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Autoatendimento em ônibus na Capital é discutido em audiência pública

Passageiros explicaram que, após a mudança, o tempo de espera para quem paga com dinheiro aumentou. Estes usuários são obrigados a esperar pela linha e por um ônibus que não seja de autoatendimento
22:22 | Jun. 18, 2019
Autor Izadora Paula
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Izadora Paula Estagiária do portal O POVO Online
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Tipo Notícia

A Câmara Municipal de Fortaleza recebeu na tarde desta terça-feira, 18, uma audiência pública para discutir com o poder público, trabalhadores e usuários de transporte público da Capital o sistema de autoatendimento implantado em Fortaleza. Em alguns coletivos, a única forma de pagamento aceita passou a ser o cartão eletrônico. A Prefeitura não enviou representante.

Na tribuna, passageiros explicaram que, após a mudança, o tempo de espera para quem paga com dinheiro aumentou. Estes usuários são obrigados a esperar pela linha e por um ônibus que não seja de autoatendimento. A demora na parada implica em insegurança.

A medida resultou ainda na demissão de trabalhadores. Na audiência, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará (Sintro), Domingos Neto, afirmou que seriam 400 cobradores dispensados.

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Segundo o representante do Defesa do Consumidor do Ceará (Decon), a recusa do pagamento em dinheiro é crime, tipificada no artigo 43 das Leis de Contravenções Penais.

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A audiência foi solicitada pela vereadora Larissa Gaspar, que já havia demonstrado engajamento nesta pauta nas redes sociais e num projeto de emenda à lei orgânica do município, onde sugeriu que os coletivos do sistema de transporte municipal devem ter, no mínimo, um funcionário além do motorista para orientar e auxiliar os usuários, bem como cobrar as passagens, quando for o caso.

Também compondo a mesa, o vereador sargento Reginauro citou o caso de moradores do Interior do Estado que precisem utilizar os ônibus de Fortaleza ocasionalmente e se sintam desamparados por não ter o cartão. "E o turista que chega na nossa cidade vai entender que os ônibus não querem receber o dinheiro deles?", provocou.

A tribuna foi usada pelos usuários. Um deles representou no auditório da casa parlamentar seu trabalho cotidiano dentro dos coletivos. Com o acompanhamento de um pandeiro ele narrou o caso de uma mulher que perdeu um dia de serviço por ter chegado atrasada, esperando pelo ônibus que aceite o pagamento em dinheiro. "É incrível a gente estar preso a esses órgãos públicos. Estamos presos, só fazemos o que eles querem. O senhor prefeito ou os demais (responsáveis) não vieram perguntar a ninguém sobre essa medida", lamentou.

Um dos usuários, que trabalha dentro dos coletivos, levou seu instrumento de trabalho: um pandeiro
Um dos usuários, que trabalha dentro dos coletivos, levou seu instrumento de trabalho: um pandeiro (Foto: Izadora Paula/Especial para O POVO)

Larissa Gaspar agradeceu a presença dos motoristas, cobradores e demais usuários do transporte público, salientando a importância da pauta. "Nós fomos a várias paradas de ônibus e aos terminais, andamos dentro do ônibus e vimos a insatisfação das pessoas, mesmo daquelas que tinham o cartão. Muitas vezes esquecem o cartão ou não tem dinheiro pra recarga mínima. Não é justo que o usuário tenha que pagar antecipadamente por um serviço que ela ainda vai usar. É importante que a Prefeitura vá até as pessoas, ver a insatisfação dos passageiros", disse a vereadora.

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