Produção em defesa criaria 226 mil empregos no País, aponta CNI
Já o montante estimado em tributos seria de R$ 9,9 bilhões em tributos, caso o Brasil produzisse 30% do que importa nesse segmento
O Brasil poderia criar 226 mil empregos diretos e indiretos e arrecadar R$ 9,9 bilhões em tributos indiretos e contribuições sociais, caso produzisse cerca de um terço dos produtos de defesa importados atualmente.
A estimativa vêm de um novo simulador de impacto elaborado pelo Observatório Nacional da Indústria, da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que aponta, inda, que o impacto total no valor da produção chegaria a R$ 60,9 bilhões.
Hoje, o Brasil importa, em média, R$ 70,8 bilhões por ano em produtos de defesa e segurança, incluindo itens que vão de coletes balísticos e trajes antibombas até mísseis e componentes para aeronaves militares.
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Para o presidente do Conselho de Desenvolvimento da Indústria de Defesa e da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mário Aguiar, o Brasil conta com base industrial de defesa capaz de produzir armamentos, radares, mísseis e aeronaves militares, mas ainda depende fortemente da importação de insumos críticos e produtos acabados.
“Compras públicas de defesa são um instrumento estratégico para estimular a produção nacional, adensar cadeias industriais e impulsionar pesquisa, desenvolvimento e inovação (PD&I) com efeitos multiplicadores em toda a economia”, pontua Aguiar. Atualmente, mais de 90% das importações no setor têm aplicação tanto militar quanto civil.
Danilo Severian, especialista em políticas e indústria da CNI, explica que esse “é um setor capaz de elevar o patamar tecnológico do país e criar oportunidades tanto para grandes empresas quanto para startups e centros de pesquisa”.
Além do impacto financeiro, caso o Brasil produza 30% do que hoje importa em produtos de defesa, haveria a criação de empregos de alta qualificação técnica para atender a essa nova demanda. Nesse sentido, a simulação do Observatório Nacional da Indústria aponta para uma geração de 123 mil vagas formais, sendo que 6.900 seriam ocupações inovadoras.
Além disso, seriam criadas 2.426 vagas em áreas técnico-científicas ligadas à pesquisa e desenvolvimento (P&D), 5.393 para técnicos e tecnólogos e 1.241 para engenheiros. Para Severian esse perfil reforça o potencial do setor de defesa como um polo de atração e retenção de profissionais altamente qualificados.
“Além de gerar emprego e renda, o fortalecimento da base industrial de defesa cria oportunidades de carreira em áreas de ponta e pode contribuir para reduzir a evasão de talentos brasileiros para o exterior”, conclui.