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Petróleo nas praias: grupos de pesquisadores alertam para riscos à saúde

A Defesa Civil e o Ministério da Saúde publicaram, em 25 de outubro, uma cartilha com recomendações e alertas para voluntários que atuaram na limpeza das praias afetadas

O petróleo que, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), atinge 353 praias do Nordeste brasileiro preocupa não apenas em relação ao meio ambiente, mas também sobre a saúde. Isso porque a substância que chega a 110 municípios nordestinos carrega em si compostos químicos que podem causar danos à saúde no curto e no longo prazo.

A legislação brasileira prevê a instauração do Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo. No entanto, o governo federal criou um Grupo de Acompanhamento e Avaliação (GAA), formado pelo Ibama, a Agência Nacional de Petróleo (ANP) e a Marinha, sem fazer menção ao Plano Nacional de Contingência. Enquanto as consequências para a saúde seguem em pesquisas independentes, milhares de pessoas se expõem aos químicos - seja como voluntárias na limpeza da orla, seja frequentando as praias ou ingerindo água e frutos do mar.

É o que alertam grupos de pesquisa da Bahia e de Pernambuco. O Programa de Pós-Graduação em Saúde, Ambiente e Trabalho (PPGSAT) da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (UFBA) pediu, no último dia 23, que seja declarado estado de emergência em saúde pública para controle dos riscos decorrentes da contaminação da região. O mesmo é pedido pelo Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho (Lasat) do Instituto Aggeu Magalhães (IAM) e pelo Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (Cebes).

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Pesquisadores da UFBA afirmam que a segurança à saúde e a segurança alimentar "não estão sendo objetos de ação eficaz da estrutura sanitária nos níveis Federal, Estaduais e Municipais de saúde". segundo eles, o despreparo do poder público resulta "em consequências desastrosas, a exemplo de notícias veiculadas que indicam a suspensão generalizada do consumo de mariscos e pescados em todo Nordeste".

O Lasat afirma que a penetração dos composto tóxicos do petróleo no corpo humano "pode se dar por inalação, contato com a pele e ingestão de água ou alimento contaminado, e mesmo sendo em pequenas quantidades pode ser prejudicial à saúde". Pesquisadores chamam a atenção para graves riscos como câncer e distúrbios emocionais e de fertilidade, especialmente para crianças e gestantes. Além disso, recomendam "fortemente à população não fazer o uso recreativo das praias afetadas e nem consumir pescados e mariscos das praias (e região próximas) atingidas pelos resíduos de óleo". 

O laboratório é ligado à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em Pernambuco, entretanto a nota emitida em 27 de outubro e que circula por redes sociais não é a opinião da instituição como um todo. Em nota oficial, a Fundação disponibilizará sua estrutura científica para apoiar governos e populações atingidas. A partir dessa terça-feira, 5, deve treinar profissionais e orientar população sobre o vazamento.

Ministério da Saúde

A Defesa Civil e o Ministério da Saúde (MS) publicaram, em 25 de outubro, uma cartilha com recomendações e alertas para voluntários que atuaram na limpeza das praias afetadas. Segundo o documento, a inalação de vapores do óleo cru pode causar sintomas como dificuldade de respiração, pneumonite (inflamação no pulmão) química, dor de cabeça, confusão mental e náuseas. Em caso de contato do petróleo com a pele, podem surgir irritações na pele, erupções vermelhas, queimação e inchaço (edema). Já a ingestão do óleo pode ocasionar dores abdominais, náuseas, vômitos e diarreia.

A longo prazo podem surgir, de acordo com o MS: danos aos pulmões, rins, fígado e sistema nervoso; supressão do sistema imune; desequilíbrios hormonais; câncer; e problemas no sistema circulatório.

Os mesmos riscos são apontados pelos pesquisadores nas notas que emitiram.

Recomendações

- Não entre em contato direto com o petróleo. A medida vale em especial para gestantes e crianças;

- Voluntários na limpeza devem usar máscara descartável, roupas e óculos de proteção, luvas de PVC, botas ou galochas de plástico ou outro material impermeável;

- Em caso de contato com o óleo, lave a pele com água e sabão. Não utilize produtos solventes, como gasolina, acetona, tiner e querosene, pois eles também podem causar intoxicação;

- Não armazene o óleo em sacolas ou outros locais não indicados pelos órgãos competentes. O material precisa ser devidamente armazenado e descartado, pois oferece risco de intoxicação e é inflamável;

- Siga as orientações dos órgãos de meio ambiente locais para atividades recreacionais e de pesca;

- Em caso de exposição ou aparecimento de sintomas, contatar o Centro de Informações Toxicológicas (0800 722 6001) e procurar atendimento médico.

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