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Comandante geral da PM do Ceará diz que formação dos policiais não é problema

Já para o sociólogo e ex-diretor geral da Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp), César Barreira, o caso Ellery foi uma prova de "não qualificação do profissional" da PM do Ceará

17:32 | 22/02/2013
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Atualizada às 20h

O comandante geral da Polícia Militar (PM) do Ceará, coronel Werisleik Matias, rebateu nesta sexta-feira, 22, as críticas feitas à respeito da morte dos dois jovens no bairro Ellery, no fim do mês passado. Nesta quinta-feira, laudo da Perícia Forense do Ceará (Pefoce) confirmou que as balas saíram de uma arma pertencente ao Ronda do Quarteirão.

Em específico, o coronel contestou a análise veiculada pelo O POVO do sociólogo e pesquisador do Laboratório de Estudos da Violência (LEV) da Universidade Federal do Ceará (UFC), professor Marcos Silva, que criticou a formação pedagógica dos agentes.

"Esses fatos não têm nada a ver. Não se trata disso. Estão querendo colocar em xeque a formação de policiais por um erro. A formação desses policiais segue a mesma grade curricular do Brasil, que foi desenvolvida por sociólogos e pedagogos de Brasília. Essa grade é da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). Erro existe em toda profissão. Sendo que nosso erro traz uma conotação maior. São 16 mil policiais e apenas quatro erraram. Façam os cálculos", disse Werisleik Matias ao O POVO Online.

O coronel afirmou que providências serão tomadas e os responsáveis pagarão pelo erro. Ele relembrou o caso Bruce, ocorrido em julho de 2010, quando, durante uma abordagem policial, o adolescente Bruce Cristian Souza Oliveira, 14 anos, foi morto com um tiro na nuca. O soldado do Ronda do Quarteirão Yuri da Silveira Alves Batista foi apontado como autor do disparo.

"No caso Bruce, por exemplo, todos foram identificados e afastados. Nossa profissão talvez seja a única que diante dos erros ocorre uma punição. Sobre esse erro (caso Ellery), vamos bater e rebater nesse tecla. Todo policial é orientado a atirar só em último caso. O disparo é o último recurso de um policial. Queremos deixar claro que a formação é feita com todo esmero", completou Werisleik Matias.

Já para o sociólogo e ex-diretor geral da Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará (Aesp), César Barreira, o caso Ellery foi uma prova de "não qualificação do profissional" da PM do Ceará.

"Ocorria uma festa carnavalesca com a presença de uma multidão. Um policial tem que saber agir diante de uma multidão. Não aceitamos mais ações desastrosas, porque vidas são aniquiladas por pessoas que são pagas para fazer nossa segurança. Isso tudo leva a não confiança junto ao policial", disse César Barreira.

O sociólogo comentou como ele acredita que deve ser a formação ideal de um policial. "Acho que a preparação de qualquer policial tem que ser a mais qualificada possível. A formação técnica do policial, seja do Ronda do Quarteirão ou não, tem que ser altamente exigente. O policial tem que ter um conhecimento sociológico e uma formação filosófica e humanística que o leve ao discernimento que deve ser realizado naquele momento", afirmou Barreira.

O POVO Online tentou ouvir o atual diretor-geral da Aespe, coronel Roosevelt Alencar, mas a assessoria informou que ele não poderia falar por estar participando de reunião para formar novas turmas de policiais.

Thadeu Braga

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