Setor de telecom eleva o tom contra usina de dessalinização na Praia do Futuro

Projeto é apontado como perigoso para cabos submarinos de internet. Cagece e Consórcio responsável pelo projeto negam riscos e citam obras anteriores na região

O vice-presidente de Relações Institucionais da Claro, Fábio Andrade, disse nesta segunda-feira, 25, em Fortaleza, que o projeto de construção de uma usina de dessalinização na Praia do Futuro pode ‘parar a internet’ no Brasil. A declaração polêmica foi dada em evento promovido pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e pela Telcomp para debater a importância dos cabos submarinos de fibra óptica.

O imbróglio entre empresas de telecom e o consórcio responsável pelo projeto de dessalinização de água do mar se arrasta, pelo menos, desde o ano passado, justamente porque a Praia do Futuro é ponto de chegada de 17 desses cabos submarinos, fazendo da capital cearense o principal hub de conexão digital do Brasil e um dos três maiores do mundo. A SPE Águas de Fortaleza e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) são parceiras na construção da usina.

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“Isso aí vai acabar com a internet e se isso ocorrer o Brasil vai parar, o sistema financeiro, o sistema de saúde, etc. Porque em três locais que têm a sobreposição dos cabos com a usina pode haver uma queda na internet e como foi dito (por palestrante que citou o tempo necessário para fazer manutenção em um cabo danificado no Rio de Janeiro), vai ser no mínimo 50 dias para arrumar”, disparou Andrade, ao criticar a terceira versão do projeto da usina de dessalinização.

Na primeira versão do projeto, foi constatada, após análise da carta náutica da região, uma sobreposição de cabos com pontos de captação e dispersão de água marítima. A segunda deslocou esses dois pontos em cerca de 40 metros, mas foi contestada pela Anatel. A versão atual do projeto prevê um afastamento maior, de 500 metros, já no limite entre a Praia do Futuro e o bairro Vicente Pinzon. Contudo, nas três plantas foi mantida a posição da usina propriamente dita, o que está sendo contestado agora pelas empresas do setor de telecomunicações.

Para o presidente da Cagece, Neuri Freitas, o temor de apagão digital é “totalmente descabido” e sem embasamento técnico. “Não tem nem estudos para justificar isso, principalmente, porque nós já estamos no continente há décadas antes deles, com rede de água e esgoto cruzando ali a praia do Futuro. Nós temos rede de drenagem. Para se ter uma ideia, a Marquise (uma das empresas que compõem o consórcio) fez toda pavimentação e drenagem da (Avenida) Dioguinho e os cabos de fibra ótica já estavam lá e não teve nenhum problema”, argumentou.

Já o diretor presidente da SPE Águas de Fortaleza, Renan Carvalho, destacou que a escolha do local de instalação da usina obedeceu a estudos aprofundados. “Além disso, esse assunto foi fruto de audiências públicas e teve ampla divulgação da imprensa. A SPE venceu a licitação para construir a usina ali. Nós temos no programa, entre os parceiros, uma dessalinizadora de Israel, e ela sabe o que está sendo discutido sobre segurança das instalações”, ressaltou.

Também presente ao evento, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho, disse que a Pasta vai dialogar com as partes envolvidas e com o governador Elmano de Freitas (PT). “Nós vamos conversar com as entidades que operam os cabos, com a Anatel, com a Superintendência do Patrimônio da União, com a Marinha, com a Cagece, discutindo para que a gente possa avançar com segurança na implantação da usina, preservando os cabos submarinos”.

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