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Atlas da Violência cita a inclusão do Ceará na rota do tráfico internacional de cocaína

O Atlas liga o aumento das mortes no Estado à guerra entre facções criminosas
11:42 | Jun. 05, 2019
Autor Jéssika Sisnando
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Jéssika Sisnando Repórter
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Tipo Notícia

Divulgado nesta quarta-feira, 5, o Atlas da Violência 2019, elaborado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), mostra o crescimento da taxa de homicídio no Brasil e cita a inclusão do Ceará na rota do tráfico internacional de cocaína. O documento possui dados de 2017 do Sistema de Informações sobre Mortalidade do Ministério da Saúde (Sim-MS).

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O Atlas liga o aumento das mortes à guerra entre facções criminosas, especificamente o Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV). O documento cita as organizações regionais, como Família do Norte (FDN), Guardiões do Estado (GDE), que é uma facção originada no Ceará, Okaida, Estados Unidos e Sindicato do Crime.

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O tráfico de cocaína, inicialmente coordenado pelo PCC, trouxe alternativas de rotas, conforme a pesquisa. A mercadoria ilegal que vinha da Bolívia e Peru chegava ao Acre, sendo transportada na rota do Rio Solimões, chegando depois no Nordeste, em particular ao Ceará e ao Rio Grande do Norte, para serem levadas à Europa.

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O marco da disputa entre as duas facções aconteceu em 2013, depois que a disputa do mercado varejista e as novas rotas fizeram com que os integrantes do CV, no Mato Grosso do Sul, impedissem que o PCC fizesse batismo e filiação de novos faccionados. Em 2016, a assassinato do traficante Jorge Rafaat pelo PCC, na cidade de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, que faz fronteira com Ponta Porã (MS), aumentou o acirramento das organizações.

Rebeliões

No dia 1º de janeiro, uma rebelião no Complexo Prisional Anísio Jobim, em Manaus, resultou em 56 mortes. Já em Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, 26 detentos foram assassinados. A pesquisa mostra que o índice de buscas na internet por assuntos de facções cresceu no Norte e Nordeste. O Atlas ressalta que ao longo de 2018 e durante os primeiros meses de 2019 houve queda nos homicídios, mas cita que não descarta a hipótese de um processo de acomodação das facções, pois não é possível manter uma guerra durante anos seguidos.

O Atlas alerta para o que chama de "equilíbrio instável", que "pode ser a qualquer momento revertido", e chama atenção para o sistema penitenciário, descrito como um "barril de pólvora".

Em 2018, O POVO Online noticiou a morte de Rogério Jeremias de Simone, conhecido como Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Sousa, o Paca, integrantes do PCC, que foram mortos por líderes da mesma facção. Gegê e Paca residiam em uma mansão na Região Metropolitana de Fortaleza. 

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