Família de jovem morto rebate versão de que ele teria atirado contra PMs

Wesley de Souza Silva foi morto em intervenção policial no domingo, 14. Família diz que policiais atiraram sem ordem de parada

A família de Wesley de Souza Silva denuncia que o jovem de 17 anos foi morto desarmado por policiais militares enquanto trafegava de moto nas ruas da comunidade Alto da Paz, no bairro Maraponga. A versão dos policiais militares é de que ele efetuou disparos contra a composição durante fuga. O episódio ocorreu no último domingo, 14.

Conforme um familiar de Wesley, de identidade preservada, o jovem foi morto enquanto filmava uma “Guerra do Ovo”, que acontecia nas ruas do bairro por ocasião do Carnaval. Testemunhas contaram à família que o disparo fatal ocorreu após o condutor da moto onde Wesley estava fazer um retorno ao avistar os militares. Isso teria ocorrido por eles estarem sem capacete.

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"Ele dobrou a rua e a viatura entrou de uma vez e já atirando. Um tiro pegou nele", diz o parente. Wesley foi atingido nas costas, conforme conta. "A Polícia não mandou em nenhum momento eles pararem". O amigo de Wesley não teria fugido, mas não foi autuado pelos policiais. "Na hora, eles ficaram desesperados, rodando para um lado, para outro, sem saber o que fazer". 

Na versão da PM, os policiais resolveram fazer a abordagem após avistar “dois indivíduos trafegando em uma motocicleta em atitude suspeita”. Conforme afirmado em nota, eles não teriam obedecido à ordem de parada e começaram a fugir, o que deu início a uma perseguição. Wesley, então, teria atirado contra a composição, que reagiu e o atingiu — a PM diz que o tiro o feriu na lombar. “O outro suspeito conseguiu se evadir com a motocicleta”. Uma garrucha calibre 28 foi apresentada pelos PMs no 30º Distrito Policial como sendo de Wesley.

A família do jovem nega veementemente que ele pudesse ter uma arma de fogo. Conforme a fonte ouvida por O POVO, Wesley acordava todos os dias às 4 da manhã para ajudar a família a fazer pão de queijo que era vendido para lanchonetes. Ele não tinha passagens pela Polícia. Wesley jogava futebol em um clube de várzea do bairro.

Wesley foi levado pelos militares à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Itaperi, mas morreu cerca de meia hora depois de chegar à UPA. Conforme guia de encaminhamento de cadáver da UPA, ele morreu de parada cardiorrespiratória após choque hemorrágico. Ainda segundo a versão da família, na unidade hospitalar, eles discutiram com um dos PMs da composição que atirou em Wesley.

O PM teria chegado a dizer que foi ele quem efetuou o disparo, a bater na arma com orgulho e chamar Wesley de “vagabundo”. O familiar ainda disse que foi questionado ao PM como um tiro efetuado em alguém que apontava uma arma atingiu as costas dele, no que o PM retrucou perguntando se “ele era perito” e que não precisava dar explicações. Outra queixa da família contra os policiais é de que eles teriam apagado um vídeo do celular do amigo de Wesley.

A fonte conta que Wesley estava muito feliz. Ele havia começado a namorar há poucos meses. “Ele era carinhoso, muito, muito, muito carinhoso”, recorda a fonte. Na noite de domingo, um ônibus foi incendiado no bairro em retaliação ao episódio. Para o próximo domingo, 21, está prevista missa de sétimo dia para Wesley, na Igreja Santo Antônio de Pádua, ocasião em que deve ocorrer um ato cobrando justiça pelo caso.

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