Estudantes relatam transtornos no retorno presencial das aulas em faculdade de Fortaleza

Conforme decreto estadual vigente, unidades educacionais podem retornar integralmente ao presencial mas permitindo a opção remota para aqueles que apresentarem atestado médico ou relatório. Faculdade estaria solicitando a apresentação de ambos

Estudantes do Centro Universitário Unichristus alegam que a instituição está "dificultando" a permanência no ensino remoto dos alunos com comorbidades. Conforme decreto estadual, unidades educacionais podem retornar integralmente ao presencial mas permitindo a opção remota para aqueles que apresentarem ou atestado médico ou relatório. Faculdade estaria solicitando a apresentação de ambos.

A liberação do retorno integral do modelo presencial de ensino foi anunciada pelo governador Camilo Santana (PT) no dia 17 de setembro, passando a valer três dias após comunicado. Segundo decreto, escolas, faculdades e universidades podem funcionar com 100% de suas salas ocupadas, medida que vale tanto para a rede pública como para a particular.

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Os alunos que não tiverem condições médicas de retornarem presencialmente devem, pelo informado no documento, terem como opção a permanência no ensino remoto. Para que isso ocorra é necessário que esses indivíduos comprovem a situação em que se encontram, por meio de atestado ou de relatório.

Segundo uma aluna da Unichristus, que não será identificada, isso não está ocorrendo na entidade. A estudante contou que a instituição planeja retornar presencialmente no inicio de novembro, mas estaria solicitando tanto o atestado como o relatório como documentos para comprovar a necessidade da permanência no modelo remoto. Requerimento teria sido feito em nota emitida aos discentes.

O POVO teve acesso ao comunicado enviado aos estudantes pela instituição, no último dia 5. No documento, foi solicitado que alunos infectados pela Covid-19 ou com quadro de saúde ainda indefinido enviassem "atestado e relatório médicos, acompanhados de requerimento de afastamento de suas atividades acadêmicas" para a coordenação geral. A reportagem questionou a assessoria de imprensa da faculdade sobre o comunicado e aguarda resposta.

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"No decreto mencionava-se explicitamente, atestado ou relatório, sendo o ou conjunção excludente. Os alunos que apresentaram somente relatório ou somente atestado, mesmo que previsto no decreto a apresentação de um ou de outro, estão sendo obrigados a voltarem presencial", relatou a discente.

O POVO teve acesso a outros relatos de alunos da instituição. Um deles sendo de um estudante que afirma ter asma e estar com a metade do pulmão comprometido. O aluno solicitou a coordenação de seu curso a permanência no modelo remoto e recebeu um e-mail pedindo para que enviasse atestado junto ao "relatório justificativo", conforme entidade estabeleceu no documento divulgado a discentes.

"Eu não consigo respirar como uma pessoa normal, por isso não posso nem pensar em pegar Covid, que é diretamente no sistema respiratório. Fora isso, tenho uma mãe paciente oncológica que está em tratamento de câncer de mama, muito fragilizada também", destacou.

Alunos alegam outros transtornos

Os alunos têm se mobilizado por meio de grupos. Entre outras problemáticas, eles apontam a dificuldade de retornarem presencialmente por questões financeiras, por morarem com pessoas com comorbidades ou ainda por estarem vivendo em cidades do Interior.

O decreto não traz especificações nesse sentido, mas estudantes reclamam que não conseguem dialogar com a instituição e chegaram a fazer uma petição para reivindicar questões. Segundo discentes, cerca de 1.400 estudantes se uniram e assinaram o documento.

Entre as reclamações, também está a de que entidade havia garantido no momento da matricula do semestre que o período terminaria de forma hibrida. Ou seja, com as atividades sendo executadas tanto de forma virtual como presencial.

"O mesmo decreto não obriga as instituições a voltarem, apenas autoriza o retorno integral", pontua a estudante que procurou O POVO, citando como exemplo as universidades públicas e algumas particulares da Capital, que decidiram adiar o retorno presencial.

O que permite decreto

O decreto estadual vigente permite que unidades de ensino retornem ao modelo ocupando 100% das suas salas. Para isso é necessário que sigam sendo tomadas todas as medidas sanitárias de combate a pandemia- como uso de máscara, constante higienização e o distanciamento social de um metro.

Outra ponto levantado pela representante estudantil é que a Unichristus não teria suporte físico para obedecer as normas impostas. "A faculdade quer obrigar o retorno presencial integral, com salas pequenas e acessos pequenos, escadas apertadas e elevadores minúsculos", relatou estudante. 

Procurada pelo O POVO, a entidade confirmou a veracidade do documento emitido aos alunos. Instituição garantiu que campus está preparado para o retorno presencial, afirmando: "Nossas instalações são devidamente preparadas para que o campus seja um ambiente seguro para a aprendizagem".

A instituição alegou que está cumprindo todas as exigências do decreto estadual e que todas as normas do documento serão "respeitadas". Também alegou que os alunos têm "total acesso aos seus coordenadores de curso, para solicitações ou sugestões, que poderão ser atendidas de acordo com o que for avaliado em cada caso" (veja nota na íntegra ao fim da reportagem).

Modelo emergencial

A entidade também frisou que o modelo de ensino remoto foi uma solução emergencial que continua sendo aplicada. No entanto, com o andamento da vacinação e a queda dos índices pandêmicos o Governo conseguiu autorizar o retorno presencial integral no último decreto.

Em entrevista concedida na última semana à rádio O POVO CBN, Henrique Soárez, representante do Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Ceará (Sinepe-CE), falou sobre a volta das aulas presenciais. O coordenador está a frente da força tarefa que pretende organizar o retorno presencial das unidades vinculadas ao órgão.

"O ensino digital é emergencial. Fizemos muita coisa interessante e realmente fizemos mas ao longo do tempo tem muita coisa que ainda hoje em 2021 só funciona presencialmente", defendeu Soárez. O representante ainda destacou que a situação epidemiológica do Estado é favorável a volta do presencial.

"Com a maior parte da população vacinada e com os protocolos que continuam valendo nas escolas desde setembro (...) A gente percebeu que eles eram suficientes para evitar o contágio dentro das escolas. Com esses cuidados, com a vacina e com a situação da pandemia é mais do que seguro estar dento da sala de aula", defendeu.

Veja nota da faculdade na íntegra:

A Unichristus cumpre rigorosamente todas as exigências do decreto de combate à pandemia do Governo do Ceará e mantém, em pleno funcionamento, o seu ensino remoto para os casos expressados nesse documento.

O ensino remoto continua sendo uma solução emergencial para preservar a saúde de muitos. Com a vacinação, a melhora significativa nos números da pandemia e a priorização dada à educação de qualidade no último decreto, podemos dar um passo adiante no fortalecimento do processo de ensino-aprendizagem, com as aulas presenciais para os casos onde não há comorbidades. Nossas instalações são devidamente preparadas para que o campus seja um ambiente seguro para a aprendizagem.

Os alunos da Unichristus têm total acesso aos seus Coordenadores de Curso, para solicitações ou sugestões, que poderão ser atendidas de acordo com o que for avaliado em cada caso. Reforçamos que o que foi estabelecido em decreto sempre será respeitado.

Entendemos que educar é uma grande responsabilidade e, desde nossa fundação, agimos em prol da formação de profissionais capacitados para fazer a diferença em nossa sociedade.

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