar conta; senão, dá nisso aí”, comentou.

Em março deste ano, uma reportagem do O POVO mostrou má conservação das três estátuas de Iracema instaladas em locais públicos da Capital, entre elas a Guardiã, na Beira-Mar, que está com a base pichada e os bancos de concreto do entorno deteriorados e com partes da ferragem à mostra. Idealizada pelo artista plástico Zenon Barreto (1918-2002), a obra foi inaugurada em 1996, em comemoração aos 25 anos do bairro Praia de Iracema. A escultura é feita em fibra de vidro e tem dimensões de 0,80 cm x 3,70m x 1,85m (obra) e 2,35m x 2,00 x 3,65m (base).

Procurada pelo O POVO, a assessoria de imprensa da Regional 2, divisão administrativa responsável pela área onde o monumento está localizado, informou que vai enviar uma equipe técnica ao local nesta quarta-feira, 4, para avaliar possíveis necessidades de intervenções no entorno da estátua.

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