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Queda do PIB no trimestre é equivalente à grande recessão brasileira, alerta economista

Brasil atravessou sua mais longa recessão entre o segundo semestre e 2014 e 2016, com 33 meses consecutivos
15:44 | Set. 01, 2020
Autor Rubens Rodrigues
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Rubens Rodrigues Repórter do OPOVO
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Tipo Notícia

A queda do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 9,7% no segundo trimestre de 2020, frente ao primeiro trimestre deste ano, acende um alerta. País entrou em recessão no primeiro trimestre deste ano que se estendeu e registrou queda ainda mais intensa no segundo semestre. A queda em relação ao mesmo período de 2019 foi de 11,4%. Ambas as taxas são consideradas as reduções mais intensas da série histórica, que começou em 1996.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado dos quatro trimestres terminados em junho, houve queda de 2,2% em relação aos quatro trimestres imediatamente anteriores.

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O professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Lauro Chaves Neto, lembra que o Brasil atravessou sua mais longa recessão entre o segundo semestre e 2014 e 2016, com 33 meses consecutivos. No período, a atividade econômica diminuiu 8,6% e durou ainda mais tempo que a recessão entre os anos 1989 e 1992, que durou 30 meses.

"Estamos falando agora de uma queda abrupta, que aconteceu em três, quatro meses em decorrência da pandemia e do isolamento social, que paralisou as atividades produtivas", afirma. As maiores quedas foram em Indústrias de transformação (-20%), Transporte, armazenagem e correio (-20,8%) e Outras atividades de serviços (-23,6%). "Porém, o dado mais importante quando olhamos em relação ao futuro é que a taxa de investimento caiu para apenas 15% do PIB. É a taxa de investimento que determina o crescimento da economia", pontua.

Taxa de investimentos

Há, portanto, ações necessárias para que o crescimento da taxa de investimento seja retomado. "A taxa de investimento precisa ficar acima de 20% do PIB. Se possível, próximo a 25% do PIB durante cinco anos seguidos para que o Brasil retome o ciclo de melhoria e qualidade de vida das pessoas", explica Lauro Chaves, que também é conselheiro do Conselho Federal de Economia (Cofecon).

"Você só aumenta taxa de investimentos incentivando o investimento privado e retomando o investimento público. Este ano vamos ter um déficit público de algo entre R$ 800 bi a R$ 900 bilhões, um fator limitante para os investimentos públicos nos próximos anos".

Ele cita ainda a recuperação de demanda para a retomada de investimentos privados. Levando em consideração que a demanda interna está comprimida devido ao desemprego, e que a demanda externa pode ser afetada por medidas adotadas por outros países em ação de retomada da economia.

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Auxílio emergencial

O economista e consultor de empresas Lima Matos destaca que a fase é complexa para a economia mundial, não só no Brasil. Ele considera "natural" a queda na atividade econômica, já que a pandemia de Covid-19 forçou as pessoas a parar. "Embora seja significativa, ainda não é uma queda preocupante porque foi uma pandemia que pegou o mundo inteiro. Deixamos de vender mais, mas a agricultura brasileira teve superavit", indica. Enquanto o PIB caiu 5,9% em todo o primeiro semestre deste ano,o desempenho da Agropecuária foi positivo, com 1,6%.

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Ele classifica de forma positiva o auxílio emergencial, benefício de R$ 600 liberado pelo Governo Federal para minimizar os danos na economia. "O valor de consumo dos mais pobres cresceu. Sem o auxílio, seria uma verdadeira tragédia. Os mais pobres teriam ido paras ruas e quem vive no Interior teria vindo para a Capital", afirma. "Não que as pessoas estejam bem, mas estamos entrando na normalidade".

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