Polo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba é entregue nesta terça-feira, 29
Apesar da inauguração, pelos próximos três meses os permissionários ainda devem receber capacitação. O local estará aberto apenas para visitação.
Com estrutura para 17 quiosques, o Polo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba foi entregue nesta terça-feira, 29. A estrutura será a sede de barracas que já existiam no local, mantidas por povos tradicionais da Sabiaguaba há décadas. Por meio de uma gestão compartilhada com o Governo do Estado, os permissionários esperam conseguir melhores condições de trabalho sem perder a culinária tradicional que comercializam nas margens do rio Cocó há gerações.
Natália de Lima, permissionária do local, é neta de Maria Alice Monteiro de Lima, de 87 anos, uma das donas de barraca pioneiras da Sabiaguaba. Cerca de 20 pessoas da família de Natália tiram a renda do restaurante que agora funcionará no polo gastronômico. Estando há mais de 50 anos no local, a família se preocupou com as mudanças propostas pelo governo. Com a entrega, Natália reconhece que muitas das promessas foram cumpridas, mas espera mais melhorias.
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“O que está faltando é mais espaço. A área de sombreiro que a gente tinha na beira do rio era muito boa para banho. Estão dizendo que vai dar certo, é esperar que dê”, diz Natália. A área mencionada está prevista no vídeo do projeto arquitetônico divulgado pelo governo, mas o espaço nesta terça-feira de inauguração estava vazio, sem os sombreiros. Natália também gostaria que o local fosse coberto para dar mais conforto aos clientes.
Mesmo ainda tendo reivindicações, ela espera que o local seja um sucesso. “Nós esperamos que tenha bastante clientela e que a gente possa dar o melhor e sempre manter a qualidade”, almeja. Uma das mudanças que aprova é a instalação de um posto da polícia ambiental que terá profissionais de segurança 24 horas no espaço.
Confira vídeo do Polo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba no dia da inauguração:
O policiamento também é um ponto positivo para o permissionário Marciano Fonteneles. No entanto, Marciano reclama da falta de água fornecida pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece). Segundo ele, a água do local não é própria para consumo. O permissionário explica que essa situação atinge o bairro inteiro.
“Até hoje esses moradores não têm água potável, nem saneamento. Agora com esse avanço, que possa chegar um processo de urbanização geral pro bairro. Ainda tem que melhorar muito, aqui é uma comunidade esquecida”, afirma.
A presidente da associação dos permissionários, Maria Luíza de Sousa Silva, explica que devido ao polo estar dentro de uma área de preservação ambiental, conseguir água tratada diretamente da Cagece demanda mais burocracias e licenças. Para ainda conseguir fornecer água própria para o consumo para os quiosques, uma estação de tratamento de água foi construída no local. A água, que vem de poços, é tratada antes de chegar às cozinhas.
Artur Bruno, secretário do Meio Ambiente do Estado, pasta que faz a gestão do Parque do Cocó, também afirma que uma estação de dessalinização de água será instalada na área. “Não teremos nenhum problema de saneamento”, garante.
O esgoto, segundo Maria Luíza, também será tratado dentro do polo. “Depois da cabine da Polícia Ambiental tem a estação de tratamento de esgoto. O que for tratado vai para dentro do rio, porque não tem problema, e o resíduo que não pode vai ser levado para um destino adequado. Uma empresa vai fazer isso”, explica.
Maria Luíza, que esteve à frente das negociações com o governo para construir o projeto do polo, também fará parte da gestão do espaço. “Nossa principal reivindicação foi que os quiosques fossem destinados para esses 17 permissionários, as mesmas pessoas de antes. Que eles entregassem mobiliado, bonito, que a gente não se arrependesse. E que fosse um projeto que trouxesse desenvolvimento para a comunidade, emprego e renda”, relata.
Indenização para permissionários deve ser paga por mais três meses
Desde o início das obras do polo, os permissionários receberam uma indenização de R$ 5 mil por mês do Governo para que pudessem continuar se mantendo enquanto as barracas eram reconstruídas no novo projeto. De acordo com o governador Camilo Santana (PT), essa indenização ainda será paga por três meses enquanto os trabalhadores recebem capacitações para seguir trabalhando no local.
Nos 90 dias de adaptação, os comerciantes terão aulas na Escola de Gastronomia Social Ivens Dias Branco, localizada no Vicente Pinzón. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) também deverá fornecer capacitação sobre negócios para os permissionários.
Apesar do prazo para o início das atividades, Quintino Vieira, superintendentes de Obras Públicas do Estado, afirma que a obra está concluída e não falta nenhuma etapa do equipamento para ser entregue. Durante esse período, o local estará aberto apenas para visitação.
Confira o vídeo do projeto arquitetônico do Polo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba:
Obra chegou a ser embargada pelo Iphan
A obra do Polo Ambiental e Gastronômico da Sabiaguaba, orçada em R$ 11.845.622,63, chegou a ser embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) devido a proximidade do local a sítios arqueológicos. No entanto, o embargo não foi respeitado pelo governo e a obra continuou.
Questionado sobre o assunto, o governador Camilo Santana explicou que o embargo foi fruto de um “mal entendido” entre o Estado e o instituto. “Aqui foi uma obra totalmente licenciada. E porque aqui é um espaço do Parque do Cocó, foi aprovada dentro do plano de manejo do parque. Houve um mal entendido e logo depois foi resolvido”, explicou.
O secretário Artur Bruno afirmou que os sítios arqueológicos do local serão valorizados por meio de um museu que funcionará no local. O acordo é parte das reivindicações feitas pelo Iphan por um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que foi aceito pela Sema.
Segundo o superintendente do Iphan no Ceará, Cândido Henrique, não foram feitos estudos no local para saber com precisão se havia ou não patrimônios arqueológicos na área do polo gastronômico. O embargo foi feito para evitar possíveis danos.
No entanto, como a obra foi concluída, o Iphan agora espera a assinatura oficial do TAC, que ainda passa por análises jurídicas. Além do museu, ainda são previstas no termo pesquisas e estudos arqueológicos na região e a produção de cartilhas educativas sobre os sítios arqueológicos da Sabiaguaba.
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