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Especialistas em mobilidade urbana elogiam políticas de trânsito implantadas em Fortaleza

Capital cearense recebe curso sobre segurança no trânsito durante esta semana para gestores de mobilidade urbana de todo o País

No trânsito de Fortaleza, intervenções vêm sendo implementadas visando a melhoria do fluxo, ao passo que priorizam os elos mais fracos da relação urbana: pedestres e ciclistas. Somado a isso, a redução do número de mortes nas vias municipais faz com que a Capital torne-se referência de modelo a ser adotado Ceará afora. É o que apontam especialistas em mobilidade urbana que participam de curso sobre segurança viária na Cidade.

Realizado na Universidade de Fortaleza (Unifor), o curso “Implementando programas eficazes de segurança viária: da evidência à prática” começou nessa segunda-feira, 5, e se estende até sexta-feira, 9. Durante a formação, 80 pessoas participam de atividades cuja intenção é mensurar a dimensão do problema que hoje é considerado uma “epidemia de saúde pública” pela Organização Mundial da Saúde (OMS): as mortes no trânsito.

Dados do Ministério da Saúde aponta que em 2017, 35.374 pessoas morreram em decorrência de acidentes em vias brasileiras. Em relação ao ano anterior, houve redução de 1.971 óbitos, mas, ainda assim, o País segue longe da meta estabelecida pela OMS, que prevê redução de 50% no número de vítimas em 10 anos, contados a partir de 2011.

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No “trabalho de formiguinha”, Fortaleza conseguiu em 2018, pelo quarto consecutivo, registrar quedas no total de mortes de trânsito. Ao longo do ano passado, 226 óbitos no trânsito foram anotados na capital cearense – dado 40% menor do que as 377 mortes de 2014.

Para entender essa mudança, gestores em mobilidade urbana de todo o País participam do curso sobre segurança viária em Fortaleza, realizado em parceria com a Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, e a Global Road Safety Partnership (GRSP), da Suíça. Chefe de Educação de Trânsito, da Prefeitura de Campina Grande, Joana Santos diz que esta tem sido “uma experiência bem rica”, devido ao embasamento técnico utilizado tanto antes quanto depois das intervenções na Cidade.

“Estamos coletando informações daquilo que foi acertado, que foi feito no trânsito de Fortaleza, para adaptar à nossa realidade. Aqui vemos que há estudos antes e depois das intervenções. O que percebemos nesses dias é que as implantações de desenho urbano não são feitas com base no ‘achismo’, mas em focos bem definidos, como a diminuição de acidentes com redução de velocidade”, exemplifica.

Entre os facilitadores das atividades realizadas durante nesta semana está Dante Rosário, representante da Iniciativa Bloomberg – projeto que coleta e analisa dados sobre acidentes de trânsito, sendo referência internacional em saúde pública. Segundo ele, o número de mortes registrados no trânsito brasileiro por vezes não recebe a devida “atenção”.

“Normalmente a sociedade não tem noção do tamanho do problema que é a morte no trânsito. Mas nosso objetivo é justamente esse, chamar a atenção para o tamanho do problema a ser combatido”, declara Dante, que cita as mortes em decorrência de arboviroses para exemplificar. “A dengue, a chikungunya e a zika, por exemplo, mataram 316 pessoas em 2017, enquanto que mais 40 mil pessoas foram vítimas de acidentes de trânsito no mesmo ano”, lamenta.

“Fortaleza já deu alguns passos para caminhar rumo a um trânsito mais seguro”, celebrou, ponderando em seguida: “Mas a meta é fazer com que um dia Fortaleza não tenha nenhuma vítima fatal no trânsito. É um objetivo distante, mas temos que pensar dessa forma, não aceitando nenhuma morte.”

Graças às implantações de corredor exclusivo, faixas de pedestre elevadas e zonas de trânsito lento, a gerente mundial da GRSP, Judy Fleiter, diz acreditar que “definitivamente” Fortaleza pode ser considerada um modelo a ser replicada em outras cidades.

“Aqui conseguimos perceber o que deu certo, mas também aprendemos o que não funcionou. Uma das coisas que todos os países passam é construíram cidades pensadas para carros e não para pessoas. Então cidade como Fortaleza, que se volta para pessoas, é um boa atitude para que as pessoas se sintam parte do espaço público”, afirmou.

Curso segurança viária

Participantes do curso realizam tour pelas intervenções na mobilidade urbana de Fortaleza
Participantes do curso realizam tour pelas intervenções na mobilidade urbana de Fortaleza (Foto: Wanderson Trindade / Especial para O POVO )

O curso de segurança viária já realizou sete edições, reunindo 377 participantes de 57 diferentes países na Tailândia, no Quênia, na Argentina e nos Estados Unidos. Pela primeira vez no Brasil, o evento em Fortaleza conta com a participação de 80 representantes de 22 cidades brasileiras.

Durante a tarde desta quarta-feira, participantes realizaram um tour pela Capital, visitando pontos que são exemplos do trabalho desenvolvido pela Prefeitura de Fortaleza, como sede da Autarquia Municipal (AMC), onde há o monitoramento de câmeras espalhadas pela Cidade, blitz, zonas de fluxo lento e Estação de BRT do jornal O POVO, na avenida Aguanambi.

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