Participamos do

O tombo na economia: com queda de 9,7% no trimestre, Brasil entra em recessão técnica

O segundo trimestre de 2020 já reflete os efeitos do coronavírus e a economia brasileira registrou queda recorde de 9,7% em comparação com o primeiro trimestre de 2020. Em relação ao segundo trimestre de 2019, o recuo é ainda maior, de 11,4%
15:13 | Set. 01, 2020
Autor O POVO
Foto do autor
O POVO Autor
Ver perfil do autor
Tipo Notícia

Se o ano de 2020 já havia iniciado com um primeiro trimestre em que a atividade econômica foi abaixo da esperada, no segundo trimestre, devido às medidas de isolamento social, em muitos locais com lockdown, os números são dramáticos. O cenário, no entanto, permite esperar que a recessão seja mais curta do que 2014-2016, porém mais intensa, com o maior tombo da série histórica.

O segundo trimestre de 2020 já reflete os efeitos do coronavírus e a economia brasileira registrou queda recorde de 9,7% em comparação com o primeiro trimestre de 2020. Em relação ao segundo trimestre de 2019, o recuo é ainda maior, de 11,4%.

Ambas as taxas registraram as quedas mais intensas da série, iniciada em 1996. Retornamos ao nível equivalente ao do final de 2009, quando havia o impacto da crise global de 2008. A retração da economia é consequência das quedas de 12,3% na indústria e de 9,7% nos serviços. Somados, indústria e serviços representam 95% do PIB nacional. Vale lembrar que a agropecuária cresceu 0,4%, influenciada pelos resultados positivos de soja e café.

Seja assinante O POVO+

Tenha acesso a todos os conteúdos exclusivos, colunistas, acessos ilimitados e descontos em lojas, farmácias e muito mais.

Assine

Entre as atividades industriais, destacam-se as quedas nas Indústrias de Transformação (-17,5%) e na Construção (-5,7%), adicionem-se os resultados negativos em atividades de serviços (-19,8%), Transporte, armazenagem e correio (-19,3%), Comércio (-13,0%), Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (-7,6%), que o quadro está completo.

Pela ótica da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo (-15,4%), a Despesa de Consumo das Famílias (-12,5%) e a Despesa de Consumo do Governo (-8,8%) caíram em relação ao primeiro trimestre. Já as Exportações de Bens e Serviços cresceram 1,8%, enquanto as Importações recuaram 13,2% em relação ao primeiro trimestre de 2020.

Em relação às perspectivas futuras, talvez o mais preocupante indicador seja a taxa de investimento que no segundo trimestre de 2020 foi de 15,0% do PIB, ficando abaixo da observada no mesmo período de 2019 (15,3%), já insuficiente para a retomada do crescimento.

Faz-se necessário que o Brasil retome uma taxa de investimentos acima de 20% do PIB com medidas de políticas de rendas, como por exemplo a Renda Básica, para a promoção do desenvolvimento mais inclusivo, erradicação da pobreza extrema e redução das desigualdades.


Lauro Chaves Neto – conselheiro Federal de Economia, PHD em Desenvolvimento Regional pela Universidade de Barcelona e Professor da Uece

Dúvidas, Críticas e Sugestões? Fale com a gente

Tags

Os cookies nos ajudam a administrar este site. Ao usar nosso site, você concorda com nosso uso de cookies. Política de privacidade

Aceitar