Nova fronteira de terras raras e urânio é identificada na fronteira entre Ceará e Piauí
Levantamento revela 39 ocorrências com altos teores de fósforo, urânio e elementos estratégicos no Piauí e Ceará, e coloca a Bacia do Parnaíba no radar da mineração global
A Bacia do Parnaíba, no Nordeste do Brasil, entrou no foco da mineração estratégica após a identificação de 39 novas ocorrências minerais na sua borda oriental. O levantamento, realizado pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB), apontou altos teores de fósforo, urânio e elementos terras raras (ETRs) em áreas dos estados do Piauí e Ceará, recursos considerados essenciais para o desenvolvimento de tecnologias ligadas à transição energética e à eletrônica moderna.
Os dados fazem parte do Informe Técnico nº 27, publicado em junho de 2025, que apresenta os resultados do Projeto Geologia e Potencial Mineral da Borda Oriental da Bacia do Parnaíba. A pesquisa teve como foco as formações geológicas Itaim, Pimenteira e Longá, do período Devoniano. Nessas unidades foram encontradas concreções fosfáticas e arenitos com concentrações relevantes de minerais estratégicos.
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Teores acima da média internacional
As concreções fosfáticas analisadas apresentaram teores de fósforo entre 16% e 27%, com média de 0,4% de elementos terras raras e um valor máximo registrado de 2,3%. Os arenitos também mostraram potencial, com teores médios de ETRs em torno de 0,2% e máximos de até 0,4%, mesmo em áreas com baixo teor de fósforo. Esse padrão pode indicar enriquecimento mineral associado à presença de minerais pesados oriundos de fontes ígneas ou metamórficas, além de processos hidrotermais ou antigênicos.
O urânio foi encontrado em concentrações que variam de 9 a 1.270 ppm (partes por milhão), valores considerados elevados em comparação com os principais depósitos atualmente em exploração no mundo. Segundo o relatório, esses teores tornam viável a recuperação econômica do urânio mesmo em cenários de preço menos favoráveis.
Corrida global por minerais críticos
A relevância desses achados está relacionada ao aumento da demanda por minerais críticos no mercado internacional. Os ETRs são amplamente utilizados na produção de turbinas eólicas, veículos elétricos, baterias, painéis solares, sistemas de defesa e equipamentos eletrônicos. A maior parte da oferta global vem da China, que concentra mais de 80% da produção.
Nesse contexto, a identificação de novos depósitos no interior do Brasil amplia as possibilidades de diversificação das fontes minerais no cenário global.
Além disso, técnicas já consolidadas em outros países, como a lixiviação com ácidos diluídos, têm mostrado alta eficiência na recuperação de ETRs a partir de fosforitos — o que pode facilitar a viabilidade industrial das jazidas da Bacia do Parnaíba.
Indicações para prospecção futura
Com base nas análises geoquímicas e observações de campo, o SGB sugere que os esforços de prospecção avancem sobre as formações Itaim, Pimenteira e Longá. O uso de gamaespectrômetros portáteis, para detecção de anomalias radiométricas acima de 1.500 cps, é uma das ferramentas recomendadas. Estruturas como concreções nodulares, fraturas, texturas mosqueadas e vênulas mineralizadas são apontadas como indicativos confiáveis da presença de ETRs e urânio.
O estudo classifica o potencial mineral da região como “promissor a altamente promissor”, mas ressalta que são necessários estudos adicionais, em escala mais detalhada, para avaliar o volume disponível e a viabilidade técnica e econômica da lavra.
Perspectivas para o desenvolvimento mineral
A nova identificação mineral coloca a Bacia do Parnaíba entre as áreas que despertam interesse para exploração de recursos estratégicos. O levantamento técnico fornece uma base sólida para futuras iniciativas de prospecção e pode estimular investimentos em mineração sustentável, com impacto positivo sobre a economia de regiões do interior do Piauí e do Ceará.
A consolidação desse potencial dependerá de políticas públicas, estruturação logística e aprofundamento dos estudos geológicos. Se confirmadas as projeções, a região poderá ocupar um papel relevante no abastecimento de minerais críticos para a indústria de energia limpa e tecnologias de ponta.
Para ter acesso ao relatório completo, clique aqui.
Agência da ONU diz não saber paradeiro de urânio enriquecido do Irã l O POVO News
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