Ceará terá novo linhão operando em 2029 e mira outro leilão para março

Ceará terá novo linhão operando em 2029 e mira outro leilão para março

Com antecipação, novo linhão operará anos antes do prazo, e governo mira leilões estratégicos em março de 2026
Atualizado às Autor Carmen Pompeu Tipo Notícia

O Ceará está prestes a superar um de seus principais gargalos para o desenvolvimento econômico: a capacidade insuficiente de transmissão de energia. Em um movimento que garante segurança energética para projetos bilionários, como usinas de hidrogênio verde e grandes data centers, o Estado viu um investimento maciço em linhas de transmissão ser anunciado, com a operadora Axia Energia (ex-Eletrobras) se comprometendo a antecipar o cronograma de entrega.

O investimento total da Axia é de R$ 3,6 bilhões. O projeto visa a construção de quase 1.500 quilômetros de novas linhas de transmissão, uma dimensão comparável à distância de ida e volta entre Fortaleza e Juazeiro do Norte. A iniciativa atravessará 23 municípios do estado do Ceará e promete gerar mais de 2.000 empregos nos próximos dois anos, com a maior parte da mão de obra sendo local.

As informações foram dadas durante coletiva de imprensa no Palácio da Abolição, sede do governo cearense, pelo governador Elmano de Freitas (PT) e pelo vice-presidente executivo de Engenharia e Projetos de Transmissão da Axia Energia, Robson Campos. Na ocasião, foi anunciado o início das obras dos Lotes 03 e 05 da linha de transmissão do Leilão 01/2024 da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).

Antecipação de 18 meses garante cronograma

Segundo Elmano de Freitas, a rapidez na execução é um fator crucial para a coordenação dos cronogramas de grandes indústrias que se instalarão no Ceará. A obra de transmissão está prevista para começar em janeiro de 2026, e a Axia projeta uma antecipação de 12 a 18 meses em relação ao prazo final estipulado pela Aneel, que é o final de 2029.

Elmano de Freitas afirma que essa aceleração é vital para o desenvolvimento econômico, pois permite que projetos que iniciarão a produção em 2029, 2030 ou 2031 tenham a garantia de fornecimento de energia. O investimento, pontua, é resultado de uma decisão política do governo federal de retomar os leilões para reforço e construção de novas linhas de transmissão, após um hiato de seis anos no Brasil.

“Teremos a construção de milhares de quilômetros de reforço nas linhas de transmissão no Ceará, o que permitirá ampliar a capacidade de envio de energia no nosso estado”, explica Elmano. “É o primeiro passo para garantir o fornecimento de energia de boa qualidade para as empresas que vierem se instalar no Ceará”, completa.

De acordo com o vice-presidente da Axia Energia, Robson Campos, esse também é um investimento estratégico para a empresa. “Chegamos agora, com esse investimento, para tornar a transmissão de energia do Ceará mais robusta, mais confiável e de melhor qualidade”, afirma.

Segundo a Axia Energia, a ação deve gerar cerca de 2.400 empregos diretos nas regiões cearenses, sendo aproximadamente 1.500 vagas no Lote 03 e cerca de 900 no Lote 05. “A geração de empregos também não é um número pouco importante. São mais de 2 mil oportunidades nos próximos anos, já que a obra vai se estender por 2026, 2027 e, eventualmente, 2028. Serão vários anos com forte demanda por mão de obra”, destaca Robson.

Segurança para investimentos bilionários

O governador Elmano de Freitas diz que o principal objetivo do reforço da transmissão é viabilizar o crescente polo de energia renovável e a nova economia de alto consumo do Ceará. Historicamente, o Nordeste brasileiro sempre foi consumidor de energia, mas se transformou em uma região com excedente de produção (junto com Piauí e Rio Grande do Norte), embora carecendo de infraestrutura para escoar esse volume. A construção civil de linhas de transmissão concentrou-se historicamente no Sudeste, onde o parque industrial brasileiro estava sediado.

Entre os projetos que serão beneficiados com a obra está o data center do TikTok no Ceará, uma parceria com as empresas Casa dos Ventos e Omnia. O empreendimento contará com mais de R$ 200 bilhões em investimento privado, representando o maior aporte já destinado a um projeto do tipo no Brasil e o primeiro da plataforma na América Latina.

A chegada de data centers e a possibilidade do hidrogênio verde (H2V) mudam radicalmente essa dinâmica. O Ceará, que produz cerca de 1,5 GW de energia, precisa garantir que 1 GW chegue, por exemplo, apenas para o data center do TikTok que será instalado no Porto do Pecém.

“Investidores de projetos de data center de R$ 8 bilhões e usinas de H2V de R$ 5 bilhões não confirmariam seus investimentos sem a segurança de que a energia necessária será transmitida e estará pronta na data de operação (seja 2028, 2029 ou 2031)”, comenta Elmano.

O reforço no sistema é, portanto, segundo o governador, decisivo para garantir a investidores que o fornecimento de energia será seguro. Além disso, acrescenta Elmano, o reforço da rede é essencial para a interiorização de projetos de data centers menores, que dependem de segurança e transmissão estáveis 24 horas por dia, 7 dias por semana.

“Aqui representa superar um gargalo no Ceará relacionado às linhas de transmissão; gerar emprego e oportunidade para o nosso povo; e viabilizar projetos como o de hidrogênio verde, data centers e empresas que estão se instalando ou que ainda vão se instalar no Ceará”, detalha o governador Elmano de Freitas.

Olhando para março de 2026 e a estratégia de baterias

Segundo Elmano de Freitas, com a infraestrutura atual em curso, o Ceará já mira os próximos passos para consolidar sua rede energética. Ele informa que o Governo do Estado solicitou formalmente ao Ministério de Minas e Energia a realização de mais leilões para Março de 2026.

Ele pontua que a estratégia central do estado agora é buscar soluções para a capacidade de armazenamento (baterias). O Ceará, com uma abundância de energia eólica e solar, possui um excesso de geração renovável concentrado entre 10 e 14 horas. Para que essa energia não seja desperdiçada (fenômeno conhecido como curtailment ou corte de geração), é necessário estruturar a capacidade de guardar o excedente.

O armazenamento permite que a energia renovável produzida durante o pico solar possa ser usada em horários de maior consumo, onde a produção eólica e solar é menor. Esta é uma solicitação estratégica prioritária.

A Axia, responsável pelo atual investimento, já confirmou que estudará ativamente e participará de todos os leilões de transmissão e geração renovável que serão promovidos.

“É fundamental compreender que nosso sistema é interligado. Quando se reforça uma linha de transmissão, todo o sistema é beneficiado com maior capacidade de transporte de energia. Isso é decisivo para garantirmos, a quem deseja investir no Ceará, um fornecimento seguro e de qualidade”, afirma o governador.

Atualmente, dez projetos empresariais estão autorizados para a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).

Somados, esses investimentos podem chegar a R$ 571 bilhões, o maior volume já autorizado para uma única ZPE desde a criação do modelo no país. A expectativa, segundo o governo cearense, é de gerar mais de 30 mil empregos diretos.

Cronograma

O cronograma federal inclui a previsão de leilões de reserva de capacidade em março de 2026, leilões de armazenamento (baterias) no primeiro semestre, e outro leilão de transmissão em outubro. Este engajamento, segundo o governo cearense, reforça o compromisso de estruturar o sistema cearense para dar conta da alta demanda e do desenvolvimento econômico projetado.

Atualmente, dez projetos empresariais estão autorizados para a Zona de Processamento de Exportação (ZPE) do Ceará, localizada no Complexo Industrial e Portuário do Pecém (CIPP).

Somados, esses investimentos podem chegar a R$ 571 bilhões, o maior volume já autorizado para uma única ZPE desde a criação do modelo no país. A expectativa é de gerar mais de 30 mil empregos diretos.

Lotes

O Lote 03, localizado integralmente no Ceará, representa um avanço decisivo para reforçar o sistema elétrico do Estado e ampliar a capacidade de integração da geração renovável, incluindo novos projetos eólicos e solares.

Serão 304 km de linhas de transmissão em 500 kV — destinadas a transportar energia por longas distâncias, conectando grandes centros de carga — e em 230 kV, voltadas à distribuição em áreas urbanas e regiões de alta demanda. O investimento previsto é de aproximadamente R$ 1 bilhão.

Lote 3:

LT 500 kV Morada Nova – Pacatuba
LT 230 kV Alex (Tabuleiro do Norte) – Morada Nova
LT 230 kV Banabuiú – Morada Nova
LT 230 kV Morada Nova – Russas II Seccionamentos em LTs existentes
SE 500 kV em Morada Nova

Ampliação da SE 500 kV Pacatuba existente

Já o Lote 05 formará um megacinturão de transmissão que atravessará os estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Bahia e trechos do Piauí. O corredor estratégico, em 500 kV, será vital para fortalecer o Sistema Interligado Nacional (SIN), viabilizar novas usinas e reduzir riscos sistêmicos. Serão 1.116 quilômetros de linhas de transmissão, com investimento total de R$ 2,6 bilhões.

Lote 5:

LT 230 kV Chapada III (Caldeirão Grande do Piauí) – Crato II
LT 230 kV Abaiara – Milagres
LT 230 kV Araticum (Mauriti) – Milagres
LT 230 kV Crato II – Abaiara
LT 230 kV Milagres – Crato II

De acordo com o cronograma regulatório definido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a conclusão das obras está prevista para junho de 2029, no caso do Lote 03, e até dezembro de 2029, para o Lote 05.

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