Grendene lucra R$ 256,5 milhões no quarto trimestre de 2023

O lucro da dona das marcas Melissa e Ipanema cresceu 22,7% no período, mas receita e volume caíram

Com fábricas no Ceará, a companhia de calçados Grendene – dona de marcas como Melissa e Ipanema – divulgou um lucro líquido recorrente de R$ 256,3 milhões no quarto trimestre de 2023, com um crescimento anual de 22,7%. No entanto, a receita e o volume da empresa registraram recuo no ano a ano, em meio a desafios no mercado externo especialmente.

A receita bruta caiu 1,5% no comparativo anual, indo de R$ 938 milhões para R$ 924,3 milhões entre outubro e dezembro do ano passado. Já a receita líquida teve uma queda anual menor, de 0,4%, de R$ 763,7 milhões para R$ 760,8 milhões; enquanto o volume total foi de 42,5 milhões de pares no período, com recuo de 2,4% em relação ao ano anterior.

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As margens, por outro lado, subiram no balanço do quarto trimestre apresentado nesta quinta-feira, 29. Um dos principais indicadores do mercado financeiro, a margem EBITDA (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) avançou 2,6 pontos percentuais (p.p.) no ano a ano, ficando em 22,1%. Antes, em 19,5%.

Em entrevista ao O POVO, o diretor financeiro e de relações com investidores da organização, Alceu Albuquerque, citou o cenário de juros elevados no Brasil, o endividamento da população, condições restritivas de crédito e dificuldades no mercado de trabalho como fatores que impactaram o consumo das pessoas em 2023.

O especialista detalhou, ainda, que as maiores margens de lucro da empresa são advindas do mercado externo, o qual afetou indicadores do resultado no fim do ano passado, como a receita e o volume. “Foi um ano difícil para as exportações, não só para as exportações da Grendene, mas para as exportações do setor de calçados como um todo.”

“A população dos países desenvolvidos, majoritariamente localizados no Hemisfério Norte, não está acostumada a trabalhar com inflação alta, com juros altos e isso acaba impactando os hábitos de consumo dessa população, que acaba reduzindo o consumo de itens não essenciais ou buscando produtos mais acessíveis”, acrescentou Albuquerque.

O POVO entrevistou o diretor financeiro e de relações com investidores da Grendene, Alceu Albuquerque.(Foto: Acervo/Alceu Albuquerque/Grendene)
Foto: Acervo/Alceu Albuquerque/Grendene O POVO entrevistou o diretor financeiro e de relações com investidores da Grendene, Alceu Albuquerque.

Além de crises políticas e econômicas enfrentadas por alguns países, as exportações sofreram com efeitos climáticos na visão de Albuquerque. “O advento do El Niño (fenômeno de aquecimento anormal das águas do Oceano Pacífico), com chuvas acima da média, acaba impactando o consumo. (...) As pessoas compram menos produtos abertos, que é o caso dos nossos. Isso reduz o volume de pedidos de reposição dos varejistas e distribuidores.”

Já o segmento de e-commerce no balanço, que é responsável pelas compras feitas de forma virtual, foi um dos pontos destacados pelo diretor. “No quarto trimestre, as vendas (do e-commerce) cresceram 42% em relação ao quarto trimestre de 2022, com um crescimento de margem muito forte. Isso por conta de um menor volume de produtos vendidos com desconto.”

Para 2024, a Grendene prevê um cenário positivo, apoiado pelo ciclo de flexibilização da taxa básica de juros do Brasil, denominada Taxa Selic, em 11,25% ao ano atualmente. “Ainda sabendo que as condições não são as ideais, mas parecem que estão aparecendo as condições para esse ambiente mais positivo”, informou Alceu Albuquerque.

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