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Pacientes com glaucoma relatam falta de colírio nos postos de saúde em Fortaleza

Medicamento é enviado ao Governo Estado, que repassa aos municípios, pelo Ministério da Saúde. Remédio só deve ser reposto em novembro
16:37 | Out. 29, 2020
Autor Rubens Rodrigues
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Rubens Rodrigues Repórter do OPOVO
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Tipo Notícia

Em Fortaleza, pacientes com glaucoma que fazem uso de colírio relatam a falta do medicamento Travoprosta, usado para tratar alta pressão ocular, nos postos de saúde em Fortaleza. Conforme usuários, na última semana faltou o material nos postos de saúde Maciel de Brito, no bairro Conjunto Ceará, e Regina Severino, no Canindezinho. As faltas, segundo usuários, são recorrentes.

O estudante Samuel de Almeida, de 21 anos, busca o medicamento todos os meses para a mãe de 52 anos e outros dois tios. Ele conta que o colírio Timolol, que custa de R$ 10 a R$ 20 na rede farmacêutica, não falta. No entanto, Travoprosta, que pode ser vendido por mais de R$ 100 nas farmácias, tem faltado diversas vezes nas farmácias polo do Município.

“Tem mês que tem e mês que não tem. E quando falta, não vem retroativo no outro mês”, afirma. “As pessoas vão aos postos de saúde porque precisam. Glaucoma é uma doença séria. Muitas vezes a gente acaba tendo de comprar”.

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Ele conta que já chegou a encontrar o Travoposta por R$ 120. “É um absurdo porque é um medicamento caro que as pessoas precisam. Simplesmente tem mês que falta e não dão nem satisfação. Quando um colírio falta, ele falta em todas as unidades”, complementa o estudante de administração.

Glaucoma

O glaucoma é uma doença que pode ser acometida de várias formas, mas na maior parte delas, como os glaucomas crônicos, é necessário fazer uso de medicação. Os colírios visam baixar a pressão intraocular pra evitar que haja algum tipo de dano ao nervo ótico, que leva a informação da imagem para o cérebro. O olho funciona como receptor, capta a luz e envia por meio do nervo ótico. Se houver dano no nervo, é possível que resulte em problema na visão.

Oftalmologista e membro do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), Giuliano Veras explica que o glaucoma tem perfil diferente da maior parte das doenças porque não causa sintomatologia. "É uma doença silenciosa. As pessoas começam a perder a visão da periferia e só quando ela chega mais próxima do centro é que começam a perceber", afirma. "O problema é que quando as pessoas começam a perceber que há uma alteração a nível visual, o glaucoma já fez um estrago bastante significativo".

"A medicação tem efeito durante um período. Se um colírio é prescrito para ser colocado duas vezes por dia, é porque tem efeito de mais ou menos 12 horas. Ao suspender o uso por mais de 24 horas, a pressão vai subir novamente e certamente vai haver lesão do nervo ótico", continua o oftalmologista. Ele diz ainda que esse efeito pode ser acumulativo ao longo dos anos e pode resultar na perda irreversível da visão.

Distribuição do medicamento

Conforme o Ministério da Saúde, que abastece o Governo do Estado, que por sua vez repassa aos municípios, a previsão é que o colírio Travaprosta seja reposto durante a primeira quinzena do mês de novembro.

A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Fortaleza informou que a Capital conta com 15 farmácias polos, onde são distribuídos 141 medicamentos. Além disso, as farmácias dispõem de análogos de insulina e cinco colírios para tratamento do glaucoma.

Em nota, a SMS diz que o objetivo é garantir que a população tenha acesso, de forma gratuita, aos remédios de maior complexidade, “que são sujeitos a controles específicos que exigem a retenção da receita médica”.

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