Número de motoristas de app cresce 35% e de entregadores 18% no Brasil; veja ganhos
Pesquisa do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e Ecoa calculou renda média mensal líquida entre R$ 3.083 e R$ 4.400 para motoristas e de R$ 2.669 a R$ 3.581 para entregadores
O número de motoristas e de entregadores de aplicativo cresceu, respectivamente, 35% e 18% no Brasil, de 2022 para 2024.
É o que aponta pesquisa “Mobilidade urbana e logística de entregas: Painel de acompanhamento dos motoristas e entregadores parceiros (2ª onda)” do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap) e da Ecoa Consultoria Econômica, divulgada nesta quarta-feira, 25 de junho.
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As avaliações foram encomendadas pela Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec), entidade que reúne as maiores plataformas em operação no País.
A apuração evidencia que em 2024 eram 2,2 milhões de pessoas nas atividades no Brasil, sendo 1.721.614 motoristas e 455.621 entregadores, conforme os registros administrativos das empresas.
A análise do relatório é que o crescimento dos rendimentos, a flexibilidade da jornada e a competitividade da remuneração em relação a outras ocupações são fatores que tornam as atividades uma alternativa atrativa para muitos profissionais.
Em suma, 80% dos motoristas não pensam em deixar de trabalhar com os aplicativos. Isso porque 63% deles não estão procurando outra atividade e quase 20% estão fazendo isso sem a intenção de deixar o trabalho com as plataformas.
O estudo revela que estas são as únicas atividades remuneradas de 58% dos motoristas, que apontam entre os motivos da decisão melhores ganhos (43%), bem como maior autonomia e flexibilidade (27%).
Por outro lado, 43% dos entregadores continuam com sua ocupação profissional e fazem entregas para complementar ganhos. Mais da metade tem carteira assinada.
A proporção de autônomos (com ou sem CNPJ) também é expressiva, ultrapassa 30%. Este contexto, segundo o Cebrap, reforça a atividade com os aplicativos como um trabalho complementar, independentemente do tipo de vínculo que possuem em sua outra ocupação.
Quanto ganham os motoristas e entregadores de apps
O estudo aponta que a renda líquida média dos motoristas por apps em 2024 variaram entre R$ 3.083 a R$ 4.400 por mês para quem dirige 40 horas semanais.
Os valores indicam entre R$ 19 a R$ 27 por hora, já descontadas estimativas de custos e incluindo variação no tempo de espera por corridas.
Já os entregadores ficam entre R$ 2.669 e R$ 3.581, o que corresponde de R$ 17 a R$ 22 líquidos por hora.
Os valores ficam acima ao salário-mínimo no período de realização da pesquisa (R$ 1.412 por mês ou R$ 6,42 por hora) e também são superiores à renda média observada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para trabalhadores do setor de serviços com ensino médio completo (R$ 2.392), nível de escolaridade que mais prevalece nas categorias.
Quantas horas trabalham os motoristas e entregadores de app
A média de trabalho dos motoristas, conforme o levantamento, ficou entre 19 e 27 horas semanais nos aplicativos, enquanto a jornada dos entregadores oscila entre 9 e 13 horas semanais.
Ambos os casos apresentam variação considerando o mês e estimativas de tempo de espera entre viagens ou solicitados.
Outro ponto é que, em média, os motoristas atuam cerca de três dias por semana nos aplicativos, mas 42% dizem que suas horas de trabalho variam bastante.
Entre os entregadores, Cebrap e Ecoa apontam que a média é de quatro dias/semana e 45% afirmam que as horas variam bastante.
Para o diretor-executivo da Amobitec, André Porto, os resultados demonstram uma nova realidade nas relações de trabalho na qual os profissionais optam pela flexibilidade e autonomia, ao mesmo tempo em que obtêm ganhos reais na remuneração.
Perfil dos trabalhadores
Dados ainda sugerem uma mudança no perfil dos motoristas que acessam o trabalho por aplicativos, indicando uma menor dependência desse setor como alternativa ao desemprego e um aumento de sua relevância como fonte complementar de renda.
Para a pesquisa, o crescimento de motoristas que mantêm outra atividade remunerada enquanto atuam nos apps (de 37% para 42%) reforça a ideia de que essa modalidade tem se consolidado como componente estratégico da renda.
No caso dos entregadores, 75% afirmam que querem continuar atuando com os aplicativos. Além disso, o trabalho por aplicativos é a única atividade remunerada para 54%, um pequeno aumento em relação a 2022, quando era 52%.
Contribuição de motoristas e entregadores para a previdência
De acordo com o estudo, 53% dos motoristas e 57% dos entregadores estão cobertos pela Previdência Social.
Alguns contribuem como empregados formais em outro trabalho (21% e 27%, respectivamente) ou pelo regime MEI (ambos 27%).
A Amobitec se pronuncia acrescentando que defende publicamente, desde 2022, a partir da Carta de Princípios, uma regulamentação do trabalho intermediado por aplicativos que promova a inclusão dos trabalhadores no sistema oficial de previdência social, mantendo-se as características dos modelos de negócios das plataformas de tecnologia.
Avaliação sobre vínculo empregatício
Demandado pelas empresas, a Ecoa frisa que avaliou os impactos econômicos no caso de eventual decisão que altere a natureza jurídica da atividade, determinando vínculo empregatício de entregadores e motoristas com aplicativos em todo o Brasil.
“O resultado seria um aumento de custo das empresas e da carga tributária, o que elevaria o preço médio das viagens para o consumidor em 34%, e das entregas em 26%.”
Conforme a consultoria, a elevação dos valores levaria a uma redução estimada na demanda por serviços de transporte de pessoas da ordem de 31% e de 43% nas solicitações de entregas.
Aponta ainda que o impacto para os profissionais seria de uma queda dos postos ocupacionais, podendo chegar a 52% para motoristas e 82% para entregadores, com potencial redução dos ganhos líquidos em pelo menos 10%.
Diante dos resultados, o diretor-executivo da Amobitec diz que a associação defende a regulamentação do setor para oferecer maior proteção social para os profissionais, assim como segurança jurídica para as empresas.
“Consideramos que qualquer iniciativa deve ser avaliada com cautela, observando as particularidades do modelo de negócio e os benefícios econômicos e sociais gerados pela tecnologia”, afirma Porto.
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