Alta no preço de energia pode reduzir PIB em R$ 22,4 bilhões até 2022, diz CNI

O estudo divulgado nesta quarta-feira, 3, pela Confederação da Indústria (CNI) estima que a crise do sistema elétrico pode levar à perda de 166 mil empregos em 2021

O aumento no preço da energia elétrica resultará em uma queda de R$ 8,2 bilhões no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, neste ano, em comparação com o que ocorreria sem a crise energética. É o que mostra o estudo “Impacto econômico do aumento no preço da energia elétrica”, divulgado nesta quarta-feira, dia 3, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Para 2022, a previsão é de perda de R$ 14,2 bilhões

De acordo com a CNI, neste ano, o consumo das famílias se reduzirá em R$ 7 bilhões, as exportações terão perdas equivalentes a R$ 2,9 bilhões, e o impacto no emprego será de menos 166 mil postos de trabalho.

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Segundo o estudo, em 2021, o PIB industrial, que inclui indústrias extrativa e de transformação, serviços industriais de utilidade pública e a construção, deve se reduzir em R$ 2,2 bilhões em comparação ao que seria sem o aumento de custo da energia elétrica. Somente o PIB da indústria de transformação ficará R$ 1,2 bilhão menor neste ano.

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, pontua que, embora a crise hídrica, provocada pelo baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas, seja o principal limitador para a produção de uma energia mais barata, há o peso dos impostos sobre os serviços. Hoje, os 16 encargos, impostos e taxas setoriais incorporados à conta de luz correspondem a 47% do custo total da tarifa de energia.

Ele também destaca que, antes mesmo da crise hídrica, o custo da energia elétrica já era um dos principais entraves ao aumento da competitividade da indústria brasileira. No ranking do estudo Competitividade Brasil 2019-2020, elaborado pela CNI, o Brasil aparece na última posição, entre 18 países, no fator Infraestrutura de energia, devido ao custo elevado da energia elétrica e à baixa qualidade no fornecimento.

“O alto custo dos impostos e dos encargos setoriais e os erros regulatórios tornaram a energia elétrica paga pela indústria uma das mais caras do mundo, o que nos preocupa muito, pois a energia elétrica é um dos principais insumos da indústria brasileira. Essa elevação do custo de geração de energia é repassada aos consumidores, com impactos bastante negativos sobre a economia”, explica Robson Braga de Andrade.

Mais riscos em 2022

Os impactos da crise hídrica ainda serão sentidos no próximo ano. Para o próximo ano, o estudo da CNI estima uma perda no PIB industrial de R$ 3,8 bilhões de reais a preços de 2020, em comparação ao que ocorreria sem os efeitos da crise. Já para o PIB da indústria de transformação, o prejuízo é de R$ 1,7 bilhão.

O impacto sobre o emprego é uma perda de cerca de 290 mil empregos em relação à quantidade de pessoas ocupadas entre abril e junho de 2021. O consumo das famílias se reduzirá em R$ 12,1 bilhões. O impacto na inflação é de mais 0,41%. As exportações devem cair aproximadamente R$ 5,2 bilhões.

A economista da CNI e autora do estudo, Maria Carolina Marques, explica que o aumento no preço da energia elétrica não afeta todos os consumidores da mesma maneira. E o resultado setorial depende de três fatores: variação de preços, intensidade no consumo de energia e se os produtos fabricados pelo setor são comercializados internacionalmente.

Desta forma, os setores industriais mais impactados pelo aumento de energia são: energia elétrica, gás natural e outras utilidades; metalurgia; fabricação de peças e acessórios para veículos automotores; produção de ferro gusa, ferroligas, siderurgia e tubos de aço; fabricação de produtos de madeira; mineração; têxteis; celulose e papel. 

“O primeiro efeito sobre os custos é direto, via gastos adicionais para manutenção da sua própria atividade. De modo indireto, as empresas veem o aumento do preço dos insumos no mercado local, com o repasse do aumento no custo com energia pelas cadeias produtivas. Com o aumento no preço dos insumos domésticos, as empresas os substituem por importados, o que gera impactos negativos para os produtores de insumos nacionais”, explica Maria Carolina.

Os sucessivos aumentos das bandeiras tarifárias em 2021 já somam um reajuste de 127,5% no preço da bandeira neste ano. Segundo a economista da CNI, como as bandeiras representam apenas uma parcela da conta de energia, o percentual de aumento na conta total é menor. Dessa forma, o aumento total de 127,5% na bandeira tarifária deve se refletir em um aumento de 16,87% na conta de luz das famílias em relação ao valor inicial da bandeira vermelha patamar 2. 

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