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Mulher vítima de acidente grave em 2018 visita Ciopaer para agradecer salvamento

Márcia Costa esteve presa nos destroços do veículos. O rápido e eficiente atendimento da equipe do Samu e Ciopaer garantiu que a mulher sobrevivesse. Um ano depois, ela retornou à sede da coordenadoria para agradecer pessoalmente
14:01 | Ago. 22, 2019
Autor O POVO
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Tipo Notícia

No dia 15 de agosto de 2018, Márcia Costa sofria um grave acidente de trânsito na rodovia BR 020, próximo à cidade de Canindé. À época, ela ficou presa aos destroços do veículo, gravemente ferida. Foram os profissionais da Coordenadoria Integrada de Operações Aéreas (Ciopaer) que resgataram Márcia do acidente. Na hora, ela também recebeu atendimento pré-hospitalar, com o apoio das equipes de terra do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu).

O atendimento foi decisivo para que a vítima sobrevivesse. Não só decisivo, como também marcante. Um ano depois do acidente, Márcia voltou à sede da coordenadoria para agradecer pessoalmente os agentes que salvaram sua vida. Foi na manhã da última segunda-feira, 19, que ela visitou, por iniciativa própria, a equipe. Um momento de emoção para todos.

“Fiz questão de vir agradecer. Se estou viva hoje foi por causa da ação desses homens”, reforçou Márcia. Ela encontrou parte da equipe que a salvou no dia e fez questão de ressaltar a importância do bom atendimento e de tê-los ao seu lado no dia. “Considero o dia 15 de agosto como se fosse meu aniversário, pois nasci de novo e tenho muito que agradecer”, afirma.

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O delegado Francisco Alves de Paula, que comandava a aeronave no dia do salvamento, relembra que o acidente de Márcia aconteceu em um final de semana, quando ele estava de plantão no serviço. “Ao pousarmos, o médico constatou que a paciente estava presa às ferragens, em uma situação complicada para ser retirada, com muitos ferimentos. Inclusive, com o couro cabeludo quase que todo arrancado da cabeça”, explica. Para retirar Márcia da situação, os profissionais utilizaram uma técnica conhecida como “desencarceramento”, que consiste na ação de cortar partes do veículo para remover a vítima.

“Ela estava em um veículo e alguém da família dela estava em uma motocicleta. Em certo momento, ela perdeu o controle do carro e saiu capotando na estrada”, explica Alves. No dia, havia mais outros passageiros com Márcia no veículo, inclusive a mãe do marido de Márcia, que não sobreviveu.

A maior dificuldade no salvamento, conforme Alves, era retirar a vítima das ferragens do veículo sem provocar mais ferimentos. “Tem que ser feito com pressa, mas com cautela. É um trabalho que exige também uma equipe médica concomitantemente. É um perfeito entrosamento da equipe que vai desencarcerar e socorrer a vítima”, afirma. Naquele dia 15, Alves pilotou a aeronave que, após atendimentos iniciais, levou Márcia ao hospital.

“Sempre que acontece um acidente assim na estrada e há a possibilidade de ter vítimas presas nas ferragens, nós somos acionados de imediato, porque possuímos o material necessário para fazer o desencarceramento e nossa equipe é preparada”, conta o agente do Ciopaer. O médico responsável pelo atendimento inicial de Márcia, Eduardo Henrique Araújo da equipe do Samu, conta que um mês antes do acidente, ele e sua equipe haviam participado, em Curitiba, de um campeonato mundial de salvamento veicular. “Interessante, porque, por conta disso, todo meu equipamento estava no plantão, então fui preparado”, complementa.

Eduardo foi a pessoa que retirou Márcia do veículo. Ela estava com cinto de segurança e o médico precisou fazer uma manobra para libertar a vítima. “Eu entrei pelo vidro traseiro do lado do passageiro e segui andando pelo teto para baixo dela. O carro estava capotado, ela em cima de mim e eu deitado com as costas no teto do carro. Eu liberei a perna dela que estava presa nos pedais, mas tive medo na hora de soltar o cinto e ela cair”, explica o socorrista.

O medo fazia sentido, já que ela poderia ter uma lesão na coluna. Eduardo, no entanto, conseguiu administrar. “Eu apoiei o corpo dela no meu, como se tivesse abraçando ela, cortei o cinto e ela caiu por cima de mim. Eu coloquei a prancha [de salvamento] do meu lado e rodei com ela até colocar ela na prancha e imobilizar”. A imobilização correta garantiu que Márcia não tivesse sequelas em seus movimentos.

Dois meses depois do acidente, Márcia chegou a mandar uma mensagem para Eduardo, agradecendo o salvamento, mas o encontro pessoalmente aconteceria somente um ano depois. “Foi legal. Na nossa área é raro ter um retorno. Eu disse na hora o que ela fez foi muito importante que estimula a gente a estudar mais para atender melhor, salvar mais gente”.

O piloto Alves estava de serviço no dia que Márcia visitou a equipe, mas não deixou de se emocionar com a atitude da mulher. “É muito emocionante ver uma pessoa que passou pelo que passou, correu risco de perder a vida, agora está bem, recuperada. Vendo a pessoa feliz e vendo que a pessoa reconhece o serviço que o Estado coloca à disposição da sociedade”, finaliza.

Márcia Costa contou ao O POVO Online que não lembra de muitos detalhes do dia do acidente, mas o sentimento de gratidão pela equipe esteve sempre presente. “Eu sou uma pessoa muito grata a tudo que acontece comigo, independente de uma situação dolorosa para mim, como ainda é. Se eu não tivesse ido agradecer pessoalmente, não seria eu, porque eles foram usados por Deus para me salvar”, relata.

À época, os amigos de Márcia foram avisados do acidente graças a ligações da equipe. Professora de natação, os pais de seus alunos costumavam visitá-la. Foram eles também, junto aos seus amigos, que a ajudaram em todo o processo. “Hoje eu estou bem. Fiz duas plásticas no rosto, pois tive que fazer reconstrução do tecido. Tive ajuda dos pais dos meus alunos, eles fizeram tudo por mim”.

Márcia já havia planejado visitar a equipe, mas estava esperando o momento certo. No dia da visita, ela ficou bastante emocionada. “Eu me senti muito bem recebida. Não sabia se o médico lembrava de mim, mas ele disse que sim. Isso encheu meu coração de coisas boas. Todo mundo me recebeu de braços abertos”. Sensível, ela lamenta a morte de sua sogra, uma das passageiras do carro. “Cada passo que eu dou é uma barreira que venço”, desabafa.

A professora ainda pretende retornar à coordenadoria para falar com as enfermeiras, que não estavam presentes na segunda, 19.

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