Vítima de chacina na Sapiranga havia sido apontado como chefe de facção

Mensagens mostraram Israel da Silva Andrade como "frente" de um ponto de venda de drogas no Parque Manibura. Ele ainda havia sido acusado, mas impronunciado por chacina em 2017

17:44 | Dez. 25, 2021

Chacina da Sapiranga, que aconteceu na noite de Natal, foi a última de 2021 em Fortaleza (foto: WhatsApp O POVO)

Uma das vítimas da chacina ocorrida noite deste Natal no bairro Sapiranga tinha um mandado de prisão em aberto contra si por integrar organização criminosa. Israel da Silva Andrade, de 24 anos, era um dos alvos da operação Annulare, deflagrada em 19 de novembro último e considerada a maior ofensiva da história da Polícia Civil contra uma única organização criminosa.

Conforme a investigação da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco), Israel, junto com outros dois homens, era "frente" de uma "biqueira" (ponto de venda de drogas) da facção Comando Vermelho (CV) no bairro Parque Manibura. A investigação teve como base mensagens encontradas no celular de Valeska Pereira Monteiro, conhecida como "Majestade", apontada como chefe de uma célula do CV  batizada de “Quadro Geral de Biqueira”. As mensagens datavam de junho e julho de 2020.

Além disso, Israel foi acusado de participação em uma chacina ocorrida em 2017, também no bairro Sapiranga. As vítimas foram quatro jovens que cumpriam medidas socioeducativas no Centro de Semiliberdade Mártir Francisca. Conforme as investigações, o crime ocorreu porque as vítimas eram moradoras de bairros com atuação da facção Guardiões do Estado (GDE), rival do CV, organização a que pertenciam os autores da chacina.

Israel, entretanto, foi impronunciado pela 4ª Vara do Júri, que considerou não haver "indícios mínimos de prova" contra ele. Conforme a investigação, Israel participaria de um grupo no aplicativo WhastsApp onde teria sido tramada a chacina. "A simples participação dos acusados em grupo de WhatsApp não pode ser interpretada como indício de autoria", escreveram os juízes na sentença que o impronunciou. O Ministério Público Estadual (MPCE) recorreu da decisão e o recurso aguarda julgamento.

Além de Israel, foram mortos na chacina desta sexta-feira, 24: Mateus Ribeiro dos Santos, André Alexandre Rodrigues, John Lennon Holanda e um outro homem não identificado.