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Organização Criminosa pressiona comunidades "neutras" para ingressar em facção no CE

A abrangência nos novos territórios fez com que os criminosos comemorassem com fogos e realizassem disparos em via pública
15:15 | Jun. 09, 2020
Autor Jéssika Sisnando
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Jéssika Sisnando Repórter
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Tipo Notícia

Moradores de Fortaleza foram surpreendidos por um barulho, na noite da segunda-feira, 8. Era possível escutar o estrondo de fogos de artifício em diversos pontos da Cidade, mas o lugar com mais intensidade seria a Grande Messejana. Nos grupos de WhatsApp de bairros as pessoas se indagavam se havia alguma comemoração. Em outras páginas de redes sociais, a população chegou a brincar que seria um Revéillon.

Conforme fonte ligada à inteligência da Polícia Militar do Ceará, comunidades que eram neutras, ou seja, onde não havia predominância de uma facção específica, passaram a integrar a organização criminosa Comando Vermelho (C.V.). Os fogos foram ouvidos na região onde predomina o Comando Vermelho. O POVO divulgou que os integrantes divulgaram uma série de vídeos simultâneos dos fogos e ostentando armas.

A situação desta segunda-feira, 8, lembra, em partes, o que aconteceu no ano de 2016, quando aconteceram várias comemorações em bairros de Fortaleza que seriam relacionadas a uma ordem para selar um "acordo de paz" entre as facções. À época, houve uma suposta pacificação.

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Não há, no entanto, acordo entre Comando Vermelho e a GDE. A mudança faz com que a facção Guardiões e Estado (GDE) fique em um patamar menor. Conforme a fonte, a adesão das comunidades neutras é feita com pressão. "Adere ou morre", explica. Antes, as organizações criminosas aceitavam a neutralidade, ou seja, a comunidade não integrar uma facção específica. Como era o caso da comunidade do Por do Sol, era considerada neutra.

Nota da SSPDS

A Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (PCCE) informa que a Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE) está com investigações em andamento com o objetivo de capturar os responsáveis por imagens divulgadas nas redes sociais, onde indivíduos efetuam disparos de arma de fogo e soltam fogos em alusão a um grupo criminoso. Um dos suspeitos já foi identificado. O fato aconteceu no bairros Paupina e na comunidade Pôr do Sol, em Messejana, ambos pertencentes à Área Integrada de Segurança 3 (AIS 3). Policiais civis do 35º Distrito Policial (DP) realizam diligências e oitivas referentes ao fato. A SSPDS ressalta ainda que há um trabalho ostensivo realizado na região pela Polícia Militar do Ceará (PMCE) com a atuação de equipes da Força Tática (FT), do Comando de Policiamento de Rondas e Ações Intensivas e Ostensivas (CPRaio) e com o apoio de equipes do Batalhão de Polícia de Trânsito Urbano e Rodoviário Estadual (BPRE) e da Guarda Municipal de Fortaleza (GMF) na região.

Denúncias

A SSPDS ressalta que a população pode contribuir com as investigações repassando informações que possam auxiliar os trabalhos policiais. As denúncias podem ser feitas pelo número 181, o Disque-Denúncia da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS); para o telefone (85) 3101-4429, do 35º Distrito Policial (DP); ou ainda para o número (85) 98439-0021, que é o WhatsApp do 16º Batalhão de Polícia Militar (BPM), por onde podem ser feitas denúncias via mensagem. O sigilo e o anonimato são garantidos.

Pôr do Sol

Em 2014, a Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (SSPDS) intensificou as operações de mandados de busca e apreensão, além dos mandados de prisão contra os chefes do tráfico na comunidade Pôr do Sol. A operação Nômade fazia um trabalho de cumprimento de mandados de prisão na área. Laboratório de drogas foram descobertos na localidade.

No ano de 2017, havia relatos de oficiais de Justiça perseguidos na área. Profissionais sofriam intimidação da cúpula do tráfico. Em outubro responsáveis pelo comando do tráfico foram presos. Um traficante chefe organização criminosa com atuação nacional foi preso. Ainda em 2017, a Divisão de Combate ao Tráfico de Drogas (DCTD) atuou nas áreas do Pôr do Sol, Parque Santa Rosa e áreas próximas. A instalação de uma torre de Vigilância da Guarda Municipal teria feito com que o tráfico migrasse.

Para a fonte ouvida pelo O POVO, a tendência de pressionar pessoas neutras, que não fazem parte de facção, mas que moram são de comunidade, deve ser sentida também pela massa carcerária, ou seja, dentro das unidades prisionais.

Ataques

Em 2019, uma série de ataques foram registrados no começo do ano. A ação seria praticada pela facção Guardiões do Estado (GDE). Os locais onde aconteciam os ataques eram de predominância da GDE. No entanto, as ações foram enfraquecidas, pois não havia a adesão de outras facções, como o Comando Vermelho (C.V) e o Primeiro Comando da Capital (PCC). A GDE também passava por crise financeira.

Advogados presos

Em 2019, O POVO divulgou que seis advogados eram suspeitos de envolvimento com facções criminosas. No período dos ataques eles eram responsáveis por levar informações e ordens das organizações. O Ministério Público se posicionou afirmando que o meio de comunicação entre as facções, após a retirada dos celulares, teria se tornado os profissionais. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) comentou sobre a generalização que é feita ao culpar advogados criminalistas e relatou que as ações aconteceram de forma isolada, ainda fazendo referência a importância dos profissionais que exercem a função de advogado.

Portaria com mudanças no sistema penitenciário

 Em 2019, o secretário da Administração Penitenciária, Mauro Albuquerque, por meio de uma portaria, fez uma série de mudanças no sistema penitenciário. Entre elas a alteração de entrada de materiais, horários de visitas. Na portaria era afirmado que os presos não receberiam mais visitas dentro das celas e limitou a entrada de crianças nas unidades prisionais. A Sap também vetou alguns tipos de vestimentas. Em 2020, em meio a pandemia, as visitas foram suspensas para evitar o contágio pelo Coronavírus. 

Lista com nomes de recém-ingressos em facção

Investigação identifica grupo de WhatsApp de facção com o cadastro de 105 novos membros no Ceará. A informação do grupo faz parte da denúncia ofertada pelo Ministério Público do Estado e foi encontrado em celular de suspeito detido. "Batismo" em massa seria reflexo de escalada de violência entre organizações criminosas no ano de 2019

 

 

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