Atendimentos pediátricos aumentam 155% nas UPAs de Fortaleza puxados por síndromes respiratórias

68 novos leitos de UTI e enfermaria são abertos, mas governo pede que população busque vacinas para diminuir circulação viral. Além disso, ampliação de leitos será realizada no Hospital Sopai e no Hospital da Criança de Fortaleza

O período de março a junho é conhecido por trazer um aumento de casos de síndromes gripais no Ceará. No entanto, em 2022, a quantidade de casos tem deixado gestores em alerta. Nas seis Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Fortaleza, 50.883 crianças foram atendidas nos primeiros quatro meses do ano, o que equivale a um aumento de 155% comparado aos atendimentos do mesmo período de 2021, 19.935. Grande parte desses atendimentos são devido a síndromes gripais e respiratórias. Em meio a alta de casos e internações, número de leitos foi ampliado no Estado.

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O número de atendimentos pediátricos nas UPAs da Capital inclui síndromes respiratórias, gripais, síndromes diarréicas, traumas, entre outras urgências. O POVO pediu o dado apenas de síndromes respiratórias e gripais em crianças atendidas pelas UPAs, mas a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) afirmou que precisaria de mais tempo para detalhar as informações.

Em coletiva de imprensa nesta segunda-feira, 25, o secretário da Saúde do Estado, Marcos Gadelha, a secretária executiva de Atenção à Saúde e Desenvolvimento Regional, Tânia Mara, e a secretária municipal da Saúde de Fortaleza, Ana Estela, divulgaram a abertura de 68 novos leitos.

O Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara recebe 20 novos leitos de enfermaria, totalizando 74, e 10 Unidades de Terapia Intensiva (UTI). O Hospital Infantil Albert Sabin deve receber 38 novos leitos de enfermaria e reforço no atendimento de emergência.

A ampliação também foi feita nos leitos disponíveis no hospital da Sociedade de Assistência e Proteção à Infância de Fortaleza (Sopai), que vai de 60 leitos para 174. Além disso, 40 leitos cirúrgicos do Hospital da Criança de Fortaleza foram transformados em leitos de enfermaria.

“A gente fica muito triste quando observa um cenário que estamos, praticamente um cenário de guerra, de ampliação de leitos pediátricos para crianças muito graves, quando a gente tem um largo espectro de proteção através das vacinas”, diz Ana Estela.

Fortaleza é a cidade do Ceará com situação mais preocupante de síndromes gripais, causadas principalmente pelo vírus Influenza A e Sincicial Respiratório. A gravidade dos casos e a demanda de internações no Hospital da Criança é refletida no número de internações, que subiu de 669 em 2021 para 957 em 2022, um aumento de 43%.

Para o secretário Marcos Gadelha, há a perspectiva da abertura de mais leitos caso o cenário epidemiológico se agrave. Mas Ana Estela lembra ainda que a capacidade de aumentar leitos está ligada diretamente ao número de profissionais disponíveis. No caso de leitos pediátricos, é necessária a contratação de profissionais intensivistas, técnicos de enfermagem e pediatras que tenham o treinamento necessário para atender esse tipo de caso desse público, que comporta crianças de zero a nove anos.

“A capacidade do poder público de ampliar tem o seu limite. Vai ter um momento que vai ter leito e não vai ter o profissional”, diz a secretária. Gadelha afirma que, como plano de contingência, gestores da Saúde de outros Estados foram contatados para viabilizar a vinda de médicos especialistas na circunstância de aumento ainda maior de internações.

Infecções bacterianas secundárias também preocupam

As gripes, que geralmente começam leves, com coriza e tosse seca, se não cuidadas de forma adequada, podem evoluir para casos graves, com infecções bacterianas secundárias. Este é um quadro que tem sido comum nas crianças do Ceará, segundo os gestores da saúde. A situação pode piorar com o diagnóstico tardio e a demora na procura de atendimento médico.

“Habitualmente quando tem risco de infecção respiratória viral, principalmente nos casos mais graves, que necessitam de internação por exemplo, a probabilidade de uma associação com um quadro infeccioso bacteriano é até comum acontecer. À medida que se prolonga aquele processo de infecção viral, o quadro clínico do paciente sinaliza para essa possibilidade”, explica Marcos.

Febre e tosse com secreção amarelo-esverdeada são sinais que a criança precisa de atendimento médico. Acompanhar a temperatura, mudança de comportamento, o nível de alimentação e hidratação da criança são maneiras de saber se é preciso procurar uma Unidade Básica de Saúde.

Ana Estela explica que os 116 postos de Fortaleza têm disponíveis “de 40 a 50 pediatras”, mas os médicos do programa Saúde da Família presentes em todas as unidades são capacitados para atender casos leves de síndromes gripais. Caso seja necessário, as crianças podem ser transferidas para as UPAs ou para os hospitais infantis.

Vacinação é ferramenta importante para melhorar cenário

Além da vacina contra a Influenza A, a principal bactéria causadora de pneumonias nas crianças do Estado é combatível com vacina disponível nos postos, a pneumocócica. No dia D de Vacinação Contra a Influenza, dia 30 de abril, o público de idosos, profissionais da saúde e crianças de 6 meses a 5 anos também poderá atualizar o cartão de vacina com os outros imunizantes disponíveis nos postos. Todas as salas de vacina estarão abertas em Fortaleza.

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